Diversidade e representação: a sobrevivência das marcas (e das empresas) depende disso. Já não há espaço para ignorar

As marcas que se preocupam com valores relacionados com equidade, diversidade e inclusão e procuram comunicá-los de maneira positiva devem fazê-lo sempre de forma muito consciente e genuína. Já não se pode falar de sustentabilidade das organizações sem abordar  temas sociais e a dimensão humana.

Por Rita Oliveira, CEO da Shift

 

O mais recente relatório sobre os riscos globais do World Economic Forum destaca um dos maiores desafios para as empresas nos próximos anos: a erosão da coesão social e a polarização da sociedade, sublinhando que se vai assistir a um aumento cada vez maior do conflito entre os ideais de equidade e posições extremadas em temas como a imigração, género, etnia, entre outros.

Pode-se dizer que em Portugal começa-se agora a sentir algumas movimentações desses fenómenos, principalmente após as últimas eleições legislativas.

A diversidade, equidade e inclusão são uma questão cultural. Por isso, é importante ter consciência de que estas transformações nas organizações são sensíveis, porque tocam em questões profundamente pessoais e subjectivas, ao contrário de questões como a digitalização da empresa ou a sustentabilidade ambiental, por exemplo.

O desafio é grande, mas as empresas e marcas onde a diversidade e inclusão são uma realidade têm, em média, um melhor desempenho financeiro e são potencialmente mais inovadoras. As suas equipas mostram-se mais capazes de antecipar mudanças nas necessidades dos consumidores, conseguem construir de forma mais eficaz relações duradouras entre as marcas e os consumidores e são um factor importante para a atracção e retenção de talento.

As marcas começam a não ter espaço para se alienar de questões como identidade de género, orientação sexual, etnia, religião, credo, território de origem, cultura, língua, nacionalidade, naturalidade, ascendência, idade, orientação política, ideológica ou social, estado civil, situação familiar, situação económica, estado de saúde, deficiência. Muitas marcas globais como Gucci, LV, Levi’s e Urban Outfitters, por exemplo, já adoptam uma postura activamente neutra em termos de género e continuam comprometidas com a diversidade, equidade e inclusão.

Quem gere uma marca tem de ter bem presente que a maneira como uma marca se posiciona e comunica pode perpetuar estereótipos. Os contextos e os valores sociais dos consumidores influenciam as decisões das marcas. Os consumidores mais jovens prestam mais atenção à publicidade inclusiva quando tomam decisões de compra.

As marcas sabem que a sua sobrevivência depende da sua capacidade de se adaptarem às mudanças. O desafio é manter a voz e as mensagens coerentes enquanto fazem isso.

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