Direcções das empresas cumprem as leis e códigos de conduta? Saiba o que dizem os pares

Quase metade (49%) dos colaboradores e membros da direcção acredita que os padrões de integridade nas suas organizações melhoraram nos últimos dois anos e que a maioria (90%) está confiante de que os seus colegas cumprem as leis, códigos de conduta e regulamentos do sector relevantes, de acordo com os dados obtidos no Global Integrity Report 2024 da EY.

 

As principais causas apontadas que justificam esta tendência incluem: uma maior orientação por parte da Administração (61%); regulamentação mais rigorosa, pressão por parte das entidades reguladoras e das autoridades responsáveis pela aplicação da lei (48%); exigências por parte dos clientes (37%), do público em geral (33%) e dos acionistas (26%); e pressão por parte dos colaboradores (22%).

O Global Integrity 2024 da EY avaliou, também, as pressões sobre os padrões de integridade. Apesar das melhorias registadas, metade dos inquiridos (50%) admite que é um desafio para as suas organizações manter os padrões de integridade em condições de mercado desafiantes.

Quase um terço (30%) afirma que o actual ambiente macroeconómico representa a maior pressão externa para que os colaboradores violem os padrões de integridade; e mais de um quarto (28%) reconhece que a maior ameaça interna advém do facto de os funcionários não compreenderem as regras de conduta.

Outras pressões externas sobre as condutas que os inquiridos apontam incluem ameaças cibernéticas (26%), crises relacionadas com a saúde (22%), expectativas do desempenho financeiro (22%), perturbações na cadeia de abastecimento (21%) e ameaças geopolíticas (15%). Os factores internos citados vão desde a elevada rotação dos trabalhadores (26%) e a falta de recursos (25%) até à pressão da administração (24%) e à falha dos processos ou controlos financeiros (20%).

O estudo desenvolvido pela EY revela igualmente que mais de dois terços (68%) das violações significativas de normas de compliance e das maiores fraudes são cometidas por terceiros.

Lacunas nas comunicações. O Global Integrity 2024 destaca uma lacuna quando se trata de comunicar a importância de agir com integridade. Mais de metade dos membros dos Conselhos de Administração (56%) e dos quadros superiores (53%) inquiridos afirmam que os líderes destacam frequentemente a importância da conduta ética, mas esta percentagem desce para apenas um terço (33%) no caso dos trabalhadores de níveis inferiores.

O estudo da EY salienta que a percepção generalizada de que os padrões de integridade nas organizações podem variar consoante a posição hierárquica, sendo frequentemente dada maior tolerância aos colaboradores superiores. Quase um terço dos inquiridos (31%) afirma que o comportamento pouco ético é consentido quando os envolvidos são quadros superiores ou de elevado desempenho.

O Global Integrity Report 2024 da EY conclui também que os membros dos Conselhos de Administração têm muito mais probabilidades de terem manifestado preocupações sobre uma potencial conduta incorrecta que não comunicaram através de um canal de denúncia (43% em comparação com 19% dos membros mais juniores da organização).

O estudo sugere que as organizações precisam de fazer mais para criar uma cultura de denúncia segura para os colaboradores que identificam irregularidades. Embora o número de organizações que não dispõem de uma linha direta para denúncias tenha diminuído para metade desde 2022, mais de metade dos inquiridos (54%) que utilizaram uma linha directa afirmam ter sofrido pressões para não o fazer.

Os líderes de topo também tendem a sobrestimar os progressos que fizeram para criar uma cultura positiva de denúncia nas suas empresas. Enquanto 40% dos membros do conselho de administração inquiridos afirmam que se tornou mais fácil para os colaboradores comunicarem as suas preocupações, apenas 26% dos colaboradores inquiridos concordam.

Do mesmo modo, 33% dos membros do conselho de administração inquiridos acreditam que os denunciantes dentro das suas organizações têm agora mais protecção, em comparação com apenas 14% dos colaboradores.

O estudo realizado pela EY foi respondido através de entrevistas realizadas a 5.464 colaboradores e membros da direcção em 53 países e territórios.

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