Eis a verdadeira (e no mínimo estranha) razão pela qual os empregadores rejeitam o trabalho à distância

Ainda que muitos colaboradores prefiram trabalhar a partir de casa, há empresas que não concordam com esta tendência por pensarem não ser tão produtiva como exercer as funções profissionais no escritório, avança o Business Insider.

 

O empresário bilionário, banqueiro norte-americano e director executivo da JPMorgan Chase Bank, Jamie Dimon, defende que o teletrabalho «não funciona para aqueles que querem fazer tudo a correr». Também o director da SpaceX, CEO da Tesla e proprietário do Twitter, Elon Musk, tem a mesma perspectiva, tendo exigido aos colaboradores que se comprometam com um horário «extremamente rígido» onde trabalham «longas horas a alta intensidade».

Outra das personalidades que adoptaram a posição contra o teletrabalho foi o investidor americano Steven Rattner que não só se opõe à flexibilidade dada aos colaboradores, como afirma que os Estados Unidos «amoleceram», escreveu num artigo recentemente publicado no jornal The New York Times.

Na óptica destes empresários e várias organizações, o trabalho remoto destina-se a pessoas “fracas” e o regime laboral deveria voltar ao que era antes da pandemia: 100% presencial.

Mesmo depois de os trabalhadores provarem que estar longe do escritório não afecta o seu desempenho, não foi possível convencer as diferentes visões sobre o tema, principalmente os «homens com opiniões muito tradicionais, que vêem o lar como domínio da mulher e o trabalho como domínio dos homens», explicou a directora do Center for WorkLife Law da Universidade de Direito da Califórnia, Joan Williams, citada pelo Business Insider.

«Estas são pessoas como Elon Musk, para quem tudo é um concurso de masculinidade e o local de trabalho é a arena chave», disse Joan Williams, acrescentando «Não têm qualquer desejo de continuar a trabalhar a partir de casa. Não se trata de produtividade no local de trabalho, mas de masculinidade».

O “trabalhador ideal”, segundo Williams, «é visto como alguém que começa a trabalhar no início da vida adulta e exerce as suas funções a tempo inteiro, durante 40 anos sem pausa, sem tirar tempo para a procriação, para a educação dos filhos ou seja o que for». Uma opinião considerada antiquada, que a pandemia transformou, possibilitando o trabalho à distância a colaboradores de diversos sectores.

Um inquérito conduzido pelo Bureau Nacional de Pesquisa Económica norte-americano (NBER) mostrou que dois terços dos trabalhadores acreditam que a percepção do trabalho remoto melhorou durante a pandemia ao reflectir também sobre a opinião das pessoas que conhecem. Até as “profissões mais gananciosas” se tornaram mais flexíveis e deixaram de exigir a presença dos trabalhadores a tempo inteiro no escritório ou viagens de negócios frequentes.

Outro estudo recente do NBER descobriu que 10% dos homens com melhores salários trabalharam 77 horas menos em 2022 do que em 2019 e, de acordo com outra análise publicada pelo The Wall Street Journal, os homens casados utilizaram o seu novo tempo livre para ajudar em casa, o que pode representar o início de um novo ciclo.

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