Em Portugal, 9 em cada 10 líderes mulheres afirma que a sua carga de trabalho aumentou devido ao contexto externo

Numa era marcada por várias crises internacionais, e pela volatilidade geopolítica, desde logo com a pandemia ou com as guerras na Ucrânia e Israel, cerca de 90% das inquiridas em Portugal e 80% a nível global concorda que a sua carga de trabalho tem vindo a aumentar, com interferência directa na sua vida familiar e privada, na opinião de 64% das líderes portuguesas.

 

Estas são algumas das principais conclusões do Global Female Leaders Outlook, desenvolvido pela KPMG junto de aproximadamente 850 mulheres pertencentes a 53 países, incluindo Portugal.

Segundo o documento, 71% das executivas em Portugal afirma que, nos últimos três anos, teve de adaptar o seu estilo de liderança para fazer face aos contextos externos adversos.

Contudo cerca de 60% das líderes portuguesas acredita que, no máximo, nos próximos 10 anos haverá igualdade de género na administração das empresas, e 91% concorda que o escrutínio em volta deste tema continuará a aumentar, nos próximos três anos.

Ainda no campo da diversidade e inclusão, 67% das executivas em Portugal, e 76% das líderes internacionais, defende que a igualdade de género na administração das empresas vai ajudá-las a atingir os seus objectivos de crescimento.

A maioria das inquiridas, em Portugal e a nível global, está optimista em relação à evolução da diversidade nas empresas e acredita que o progresso ao nível da diversidade não tem sofrido uma desaceleração nos últimos três anos.

Quase metade das empresárias nacionais inquiridas está pouco, ou nada, confiante em relação ao crescimento da economia portuguesa nos próximos três anos. Já olhando para a economia mundial, a confiança aumenta, com apenas 31% a mostrar-se céptica em relação à sua evolução positiva. A confiança das executivas globais em relação à economia mundial segue a tendência portuguesa, com apenas 27% das inquiridas a mostrar alguma desconfiança em relação ao seu crescimento.

Olhando para as suas empresas e para os próximos três anos, a maioria das líderes portuguesas espera um crescimento entre 0,01 e 4,99% e identifica como principais riscos a inflação e o aumento das taxas de juro (16), os riscos regulatórios (14%) e as ameaças à cibersegurança (12%). Um top 3 que contrasta, em parte, com o definido pelas executivas globais, que mantêm a inflação e o aumento das taxas de juro em primeiro lugar (18%), mas que colocam nas restantes posições a questão do talento (12%) e a incerteza política (10%).

O estudo mostra que 54% das inquiridas nacionais acredita que o desempenho financeiro da sua empresa melhorou com a implementação de programas ESG, sendo que, relativamente às prioridades de investimento nesta área, para os próximos três anos, as empresárias portuguesas apostam em primeiro lugar no ambiente (51%), em segundo lugar na componente social (27%) e só depois no governance.

As prioridades são semelhantes quando olhamos para as líderes internacionais, mas a distribuição é mais equilibrada: 38% pretende investir no ambiente, 29% na componente social, e 22% no governance. O ESG continua, de resto, a ser visto como um dos temas prioritários também na relação com os stakeholders. A grande maioria das respostas nacionais (78%) indica que tem havido um interesse crescente por parte dos stakeholders em relação a critérios de divulgação e transparência de ESG do lado das empresas.

De acordo com o Global Female Outlook da KPMG, 78% das inquiridas no nosso país, e 73% das mulheres executivas a nível global, defende o estabelecimento de novas parcerias como factor crítico para acompanhar o ritmo acelerado da transformação digital das suas organizações.

A cibersegurança parece ser uma aposta consistente por parte das empresas, com 69% das empresárias nacionais e 65% das internacionais a considerar que as suas empresas estão preparadas para ciberataques. A transformação digital veio, assim, para ficar, e mesmo numa altura em que se fala em recessão internacional, a tendência, de acordo com 78% das líderes nacionais, será para não desacelerar a modernização digital das suas organizações.

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