Empresas portuguesas investem no digital mas não têm uma estratégia

A EY lançou, em parceria com a NovaSBE, um estudo que analisa os níveis de maturidade digital e de confiança das empresas portuguesas em relação ao futuro digital, que revela que os empresários reconhecem que os impactos da transformação digital são fortes e imediatos e que é urgente agir.

 

De acordo com o estudo Maturidade Digital das Empresas em Portugal, as empresas reconhecem que a transformação digital está a criar oportunidades para a proliferação de novos produtos e de novos modelos de negócio, mas conclui que os investimentos em digital ainda estão a descurar as vertentes de pessoas e organização, a gestão de informação, a estratégia e a liderança, uma realidade que pode criar riscos a médio prazo.

Na dimensão estratégia e liderança, o estudo mostra avaliações muito díspares entre sectores, sendo que o da Energia é o que apresenta uma visão mais positiva, com a generalidade a avaliar de forma muito positiva o seu nível de desenvolvimento nas vertentes de inovação, liderança de topo, gestão da mudança e estratégia de digitalização, com mais de 70% das respostas acima do ponto médio. Mas a generalidade das empresas faz uma avaliação pouco positiva quanto ao nível de desenvolvimento da sua estratégia de digitalização.

O estudo revela ainda que 41% dos inquiridos já iniciou o seu processo de digitalização há mais de cinco anos, com os sectores de Media (63%) e Turismo e lazer (60%) a liderarem este pioneirismo. Para muitas empresas o momento em que começaram a investir nesta área parece estar associado a uma avaliação positiva da sua maturidade digital face à dos seus concorrentes. No entanto, o facto desta visão optimista ser generalizada na amostra pode indicar desconhecimento da situação real dos concorrentes ou que a comparação está a ser feita essencialmente com outras empresas nacionais, o que não é necessariamente a melhor base de comparação num mundo digital.

Já no sector da Saúde, 72% das empresas assumem que estão atrasadas ou a par dos concorrentes, mas 86% estão confiantes em que recuperarão desse atraso.


As tecnologias mais utilizadas

No que diz respeito ao grau de implementação das diferentes tecnologias associadas à revolução digital, a escolha das empresas portuguesas vai para as redes sociais e marketing digital (mais de 75% das respostas indicam um grau de implementação de 4 ou 5, numa escala de 1 a 5), o cloud computing (65%), big data e analytics (61%) e internet of things (ligeiramente acima de 50%). Este resultado ilustra uma aposta em tecnologias mais maduras ou com maior grau de adopção por terceiros. Daqui parece resultar uma preferência por resultados rápidos ou por acompanhar o que outros vão fazendo, o que limita o potencial de inovações disruptivas.

Mais de 60% das empresas que participaram no estudo reconhece que não tem na organização as habilitações e os conhecimentos digitais adequados. Esta perspectiva parece colocar em causa parte do optimismo demonstrado quanto à maturidade digital e à capacidade de criar vantagens face à concorrência.

A percepção individual dos participantes do estudo é de que haverá um impacto positivo significativo tanto nas relações entre pessoas, como na organização do trabalho e na função que desempenham. Acredita-se ainda que o horizonte temporal dessas mudanças está muito próximo e que acontecerá nos próximos dois anos.

 

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