E se o seu chefe fosse um dos seleccionadores do Mundial?

mundialO levantamento da Michael Page compara os perfis de liderança dos seleccionadores das equipas presentes no Mundial de Futebol com o estilo de gestão do mundo empresarial.

Tem um chefe do estilo Felipe Scolari, que gosta de trabalhar num ambiente de grupo e família? Ou terá características semelhantes ao Louis Van Gaal, da selecção holandesa, num estilo mais centralizador?

A Michael Page, empresa de recrutamento especializado de quadros médios e superiores, resumiu o perfil de liderança dos seleccionadores que estarão presentes no Mundial de Futebol no Brasil, comparando a sua actuação com o estilo de gestão no mundo corporativo.

Os perfis, segundo a Michael Page:

«Paulo Bento – Portugal

O seleccionador Português revela uma postura algo defensiva e, em alguns casos, denota alguma falta de autoconfiança. Apesar de não ser propriamente um líder inspiracional, a revelar por vezes dificuldade em manter os jogadores motivados em competições de longo prazo, revela no entanto uma boa capacidade de gestão do grupo quando chegam as fases finais das competições, superando expectativas. Passando uma imagem de um homem genuíno, humilde e sério, tudo fará para conseguir um ambiente de harmonia e não perdoa quem renunciou à selecção no passado ou poderá afectar negativamente a equipa.

Perfil de liderança – Paulo Bento opta por centralizar as decisões e por trabalhar apenas com um grupo fechado, que conhece bem. Tem pouca tolerância para elementos que coloquem em causa a harmonia do grupo e não hesita em afastar elementos se acreditar que isso beneficiará a equipa. A falta de delegação pode afectar o funcionamento da equipa por ter elementos que se sintam pouco estimulados ou desafiados e que sintam que não merecem a confiança do líder. É um perfil que não corre riscos despropositados e não se posiciona além do exigido. Lidera através dos elementos mais importantes do grupo, dando-lhes autonomia e liberdade para decidir.

Luiz Felipe Scolari – Brasil

O seleccionador do Brasil, Luiz Felipe Scolari, tem um estilo agregador e gosta de se rodear de pessoas de confiança para as posições-chave da sua equipa. Tem total firmeza ao estabelecer objectivos e metas, além de mostrar forte empatia pelos jogadores que, de facto, seguem as suas decisões e jogam pela equipa.

Perfil de Liderança – O estilo do seleccionador brasileiro assemelha-se muito à liderança motivacional. É o tipo de gestor que exige resultados à equipa, mas que gosta de estar próximo dos seus subordinados. O bom ambiente é uma das premissas no trabalho. Exerce uma pressão psicológica positiva nos colaboradores.

Vicente Del Bosque – Espanha

O treinador da selecção espanhola tem o perfil do líder discreto e conciliador. Com esse estilo, mantém a estabilidade num grupo marcado muitas vezes pela rivalidade entre madrilenos e catalães. Fiel à essência do toque de bola que marca esta geração, o técnico renova o grupo com jovens talentos que asseguram uma evolução tranquila rumo ao futuro.

Perfil de liderança – O técnico espanhol Del Bosque adopta o estilo de liderança democrática ou participativa. Os membros da equipa são incentivados a contribuir no processo de decisão. Isto não só aumenta a satisfação da equipa, como desenvolve uma consciência de conjunto que estimula a evolução dos colaboradores, formando sucessores e gerando uma maior motivação e sentimento de pertença à equipa.

Óscar Tabárez – Uruguai

O apelido de maestro descreve perfeitamente a personalidade de Óscar Washington Tabárez, treinador da selecção uruguaia. Com um perfil reflexivo e sereno, exerce a sua liderança com convicções fortes e ideias claras.

Perfil de liderança – Óscar Tabárez tem um estilo de liderança contundente e objectiva. Este tipo de líder é muito visível e marcante, dedicando muito tempo e energia à comunicação com as suas equipas. Não lidera necessariamente na linha da frente e costuma delegar responsabilidade aos seus subordinados.

Jurgen Klinsmann – Estados Unidos

Conhecido por gostar muito da disciplina técnica e táctica, o alemão Jurgen Klinsmann, técnico da selecção americana de futebol, possui um estilo de liderança pautada pelo pragmatismo. Nas equipas que passou, exigiu sempre total obediência em relação aos conceitos tácticos que adopta em campo. Fiel ao estilo centralizador, Klinsmann deixou de convocar o maior astro da selecção americana, Landon Donovan, o que gerou algum sentimento de insatisfação.

Perfil de liderança – Klinsmann tem o perfil de liderança corporativista, pautada em métodos e técnicas bem definidos. Denota grande visão estratégica, alta energia para impor as suas ideias e ritmo de trabalho. O líder está completamente concentrado na organização, apoio e desenvolvimento das pessoas que lidera.

Louis Van Gaal – Holanda

Um homem directo e disciplinador. Assim é conhecido Louis Van Gaal, treinador da seleção holandesa. Fiel aos seus métodos, Van Gaal exige entrega total da sua equipa nos treinos e, principalmente, nos jogos. O holandês tem personalidade forte, sendo até polémico em algumas declarações. Essa mentalidade intransigente acaba por não agradar a todos os elementos da sua equipa.

Perfil de liderança – Van Gaal é nitidamente um líder autocrático. Exerce um nível elevado de poder sobre os membros da equipa. Os membros não têm muitas oportunidades para apresentar sugestões, mesmo que estas sejam do interesse colectivo. Este tipo de liderança tende a desencadear elevados níveis de absenteísmo e de insatisfação.

Alejandro Sabella – Argentina

O técnico da selecção argentina, Alejandro Sabella, tem uma postura de liderança harmoniosa e bem próxima dos jogadores da sua equipa. Considerado amigos dos jogadores, Sabella valoriza o bom ambiente no grupo. Quem não for amigo ou próximo do treinador corre o risco de ficar de fora dos seus planos.

Perfil de liderança – A liderança de Sabella é classificada pela expressão francesa Laissez Faire (deixar andar), pautada pela liberdade direccionada. Gosta de deixar os colegas prosseguir com o que fazem, sem muita interferência. Pode ser eficaz se o líder controlar o que é conseguido e der conhecimento disso à equipa de forma regular. Normalmente, a liderança laissez-faire funciona em equipas onde os indivíduos têm muita experiência e espírito de iniciativa.»

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