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Empreendedorismo feminino pode aumentar PIB mundial em 2%
Se homens e mulheres participassem de igual forma no mundo do empreendedorismo, o PIB global poderia crescer cerca de 2% ou 1,2 biliões de euros, de acordo com uma pesquisa da The Boston Consulting Group (BCG).
Actualmente, o número de homens que começam, sustentam e fazem crescer o seu próprio negócio é muito superior, comparativamente ao universo feminino. As razões que explicam este desequilíbrio são complexas e variadas, mas incluem diferenças no acesso ao capital humano, financeiro e social. Enquanto estas diferenças não forem resolvidas através de medidas concretas, as disparidades entre homens e mulheres vão manter-se e o desenvolvimento e crescimento económicos à escala global não atingirão o seu máximo potencial.
O documento estratégico elaborado pela BCG, Bridging the Entrepreneurship Gender Gap, enumera pontos-chave relacionados com o tema: implementar medidas que eliminem este fosso entre homens e mulheres pode aumentar a possibilidade das mulheres desenvolverem o seu potencial económico; globalmente, as mulheres são proprietárias de 40% menos de empresas do que os homens; o acesso ao ‘capital social’ é determinante para o sucesso das mulheres, porque aumenta as aspirações, a credibilidade e o acesso a investimento, por exemplo; redes eficazes de empowerment feminino devem incorporar a interligação de três dimensões: intenção, inclusão e interação.
Raquel Seabra, Project Leader da BCG Portugal, sublinha o papel de destaque das empresas, governos e organizações não governamentais como agentes de mudança: «As organizações podem ter um papel chave, garantindo que se criam as condições para o sucesso do empreendedorismo feminino, nomeadamente promovendo o acesso das mulheres ao ‘capital social’. Este ‘capital social’ ou as redes de contactos e de confiança existentes entre indivíduos são a chave para a disseminação de informação relevante e para a tomada de risco.”
A BCG conclui ainda que os conhecimentos e credibilidade das redes de contactos podem melhorar o acesso ao financiamento. Segundo a informação da BCG em África, as mulheres empreendedoras com maior ‘capital social’ têm, consequentemente, acesso facilitado a várias fontes de crédito, como o microfinanciamento e empréstimos de cooperativas.
«A BCG acredita que o empreendedorismo feminino é um desígnio global. Como refere o estudo da BCG, eliminar o fosso existente entre homens e mulheres no mundo do empreendedorismo é positivo para toda a sociedade. Quando não existem outras oportunidades de trabalho, o empreendedorismo é um caminho para as mulheres se auto-projectarem e participarem activamente na economia dos seus países», conclui Raquel Seabra.