Dos perfis mais procurados aos salários, são estas as tendências para 2024 (em 16 sectores)

A empresa de recrutamento Michael Page lançou o estudo anual sobre as principais tendências do mercado de trabalho para 2024 para quadros executivos em empresas de grande dimensão. Nos vários sectores, é perceptível a importância da digitalização, da flexibilidade e novos modelos de trabalho, a par do aumento da profissionalização e surgimento de novas funções, mantendo-se a disputa pelo talento em áreas distintas como IT e Tax & Legal. Dos perfis mais procurados aos salários, conheça as tendências em 16 sectores.

 

1. Banking: A digitalização e a inovação destacam o sector, com um aumento de novas Fintech’s na área de meios de pagamento e entrada de novas instituições financeiras internacionais que abriram operações em Lisboa e Porto, e impulsionaram a procura de perfis de controlo interno, marketing e sales, orientados para o mundo digital. Globalmente, o sector regista um grande foco na transformação digital, assim como uma orientação cada vez maior ao cliente numa óptica de venda consultiva, procurando apresentar uma oferta de produtos e serviços tailor made.

Neste sector, as novas gerações valorizam o crescimento profissional, procuram projectos ligados à sustentabilidade, mas também o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, havendo um maior interesse em modelos de trabalho remoto ou híbrido.

Como exemplo de tendência salarial, para a função de Corporate Finance a remuneração pode situar-se entre 25 mil a 90 mil euros, e um analista de risco até 46 mil euros, enquanto um responsável Financeiro pode ter a remuneração máxima de 70 mil euros e a função de Marketing team leader até 60 mil euros. A nível salarial, observa-se estabilidade relativamente a 2023, com um crescimento dos benefícios sociais para atrair e reter o talento.

 

2. Construção: O ano de 2023 foi extremamente dinâmico nos sectores da construção e imobiliário, com vários projectos a passarem para fase de execução e observando-se um aumento nos salários. A entrada em Portugal de novos players de mercado que continuam a investir no sector imobiliário, impulsionou também o sector.

Este dinamismo no mercado tem acentuado de forma muito significativa a falta de recursos humanos, principalmente nas funções ligadas a obra, com elevada procura em funções como directores de obra, encarregados, orçamentistas e preparadores de obra. Num futuro próximo terá de se repensar este sector, na medida em que começa a ficar muito difícil para as empresas terem no mercado mão de obra disponível para os seus projectos.

A remuneração para 2024 pode incluir desde o valor máximo de 110 mil euros para a função de director-geral a 3200 euros como base para um engenheiro fiscal.

 

3. Customer Service: Em Portugal este mercado continua a crescer todos os anos e 2023 não foi diferente. Estima-se que mais de metade dos call centers localizados em Portugal estejam a trabalhar para outros países.

Os salários para serviços do mercado português estagnaram em 2023, contrariamente ao espectável, visto que aumentaram as qualificações dos colaboradores e aumentou o turnover. No entanto, esta realidade apenas se aplica aos serviços de outsourcing. Para as empresas que têm o serviço de apoio a cliente inhouse, esta profissão continuou a ser valorizada e os salários subiram de forma a acompanhar o aumento da inflação.

Já no mercado do atendimento bilingue, a escassez de talento levou a que estes mercados continuassem a sua tendência com os salários a subir. Por outro lado, este sector consegue absorver uma grande parte da mão-de-obra estrangeira no nosso país já que não existe no mercado o número de colaboradores necessários para dar resposta a estas necessidades.

Como referência, nas empresas de grande dimensão e multinacionais, um Customer Service specialist pode ganhar até 21 mil euros por ano, um operador de Backoffice (Países Nórdicos), até 42 mil euros e para a função de Contact Center manager, o plafond máximo pode ir até aos 80 mil euros.

 

4. Engineering & Manufacturing: Em termos globais foi um ano positivo, embora o sector industrial tenha passado por diferentes fases durante o ano de 2023, desde um início auspicioso até uma

certa retração no último trimestre, devido ao aumento das matérias-primas. Indústrias core como a automóvel e alimentar, foram condicionadas pelos efeitos da guerra na Ucrânia, que trouxe um aumento exponencial de custos para as empresas, principalmente a nível energético, e com impacto nas políticas salariais e de recursos humanos das empresas. Para os próximos meses, prevê-se que se mantenha o equilíbrio no mercado de trabalho e nas oportunidades de emprego.

Entre as funções mais recrutadas, destacam-se os Plant managers, director Industrial, responsável de manutenção, director de compras, responsável de produção, responsável de qualidade, ambiente e segurança e perfis de Engenharia.

A par do salário e estabilidade contratual, os candidatos procuram benefícios como flexibilidade, e preferência para o trabalho remoto. A nível técnico, observa-se maior interesse por projectos de dimensão internacional e preferência por ambientes optimizados e automatizados, assentes nos novos conceitos de “fábrica limpa”, indústria 4.0 e LEAN Manufacturing.

A acompanhar esta tendência, observa-se uma procura nos perfis relacionados com Energia & Renováveis, como por exemplo, project manager (Solar, Eólico e Hidrogénio), Site manager, construction manager, maintainance engineer ou structural engineer, entre outras funções. Nesta área, os valores do CEO podem variar entre os 120 mil a 210 mil euros, tanto em Lisboa como no Porto. Logo abaixo, situa-se o COO que pode auferir entre 100 mil a 150 mil na mesma região, ambas como os valores máximos da tabela salarial das várias funções desta área.

Os níveis salariais em áreas técnicas de engenharia têm vindo a crescer nos últimos anos, com aumentos de 20% nos últimos dois anos em áreas como a automação e robótica, gestão de projectos, manutenção, engenharia de campo e logística. Como indicação, na indústria, na zona de Lisboa, um director-geral pode auferir entre 110 a 170 mil euros, e um director de operações até 92 mil euros.

 

5. Finance: A perspectiva geral do sector financeiro tem vindo a mudar ao longo do tempo mediante mudanças políticas, flutuações dos mercados financeiros, eventos económicos/sociais, entre outros factores. Por esse motivo, a procura de perfis com grande enfoque em contabilidade e controlo de gestão, aumentou significativamente no último ano, tendo em conta as reorganizações dos departamentos, automatizações de processos e internalização de procedimentos.

Ao mesmo tempo, têm surgido novas funções que resultam da inovação e de uma procura constante de informação financeira com a maior segurança possível. No que respeita às PME’s, assiste-se a uma tendência de profissionalização e desenvolvimento das equipas, bem como captação de novos perfis para processos de digitalização, sustentabilidade e controlo. De igual modo, as multinacionais e empresas de grande dimensão valorizam as funções financeiras para efeitos de suporte à tomada de decisão estratégica, criando cada vez mais especializações internas adaptadas a cada colaborador.

Na procura do talento, as skills comportamentais e sociais dos candidatos têm ganho importância ao invés do total foco na componente técnica. O mercado de trabalho neste setor inverteu-se e, atualmente, são os candidatos que procuram empresas que valorizem as suas soft skills e promovam o desenvolvimento das hard skills através de diferentes ferramentas inovadoras.

Além disso, valorizam igualmente empresas que acompanhem as tendências de mercado e que tecnologicamente estejam na linha da frente das melhores e mais recentes práticas. É igualmente valorizada a flexibilidade de horário e uma maior autonomia e responsabilização da função, fatores decisivos no momento de decisão de mudança profissional.

No top 10 das funções mais procuradas, encontram-se controller, auditor, contabilista certificado, director e responsável financeiro, entre outras. Os tectos salariais destas funções incluem para o director Financeiro até 120 mil euros enquanto o responsável financeiro aufere até 70 mil euros e para a função de controller Financeiro até 49 mil euros. A função de contabilista certificado tem o tecto máximo de 56 mil euros.

 

6. Healthcare & Life Sciences: Em 2023, este foi um dos sectores mais dinâmicos. Ao contrário de anos anteriores, as áreas mais técnicas foram as que apresentaram maior crescimento, nomeadamente: Qualidade, Assuntos Regulamentares e direcção Técnica (QP’s). Na área comercial, destacaram-se as posições de Desenvolvimento de Negócio Internacional, tanto ao nível de especialistas como de management (com maior destaque na área do Canábis Medicinal), assim como key account managers transversalmente aos vários subsectores (no entanto, com maior procura pela área de Consumer Healthcare).

Na área do marketing, tem existido um enorme investimento na maior qualificação destes profissionais, destacando-se a aposta em competências de Marketing Digital e Ecommerce. Por fim, na área de medical, apesar de um menor crescimento, mantém-se a procura e dinâmica inerente ao sector.

Competências qualificadas na área das ciências da saúde, gestão e marketing continuam a ser uma mais-valia para este sector, que procura candidatos que reúnam competências técnicas e comportamentais. Entre as funções mais procuradas encontram-se, delegado de Canal Farmácia, Quality Control manager, digital Marketing manager e Medical manager.

Em termos salariais, tem-se registado um aumento, nomeadamente em perfis globais e ligados à estratégia e desenvolvimento do negócio, e valorização de benefícios como o Seguro de saúde, viatura, ginásio, plano de poupança reforma ou teletrabalho. No topo da tabela de remuneração, o perfil de Business Unit manager/director pode auferir até 150 mil euros, Sales & Marketing manager 90 mil euros e Sales manager 77 mil euros.

 

7. Hospitality & Leisure: O ano de 2023 foi, sem dúvida, a consolidação da retoma já observada em 2022, em que o setor contribuiu com milhões de euros para a economia no país, seja através do investimento captado, ou do consumo proveniente do turismo que, em termos de recrutamento, se concretizou numa elevada procura dos mais distintos profissionais da área. Observou-se um claro crescimento na procura de perfis de direcção nas mais diversas áreas, F&B, alojamento, comercial, contudo a grande dificuldade continua a prender-se com a procura de perfis mais operacionais, nomeadamente na área de cozinha e áreas de F&B.

Para este tipo de funções, o sector ainda não se torna atractivo pelos salários pouco competitivos e as condições inerentes à área (turnos, trabalho ao fim de semana, entre outros). Numa altura em que o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional ganha maior relevo, recrutar para esta tipologia de funções torna-se uma tarefa ainda mais exigente. O ano de 2023 foi também marcado pelo desenvolvimento de novas estratégias, tais como melhorias das condições salariais e implementação de programas de desenvolvimento de competências para reter talento.

Face a este contexto, o sector de hotelaria e turismo demonstra ser uma área com um enorme potencial para próximos os anos. Como referência salarial, um director-geral de Operações pode auferir até 112 mil euros na zona do Porto e um director de hotel até 90 mil euros, na zona de Lisboa.

 

8. Information Technology: A tendência de crescimento no mercado de IT mantém-se e o desequilíbrio entre a procura e a oferta é cada vez mais evidente. Observou-se, contudo, um aumento na procura de profissionais, não só com competências tecnológicas especializadas, mas também com conhecimento mais específico das áreas de negócio associadas. A constante transformação digital traduz-se no aumento da procura de perfis especializados, principalmente nas áreas de Cyber Segurança, IoT, Cloud, CRM, ERP, Machine Learning e Big Data. A liderança, a empatia, capacidade comunicativa e a capacidade de resolução de problemas são algumas das competências cada vez mais valorizadas neste setor.

O salário, a flexibilidade de trabalho remoto, o ambiente tecnológico, a natureza dos projectos ou as responsabilidades da função são elementos relevantes no processo de tomada de decisão, assim como os benefícios associados. Como referência, um Chief Information Officer (CIO) pode auferir anualmente entre 80 mil euros a 120 mil euros e um Chief Tecnology Officer (CTO) até 140 mil euros.

 

9. Insurance: No decorrer de 2023, manteve-se a tendência da procura por profissionais na área financeira, nomeadamente com skills ao nível de IFRS17, risco e planeamento e controlo de gestão. Com a entrada em vigor desta norma em janeiro de 2023, comprovou-se o reforço das áreas de consolidação. Transformação e Inovação foi também área de destaque com a contratação de perfis de PMO. Neste sector, observou-se particular crescimento nas funções de PMO Estratégico, responsável de Gestão de contas/clientes e nas áreas de Marketing, sobretudo canal digital e CX.

Ao nível de áreas técnicas, mantem-se a tendência em área de Risco, Data Analytics e Subscrição e, nas áreas de negócio, constatou-se o reforço das áreas comerciais com particular destaque e investimento nas áreas de Employee Benefits.

A flexibilidade continua a ser um factor importante no recrutamento, e registou-se ainda um aumento generalizado dos pacotes salariais para todas as funções, com remunerações para funções técnicas como a de gestor de Sinistros a partir de 16 800 euros (na zona do Porto) até 68,000 para o actuário sénior na zona de Lisboa. Nas funções de negócio, um director Comercial Brookers pode auferir até 120 mil euros, na zona de Lisboa.

 

10. Logística: Em 2023, observou-se um forte aumento na procura de perfis de Logística e Supply Chain principalmente em setores industriais, retalho e construção, num mercado onde se verifica cada vez mais escassez de profissionais. Os perfis mais procurados são essencialmente de middle management, onde se destacam as funções de Customer Service, supervisor de Logística, responsável de operações ou comprador sénior.

Também as posições de Top Management cresceram em procura, nomeadamente: director de Operações, director de Logística, director de Supply Chain e director de Compras.

De forma semelhante a outros setores funcionais, a atracção do talento neste mercado de trabalho exige diferenciação por parte das empresas e aposta numa forte cultura empresarial que contemple um plano de progressão de carreira bem definido e um pacote de fringe benefits diversificado (ginásio, seguro de saúde, fundo de pensões, entre outros), além de considerar a saúde ou a flexibilidade.

Na área de Supply Chain, a função de Supply Chain analyst pode auferir até 28 mil euros e um director de compras (Procurement director) até 110 mil euros, enquanto na área de Logística, o plafond de remuneração máximo de 95 mil euros cabe ao cargo de director.

 

11. Recursos Humanos: A crescente profissionalização do sector avança em paralelo com um maior reconhecimento da importância estratégica das funções de Recursos Humanos para o desenvolvimento do negócio e empresas de todos os sectores de actividade.

Observou-se um aumento no investimento em gestão e desenvolvimento de talentos com ferramentas de Recursos Humanos nas PMEs, enquanto nas empresas com equipas e procedimentos já consolidados a aposta está cada vez mais numa abordagem analítica e interdisciplinar.

Observou-se uma maior procura de perfis de HR operations, destacando a importância de indicadores no setor de Recursos Humanos, através do desenvolvimento de KPIs, esquemas de Payroll, forte planeamento de C&B e controlo de custos.

Os profissionais orientados para objectivos e para o cliente interno são os mais procurados e, neste contexto, as competências de comunicação, organização e trabalho sob pressão são elementos muito valorizados.

O pacote salarial continua a ser um factor importante, mas não decisivo. Outros benefícios como a cultura e clima organizacional, oportunidades de formação, desenvolvimento e crescimento, bem como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional são cada vez mais importantes na tomada de decisão. Relativamente à remuneração, nas grandes empresas e multinacionais, um director de RH pode auferir entre 49 mil a 100 mil euros.

 

12. Retail: Este é um sector muito competitivo e dos mais rápidos do mercado, que presenciou nos últimos anos uma profunda alteração na forma de trabalho, seja através da incorporação de novas ferramentas digitais, como de novos processos de logística que tiveram de ser implementados. Em 2023 observou-se uma maior exigência por parte dos profissionais face à mudança. A questão salarial continua a ser importante e observou-se um aumento salarial de cerca de 10%. para várias funções.

Também outros benefícios têm sido considerados no pacote salarial como seguros de saúde, possibilidade de teletrabalho em algumas posições, oferta do dia de aniversário como férias extra, entre outros.

A preocupação com o equilíbrio família-trabalho também se fez sentir nesta tendência salarial. Muitas vezes os candidatos saem pelo mesmo valor ou até por um salário inferior, desde que consigam um maior equilíbrio familiar. A possibilidade de progressão também continua a ser um fator chave para os candidatos, observando-se um esforço por parte das empresas em trabalhar o desenvolvimento das suas equipas.

Relativamente à remuneração, nas funções de direcção, a posição de director-geral pode auferir até 160 mil euros e de director de Marketing até 130 mil euros. Nas funções de Compras, o Retail manager pode ganhar entre 42 e 63 mil euros, enquanto nas funções de Operações no retalho alimentar e especializado de grande dimensão, a remuneração máxima de 80 mil euros cabe ao director Comercial de Retalho.

 

13. Shared Services Centres (SSC): O sucesso dos players de SSC em Portugal impulsionado pelo investimento internacional, tem vindo a gerar mais confiança e mudanças no paradigma, com um aumento das responsabilidades técnicas, e a transição de funções estratégicas mais próximas do negócio. Cada vez mais, o mercado de SSC é percepcionado como um elo global capaz de transformar e automatizar processos que geram melhoria e optimização em larga escala.

A forte procura em Portugal por profissionais especializados para trabalhar em ambiente SSC, gerou em 2023 grandes projectos de recrutamento, em que são valorizados a formação académica, experiência em ambiente internacional e conhecimento de línguas estrangeiras, a par com atributos pessoais.

Os salários aumentaram significativamente nos últimos anos, principalmente para cargos que exigem competências linguísticas como alemão, francês, italiano, entre outros. A remuneração de um Manager (head of SSC / head of GBS) pode atingir os 154 mil euros, de Accounts Payable manager até cerca de 60 mil euros, um Purchase-to-Pay Team leader até cerca de 39 mil euros, enquanto um especialista Purchase-to-Pay pode auferir cerca de 29 mil euros.

 

14. Sales & Marketing: A contratação de profissionais de sales & marketing em 2024 é assinalada por uma competição intensa pelo talento, impulsionada pela exigência de competências digitais, resolução criativa de problemas e um profundo conhecimento do comportamento do consumidor, num mercado em constante evolução.

A semana de quatro dias de trabalho começa a ganhar expressão e não apenas no setor tecnológico, como forma para atrair talento.

O aumento do recrutamento em 2023, contribuiu para que as bandas salariais crescessem em todas as funções. Em 2024, prevê-se que os salários em geral tenham uma valorização entre 4,5% e 7%, que já está a ser superado em setores mais dinâmicos. Continua a registar-se uma tendência parte dos empregadores em recrutar profissionais mais juniores, perfis que se caracterizam pela visão internacional/global, skills analíticos e domínio de idiomas.

Num mercado onde a taxa de desemprego está consideravelmente baixa, e onde em algumas áreas a lei da oferta e da procura está claramente invertida, observa-se que os candidatos são mais exigentes com alguns pontos no momento da mudança. A atracção do talento é acompanhada de salários mais atrativos e benefícios, como horários flexíveis, trabalho remoto, formação, visibilidade e possibilidade de progressão na carreira. Os recrutadores continuam a valorizar uma formação académica sólida, em universidades de prestígio, nomeadamente nas áreas de Gestão e

Engenharia, e a experiência em contextos internacionais. O MBA, sobretudo para funções de management, permanece como uma mais-valia. A capacidade analítica, a par da capacidade de inovação e liderança são cada vez mais fatores decisivos. As soft skills são os pontos-chave na diferenciação dos candidatos e por isso competências comunicacionais, argumentativas e de relacionamento contribuem para o processo de decisão.

Nas equipas de Marketing, os dados têm vindo a assumir uma importância estratégica no negócio e prevê-se a continuação da queda nas tradicionais funções cujo retorno não é devidamente mensurável. Nestas equipas, os skills analíticos e digitais são imprescindíveis em praticamente qualquer indústria. Os candidatos que adquiriram e souberam reciclar constantemente este know-how, continuam a ter um nível de empregabilidade relativamente garantido.

No que diz respeito às lideranças, as empresas procuram num “head of” ou director capaz de conciliar a estratégia e a operacionalização, além de saber gerir a equipa. Nas funções de marketing e comunicação generalistas, um director de Marketing pode auferir até 85 mil euros e um director de Comunicação 72 mil euros, enquanto nas funções ligadas ao marketing digital, o plafond máximo é de 110 mil euros para a função de director de e-Commerce.

 

15. Secretarial & Business Support: A adaptação ao trabalho híbrido mantém-se como uma prioridade para os candidatos e por outro lado, uma resistência por parte de algumas organizações, o que se traduz, inevitavelmente, numa perda de competitividade no momento de atracção de novo talento. Observa-se a procura por perfis dinâmicos e com competências de real suporte ao negócio, com o objectivo de terem um papel mais estratégico na organização.

Cada vez mais os candidatos que desempenham estas funções têm como background áreas de formação diversas, como Direito, Gestão, Línguas e Literatura, o que faz com que os candidatos aportem valor e tenham novas perspectivas e abordagens ao trabalho de Assessoria. É também valorizada a capacidade de trabalho de forma autónoma, e o pensamento crítico é cada vez mais um requisito, tendo em conta que os perfis de suporte continuam a ser parte integrante de equipas multidisciplinares onde a riqueza de ideias é muito valorizada. O domínio do inglês continua a ser condição base de contratação assim como a fluência em idiomas como francês ou espanhol.

Relativamente às tendências salariais, nos últimos anos, verificou-se uma crescente procura de perfis e competências administrativas por parte das organizações, justificada pela crescente aposta de empresas multinacionais em Portugal com referências salariais superiores às do mercado nacional.

Em termos de remunerações, perfis qualificados como o de secretária de CEO pode auferir o valor de 50 mil euros por ano, seguindo-se a de secretária de Presidência com cerca de 45 mil euros e a secretária de Administração com um máximo de 38 mil euros por ano, na zona de Lisboa. Para as mesmas funções, os valores na zona do Porto são de 46.200 (CEO e Presidência) e 35 mil euros para a seeeecretária de Administração.

 

16. Tax & Legal: O ano de 2023 ficou marcado pela continuação do extremo dinamismo do mercado de trabalho, onde a procura de perfis por parte das Sociedades de Advogados manteve níveis elevados. Este dinamismo reflectiu-se por um aumento salarial significativo na grande maioria das sociedades, tanto de grande como de média dimensão.

Neste sentido, os perfis de advogados mais procurados em 2023 continuaram a ser aqueles com senioridade entre os dois e os cinco anos de experiência pós agregação na Ordem dos Advogados, mas também, os recém agregados, sendo notório o aumento da procura destes perfis mais juniores, por parte das Sociedade de Advogados, relativamente aos anos anteriores.

No seguimento do que já se verificou nos últimos três anos, o volume elevado de pedidos de advogados e juristas, por parte de empresas, continuou a ser uma tendência, provavelmente com o objectivo de continuar a reduzir custos com a externalização de serviços.

Tal como em 2022, a tendência na procura de perfis mais seniores (com mais de cinco anos pós agregação) manteve-se por parte de Sociedades de Advogados em determinadas áreas, tais como, Contencioso, Público, Corporate e M&A, Regulatório e Concorrência, Fiscal, Imobiliário e Penal.

No que diz respeito às áreas de prática, observou-se maior afluência de recrutamento nas áreas de Público, Corporate e M&A, Fiscal, Imobiliário, Laboral, Propriedade Intelectual e TMT (tecnologias, media e telecomunicações). Por parte das empresas, manteve-se o interesse por perfis mais generalistas e versáteis, com background nas áreas de Corporate, Civil, Comercial e Laboral, bem como uma acentuada necessidade na área de Protecção de Dados e Compliance.

Relativamente ao mercado das consultoras na área de Tax, a tendência verificada em anos anteriores voltou a registar-se, existindo uma elevada rotatividade nos diferentes departamentos, com a maior procura a verificar-se na posição de senior, nas diferentes áreas, com ênfase na área de Impostos Indirectos, Imigração e Corporate Tax. Do lado dos consultores, a procura passa por transitar para o denominado “Cliente Final”, nomeadamente por questões relacionadas com o work/life balance.

Como exemplos de remuneração nas sociedades de advogados, um advogado associado com quatro a sete anos pós agregação ronda os 36 mil euros como teto máximo, enquanto um advogado com 10 anos pode auferir até 78 mil euros.

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