Desafios e oportunidades da contratação internacional: são expectáveis reviravoltas nos próximos tempos
À medida que algumas empresas reduzem as políticas de trabalho a partir de casa, outras continuam a promover cenários flexíveis. Mark Frein, director de operações da Oyster, conversou com a Euronews sobre o trabalho remoto e os benefícios de contratar talentos diversos.
De acordo com um relatório do Flex Index, as políticas de regresso ao escritório a tempo inteiro continuam a ser pouco comuns, com 67% das empresas dos EUA ainda a oferecer trabalho flexível.
Mark Frein, COO da Oyster, falou sobre a importância do trabalho remoto para a contratação diversificada.
Fundada em 2020, a Oyster ajuda empresas de todo o mundo a contratar além-fronteiras, ultrapassando obstáculos legais e logísticos. Estes obstáculos incluem legislação laboral local, impostos e pacotes de despedimento. «Se abrir um escritório nesse país e desenvolver toda a infra-estrutura, pode contratar pessoas directamente», refere Frein.
«Mas a maioria dos nossos clientes são empresas mais pequenas e não querem entrar na complexidade de abrir escritório. Portanto, ajudamos por exemplo uma empresa do Reino Unido a expandir a sua força de trabalho para a Argentina, sem ter de criar uma personalidade jurídica.»
Ampliar a pool de talentos
Ao contratar trabalhadores além-fronteiras, as empresas podem melhorar a diversidade em diversas frentes, proporcionando-lhes potencialmente vantagem competitiva. «Se contratar apenas localmente, estarei limitado pela economia, talento e demografia locais», explica Frein. «Se me tornar global, o mercado de talentos alargará de forma bastante significativa.»
Criar uma força de trabalho representativa de várias nacionalidades, por exemplo, pode proporcionar ideias mais inovadoras, com colaboradores de diferentes origens a oferecer novas perspectivas. Para além de cultivarem forças de trabalho internacionais, as instalações remotas podem aumentar a diversidade em termos de género.
Estudos mostram que políticas de trabalho flexíveis podem permitir às mulheres equilibrar as responsabilidades de cuidados com as exigências profissionais, o que anteriormente as terá levado a abandonar o mercado de trabalho. Estes benefícios, no entanto, são também ponderados em relação aos riscos, já que, trabalhando a partir de casa, pode haver um aumento das exigências familiares durante o horário de trabalho.
Construir uma força de trabalho global, mas fazê-lo bem
A contratação internacional também pode reduzir os custos de mão-de-obra, realça Frein. «Se explorar o mercado de talentos na minha comunidade local, pode ser difícil encontrar pessoas, e consequentemente pode tornar-se dispendioso, já que estou a competir com as empresas locais.»
Contudo, a deslocalização do trabalho acarreta considerações éticas, relacionadas com a legislação laboral e requisitos salariais locais. É padrão oferecer remunerações mais baixas se isso estiver de acordo com as normas do mercado, embora as empresas queiram ver o custo de vida reflectido nos salários.
Proteger o bem-estar dos colaboradores também está relacionado com a cultura da empresa, afirmou Frein. «Se alguém está do outro lado do planeta e não se sente incluído nas operações da empresa, isso pode ser definitivamente uma barreira para a sua experiência profissional.»
Para melhorar o bem-estar dos colaboradores, com efeitos directos na produtividade, defendeu que os gestores devem ser “intencionais e diligentes” relativamente ao tempo disponível para se conectarem.
O futuro da diversidade no local de trabalho
Frein observou que algumas empresas estão a reverter as políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), especialmente nos EUA. Empresas como a Ford, a Jack Daniels e a Harley-Davidson anunciaram uma redução dos seus objectivos, em resposta aos influencers conservadores das redes sociais que ameaçaram boicotes, embora sejam expectáveis mais reviravoltas nos próximos tempos.
Donald Trump, o próximo presidente dos EUA, referiu-se às políticas da DEI como «discriminação ilegal sob o pretexto de equidade». Se as empresas sentirem que esta postura reflecte a opinião pública, poderão estar mais relutantes em defender a diversidade.
De acordo com um inquérito do Pew Research Center no início deste ano, 56% dos adultos norte-americanos empregados disseram que focar-se no aumento do DEI no trabalho era algo positivo. Cerca de 28% responderam de forma ambivalente, enquanto 16% disseram que era má estratégia.
Reconhecendo que as tensões políticas nos EUA são elevadas, Frein garantiu que a diversidade continua a ser importante para os clientes da Oyster. «O que me parece realmente fundamental para o tema é: como é que as pessoas são vistas e ouvidas no trabalho? Nós ainda levamos o tema muito a sério e sei que os nossos clientes também.»