Digital Learning. Qual o futuro da sua integração nas empresas?

A formação em formato digital teve indubitavelmente um período de ascensão durante a pandemia. Assistimos, agora, a uma fase na qual a maioria das organizações está a procurar perceber em que medida este conceito fará sentido na sua oferta de soluções.

 

Por Filipe Luz, head of Sales Strategy & Team Performance da CEGOC

 

Antes de pensar na solução a implementar, é importante sistematizar as opções existentes. Podemos afirmar que existem três opções de integração da formação digital:

1. Biblioteca de Conteúdos Digitais – um espaço, regra geral, localizado numa plataforma tecnológica, onde cada colaborador pode aceder a uma multiplicidade de conteúdos, facilmente identificáveis com o apoio de um motor de busca, ou simplesmente com recurso ao índice de títulos disponíveis organizados por âmbito de aprendizagem. Regra geral, estes cursos ou percursos de aprendizagem são 100% assíncronos, cada vez mais de curta duração, e privilegiam a multiplicidade de recursos, de forma a tornar o processo de aprendizagem mais estimulante e eficaz.

 

2. Integração de Percursos Digitais na Oferta Formativa – na oferta disponibilizada aos colaboradores, seja através de Academias, Catálogo ou Plano de Formação, são identificadas competências específicas ou populações alvo, cuja solução de formação digital é a que melhor se adapta às respectivas necessidades. Estes percursos podem ser 100% digitais ou híbridos, articulando tanto com classes virtuais como com sessões presenciais. Em organizações de maior dimensão, pode-se, inclusivamente, possibilitar ao colaborador a definição do formato em que pretende realizar a sua formação.

 

3. Formação Síncrona através de Classes Virtuais – essencialmente, por contingências relacionadas com as formas de trabalho ou a dispersão geográfica dos formandos, a formação é transferida para ambiente digital, tendo-se sedimentado de forma relativamente alargada a ideia das sessões de curta duração (que actualmente já podem ir até às quatro horas, o que contraria a ideia de burn out digital que existia anteriormente).

Como na maioria das situações, não há uma melhor solução, antes, aquela que pode ser a mais adequada para determinado contexto. Neste sentido, importa aferir quais os principais benefícios que podemos obter em cada opção.

As Bibliotecas de Conteúdos são óptimas soluções quando temos poucos (ou nenhuns) recursos dedicados à formação, quando nos encontramos perante uma população muito heterogénea em termos de necessidades de desenvolvimento, ou até perante a necessidade de fomentar a autonomia dos colaboradores e dar-lhes a responsabilidade pelos seus planos de desenvolvimento.

Por outro lado, a Integração de Percursos Digitais na oferta formativa já obriga a algum conhecimento sobre as necessidades de desenvolvimento, também quanto à realidade operacional das funções e a uma maturidade técnica no Digital Learning, para poder avaliar quais os métodos pedagógicos que mais se vão adequar às diferentes soluções de aprendizagem.

Há uma “curadoria” de conteúdo que se torna essencial para o sucesso das intervenções. Mesmo a transferência de sessões presenciais para virtuais pode ser a alteração tática que uma organização precisa. É necessário fomentar a coesão, o interconhecimento, as relações entre pessoas? A temática não é uma novidade, e ganharemos em ter momentos de partilha colectiva? Ou, por outro lado, existe desalinhamento na população alvo e queremos utilizar a influência social para orientarmos as nossas pessoas? Todas são razões válidas para tomar esta opção e, ainda assim, usufruir dos benefícios da formação em formato digital.

Enquanto nos preparamos para as integrações efectivas dos conceitos de Adaptative Learning, com ou sem recurso a Inteligência Artificial, é importante compreender o contexto actual e tomar as decisões que melhor vão ajudar as pessoas no seu desenvolvimento – e, com elas, as organizações a que pertencem.

Nessa compreensão, não há lugar para os “velhos do Restelo”, com os seus discursos de “a minha população é muito operacional”, “as nossas pessoas não têm literacia digital”, “só a formação presencial é que apresenta resultados reais e palpáveis”. A velocidade da integração da tecnologia nas organizações é muito superior à velocidade com que conseguimos preparar as pessoas. Assim, será que nos podemos dar ao luxo de esperar?

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