É tempo de ganha-ganha

Por Agatha Arêas, Vice-Presidente de Learning Experience do Rock in Rio

 

Venho observando, escutando e tentando aprender o máximo que posso sobre – e com – os jovens da chamada Geração Z.

Aqueles que atualmente estão ingressando na faculdade ou já atuando no mercado de trabalho e que cresceram com smartphones e redes sociais.

São pessoas conectadas ao mundo, a diferentes culturas, a todo o tipo de informação, de qualquer canto do planeta.

Pensam de forma não-linear e multicanal. Em regra, são mais ágeis que as gerações anteriores.

Têm senso crítico aguçado. São politizados. Vivenciaram algumas das principais crises económicas das últimas décadas e vêm testemunhando desigualdades sociais gritantes que, por causa da internet, chegam a todo o instante ao conhecimento de todos.

De forma geral, não reconhecem a autoridade. Não confiam na liderança. Acreditam que já foi dado muito tempo às gerações anteriores para promoverem mudanças reais no mundo. E que se não o fizeram foi porque não sabiam ou não quiseram. Por isso, esta geração está disposta a assumir a direção da sua própria vida, considerando mais que qualquer outra que veio antes a possibilidade de empreender.

É uma geração tutorial, D.Y.I. (Do it yourself), assim como aprendeu no Youtube. Afinal, para que professor, para que chefe, se o conhecimento está à distância de um click e, muitas vezes, de graça? Assim como gurus do mundo inteiro oferecem seus conselhos em Ted Talks sobre como empreender negócios de sucesso ou criar uma inovação social que impactará positivamente a vida de milhares de pessoas.

Esses jovens querem reinventar o mundo. Por isso, tantos deles não querem se juntar a empresas que não representem seus valores, que não lhes dêem espaço para desenvolver suas ideias, que lhes cobrem horários e que, acima de tudo, não acrescentem valor à sua jornada de aprendizagem contínua.

Como líderes, como pais, como marcas, como professores, mais do que impor-lhes regras e conceitos que já não cabem nos dias atuais, precisamos estar dispostos a dar-lhes um lugar à mesa, conceder-lhes autonomia, abolir o microgerenciamento, ouvi-los, construir em conjunto com eles, ser seus curadores, orientadores, mostrar-lhes caminhos. Precisamos ser seus mentores.

E, ainda assim, estudá-los! Sim, pois eles são ou serão os nossos colaboradores, alunos, consumidores, colegas e até líderes nas próximas décadas.

É tempo de relações ganha-ganha. De dinâmicas edificantes.

Essa nova geração está em busca de parcerias. E nós? Estamos dispostos a ser seus parceiros?

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