É tudo uma questão de Bom Senso…

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

Da literatura, e da respetiva discussão filosófica, há sempre uma dicotomia relativamente ao senso comum e ao bom senso. Do senso comum resulta a adaptação ao meio e às circunstâncias, muitas vezes com forte matriz de um entendimento dito cultural, deveras generalista. Por outro lado, o bom senso procura vias para o uso transformador do Conhecimento, questionando as condições e perseguindo a Inovação.

Com bom senso é possível agir-se, sem imediatismo, utilizando-se argumentos e atitudes racionais, refletindo e tomando decisões assertivas. Bom senso, implica um equilíbrio nas decisões ou nos julgamentos que se fazem em prol de cada decisão.

O bom senso no local de trabalho vai desde a escolha do vestuário, até à forma como se comunica, e, fundamentalmente, nas decisões que se tomam e nas suas repercussões. Por isso se induz uma forte parceria na designada inteligência emocional, por via de pilares como o autoconhecimento, o autocontrolo, a automotivação, a empatia e a riqueza do relacionamento interpessoal.

Bom senso não implica deixar de ser como somos! Mas não temos de agir por impulso, não temos de ter uma atitude egocêntrica. Há sim que exercitar a empatia e refletirmos sobre os Valores, nomeadamente numa ética de costumes. Há sempre uma forma de comunicar, assertivamente, expondo determinado ponto de vista, sem infringir a dignidade de terceiros. O bom senso constrói pontes entre o quadro de Valores dos diferentes interlocutores. Escutar o outro é um ponto de partida, ponderar as regras de comunicação é um caminho, mas acima de tudo há que respeitar ideias e perceções diferentes.

Quantas vezes nos interrogamos porque surgem conflitos, incluindo nos núcleos mais pequenos da sociedade, na família, nos grupos de amigos, até aos núcleos mais estruturados como é o caso das organizações laborais e na política. A verdade é que grassa, sem nos apercebermos, a sobreposição dos interesses individuais aos coletivos, da existência de um egocentrismo latente em que nos posicionamos como donos de alguma coisa, desde a nossa verdade, ao que queremos ver e não ao que… verdadeiramente vemos. Assim como confundimos o tal senso comum, ao bom senso.

Tudo será mais simples se adequarmos as regras e os costumes à realidade, considerando sempre as consequências que daí advêm. Desta forma, qualquer julgamento ou escolha será realizada de forma coerente e positiva, simultaneamente racional e objetiva. No fundo, representa sensatez, razoabilidade e sabedoria. Como se ensina? Não se ensina! Constrói-se ao longo da vida, no seio da família, na relação pedagógica na Escola, nas interações sociais e na forma como se expressam e se vivem os Valores organizacionais. Como afirmou Francis Bacon: “Alguém de bom senso saberá criar melhores oportunidades do que aquelas que se lhe deparam”. Em resumo, Bom Senso é Formação (contínua) ao Longo da Vida! Constrói-se, vive-se e demonstra-se: pauta-se pela razão e pelo equilíbrio emocional, de acordo com padrões de conduta e a ética, oferecendo Valor Acrescentado e solidez às relações interpessoais.

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