Dídia Gabriel, Celfocus: Assinalar 25 anos a promover «momentos de reflexão e consciencialização sobre hábitos saudáveis»

Ao longo de 25 anos, a Celfocus tem vindo a ajustar a estratégia de well-being consoante as necessidades que vão surgindo. Afinal, tempos diferentes exigem medidas diferentes, e o bem-estar constrói-se através de uma cultura de colaboração e partilha.

 

Por Tânia Reis

 

A celebrar o 25.º aniversário, a Celfocus tem percorrido uma trajectória marcada por marcos estratégicos que moldaram a sua evolução no sector tecnológico. Iniciou actividade em 2000, com um projecto de CRM para a Vodafone Portugal, o que permitiu estabelecer uma ligação sólida ao sector das telecomunicações. «Desde então, crescemos significativamente no talento para responder ao aumento de clientes, diversificação de indústrias e expansão para outras geografias internacionais», recorda Dídia Gabriel, Communication & People Experience director.

Um dos pilares centrais do sucesso de crescimento da tecnológica deveu-se à capacidade de atrair, desenvolver e reter talento qualificado. «Temos vários momentos relevantes a marcar esta nossa jornada, mas, porque vivemos no presente e sempre a olhar para o futuro, destacaria a nossa transição para áreas de inovação como a automação cognitiva, a análise avançada de dados e a transformação digital, com soluções cada vez mais orientadas por inteligência artificial.» Para sustentar essa visão, a empresa tem estabelecido parcerias estratégicas com líderes globais como a AWS, a Google e a Microsoft, reforçando a capacidade de apoiar os clientes na modernização das suas soluções.

Paralelamente à expansão geográfica e ao desenvolvimento tecnológico, a Celfocus cultivou um modelo colaborativo com os clientes, assente na co-criação, na adopção de metodologias ágeis e na partilha de activos que «aceleram a entrega de valor e maximizam o impacto dos projectos». «Estes marcos demonstram a nossa evolução consistente, posicionando-nos hoje como um parceiro estratégico de referência», garante.

 

Dias 25 são dias de festa
Mais do que assinalar a efeméride – até porque o aniversário da Celfocus é uma data celebrada sempre com os colaboradores –, este ano criaram iniciativas mensais para comemorar o dia 25 de cada mês.

As iniciativas têm como objectivo promover o bem-estar físico e mental, mas também social, por um lado «promovendo momentos de reflexão e consciencialização sobre hábitos saudáveis» e, por outro, possibilitando «momentos de convívio e descontracção entre colaboradores». «Simultaneamente, aproveitamos estes momentos para que as pessoas interajam presencialmente nos seus contextos de trabalho, fomentando a colaboração e desenvolvendo relações, factores essenciais para aumentar a sensação de pertença e de confiança», acrescenta Dídia Gabriel.

Uma dessas iniciativas, com carácter contínuo, é a oferta de fruta fresca e bebidas quentes em todos os escritórios. «Quisemos criar algo sustentável, em linha com o nosso programa de Responsabilidade Social e Diversidade e Inclusão – Acting with a Purpose.» Para isso, estabeleceram uma parceria com a Equal Food, organização que combate o desperdício alimentar, dando uma nova oportunidade à fruta que, «apesar de nutritiva, não atende aos padrões estéticos das grandes superfícies comerciais », partilha.

A pensar no relaxamento e no bem-estar físico, proporcionaram «um dia de massagens com terapeutas, uma acção com grande sucesso e que será certamente repetida». Para garantir energia e nutrição nos dias de trabalho presencial, equiparam «os frigoríficos e cozinhas com uma variedade de snacks saudáveis, incluindo iogurtes e barras energéticas». Estas são apenas algumas das acções já concretizadas, mas outras novidades estão a caminho, complementa.

Em vez de optar por grandes eventos que ocorrem com menos frequência, a Communication & People Experience director destaca que o objectivo é gerar um impacto mais contínuo que celebre «os 25 anos de progresso, talento e vivências da Celfocus», enquanto reconhecem e valorizam as suas equipas. E realça que estas iniciativas «têm atraído mais pessoas para o escritório e proporcionado excelentes oportunidades para restabelecer e fortalecer laços».

 

Uma estratégia em constante evolução
Ao longo dos anos, foram adicionando benefícios permanentes que promovem hábitos de bem-estar à experiência dos cerca de 1700 colaboradores, uma vez que surgem novas necessidades. «Durante a pandemia, a saúde mental atingiu níveis críticos, o que nos levou a reforçar a equipa de psicólogos, um apoio gratuito que mantemos até aos dias de hoje», além de «um médico interno, disponível duas vezes por semana para todos», exemplifica Dídia Gabriel. «Tempos diferentes exigem medidas diferentes, por isso é fundamental ouvir e compreender o contexto e o momento que os colaboradores vivem.»

Actualmente, com o regresso das equipas ao escritório, a Celfocus ajustou iniciativas e benefícios mais recorrentes para essa realidade. Nomeadamente, a localização da sede no Parque das Nações, em Lisboa, mais-valia que não foi descurada, já que disponibilizam bicicletas e um balneário, permitindo aos colaboradores «aproveitar a localização para praticar desporto à hora de almoço ou ao final do dia», e a organização de actividades físicas, como torneios anuais de futebol e padel.

Os eventos e as iniciativas de comunicação contínuas ao longo do ano também ocupam um papel relevante na promoção do bem-estar. Este ano, por exemplo, já realizaram discussões internas sobre literacia financeira e mitos nutricionais.

Ao nível das equipas, e de forma distribuída, promovem ocasiões de partilha de conhecimento, celebrações e momentos de team building, que podem «estar ligados às tecnologias ou a projectos em que as pessoas estão a trabalhar, criando conhecimento comum, mas também a rotinas nas equipas de projecto e nas comunidades de expertise». Essas actividades contribuem também para «criar referências internas que inspiram e promovem a excelência».

Entre outros benefícios, «destacam-se três dias de férias adicionais por ano», que permitem desfrutar e relembrar a importância do tempo pessoal, e um seguro de saúde que inclui acesso a terapêuticas não convencionais, «também conhecidas por medicinas alternativas, bem como consultas de nutrição».

Claro que, com equipas globais, «garantir uma experiência semelhante a todos é um desafio», a responsável. Por isso, todas «as iniciativas são medidas através da taxa de adesão e do nível de satisfação (NPS)», permitindo à organização manter um diálogo aberto com os colaboradores e compreender as suas necessidades e preferências, refere.

«O nosso ecossistema é actualmente composto por 18 nacionalidades, espalhadas por todo o mundo, o que significa que a diversidade, a compreensão e o respeito por essas diferenças implicam desenhar iniciativas relevantes e adequadas», faz notar. Para além desta monitorização contínua, ouvem a comunidade anualmente, «através do People Survey, que afere a satisfação em quatro dimensões: Cultura, Liderança, Experiência do colaborador, e Well-being», o que lhes permite actuar nas necessidades identificadas.

Convicta de que o equilíbrio é a chave, Dídia Gabriel revela que o modelo de trabalho híbrido foi implementado em 2021, organizado em dois dias no escritório e três dias em casa. «Continuamos a acreditar que este modelo é benéfico para todos, fomentando um bom equilíbrio entre ganhos pessoais e profissionais.»

Se, por um lado, o trabalho remoto constitui uma mais-valia na conciliação da vida pessoal com a profissional, sublinha que, por outro, contribui para um maior isolamento e pode ter impacto na saúde mental do colaborador.

Defendendo a importância das «relações humanas, da proximidade, da aprendizagem e do sentimento de pertença, que se constroem no contacto com os colegas», considera que o modelo híbrido apresenta a melhor solução: «Permite que cada pessoa organize o seu dia-a-dia com mais autonomia, sem abdicar da ligação à equipa e à cultura da empresa.»

 

Cuidar das lideranças
As lideranças também não são esquecidas. Conscientes do papel exigente que desempenham, a empresa disponibiliza diversos recursos e organiza diferentes iniciativas, com um foco particular na consciencialização e prevenção da saúde-mental de chefias e managers.

«Uma das formas de abordarmos esta preocupação é através da formação, promovendo o awareness e desenvolvimento de competências práticas», salienta, enumerando «formações específicas, como o Environment and Health & Safety Training, que contribuem para um ambiente de trabalho mais seguro e consciente». Do ponto de vista psicológico, disponibilizam formação em Personal Balance and Burnout Prevention, «com o objectivo de equipar as lideranças com ferramentas e estratégias para gerir o seu próprio bem-estar, prevenir o burnout e identificar sinais de alerta nas suas equipas».

Adicionalmente, têm recursos dee-learning que permitem uma maior flexibilidade e acesso a conteúdos relevantes para a gestão do equilíbrio pessoal e emocional no contexto profissional. «Ao integrar estas formações e recursos, pretendemos não só apoiar a saúde mental das nossas lideranças, mas também capacitá-las para criar ambientes de trabalho mais saudáveis e conscientes para as suas equipas.»

A  Communication & People Experience director reitera que toda aestratégia de promoção de well-being da Celfocus tem tido um impacto relevante, nomeadamente na atracção de talento. «As gerações que entram agora no mercado de trabalho estão mais conscientes da importância e do impacto da saúde mental, assim  como do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.» Por isso, está convicta de que as empresas que procuram atrair este talento «devem compreender a importância de ter iniciativas de bem-estar ao longo da jornada do colaborador».

Faz ainda notar que «o bem-estar também se constrói através de uma cultura de colaboração e partilha». As rotinas de comunicação que desenvolvem nas equipas, nos projectos e nas comunidades de expertise «promovem um ambiente de confiança, aprendizagem contínua e reconhecimento mútuo, contribuindo para um sentimento de pertença e valorização».

Para Dídia Gabriel, este tipo de cultura organizacional tem um impacto directo na percepção externa da empresa, «tornando a Celfocus mais atractiva para quem procura não só desafios profissionais, mas também  um ambiente saudável, inspirador e com oportunidades de crescimento colectivo».

No que diz respeito ao engagement dos colaboradores, a retenção dos melhores talentos é fruto de um «compromisso contínuo com uma cultura que proporciona desenvolvimento constante, feedback construtivo e regular, e uma jornada do colaborador impactante».

A aposta em proporcionar uma «experiência enriquecedora, onde cada pessoa se sente reconhecida e desafiada» está a dar frutos, já que têm observado uma evolução positiva, com uma diminuição da rotatividade, «também reflexo do mercado actual». Contudo, o que mais os orgulha «é ver tantas pessoas que fazem parte da história da Celfocus tornarem-se verdadeiras embaixadoras» da sua cultura, partilhando com orgulho a experiência que viveram na empresa e, em muitos casos, escolhendo regressar. «Para nós, esta é a prova mais autêntica de que estamos a deixar um impacto positivo», afirma a responsável.

Para o futuro, o objectivo passa por capacitar as pessoas com ferramentas que possam utilizar tanto na sua vida profissional como pessoal. «Acreditamos que o bem-estar passa por um crescimento de carreira estável e saudável com feedback, formação e desafio contínuo, mas também por garantir que cada pessoa tem tempo e energia para dedicar à sua vida pessoal, à sua família e aos seus interesses.» Assim, até ao final do ano, a Celfocus pretende manter a estratégia de eventos recorrentes, focados em diferentes dimensões do bem-estar físico, emocional e social, reavaliando as necessidades das suas pessoas e da organização, ajustando as iniciativas «para que continuem a fazer sentido e a ter impacto. O well-being é um compromisso contínuo – e queremos que acompanhe a evolução de quem somos», conclui.

Este artigo foi publicado na edição de Maio (nº. 173) da Human Resources, nas bancas.

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