Empresas preocupam-se mais com igualdade, mas ainda não é uma prioridade, afirma presidente da CITE

A igualdade é uma preocupação das empresas, mas ainda não é uma prioridade, assinala a presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, a propósito dos dez anos do iGen-Fórum Organizações para a Igualdade.

 

Carla Tavares, presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) – que convidou à criação do iGen, de que a Lusa faz parte, juntamente com outras 72 organizações –, não tem dúvidas de que, «ao longo destes dez anos, foi feito um caminho de grande evolução», não só na dimensão do fórum, mas na «forma como as empresas, hoje em dia, se preocupam» e reconhecem a necessidade de «uma abordagem integrada» de género.

«Importa ainda que seja uma verdadeira prioridade. Creio que isso ainda não foi possível conseguir», reconhece, defendendo que, para tal, é preciso um «maior envolvimento das direcções, do topo de decisão, das organizações-membro».

Criado em 2013, o iGen reúne 73 organizações que operam em Portugal, nacionais e multinacionais, dos sectores público, privado e da economia social, que representam, no seu conjunto, cerca de 2% do Produto Interno Bruto português e que assumiram o compromisso de incorporar políticas de promoção da igualdade nos seus modelos de gestão.

O fórum tem tido «uma forte e empenhada presença e participação dos representantes» indicados pelas empresas, «mas nem sempre» com «o mesmo envolvimento» de «quem decide», constata Carla Tavares.

Ainda assim, tratando-se de um compromisso voluntário, o iGen «tem estado sempre em constante evolução e crescimento» e esse percurso «não deve ser nem interrompido, nem sequer arrefecido», apela, apontando a representação equilibrada de género nos órgãos de decisão e direcção e a eliminação das desigualdades salariais entre mulheres e homens como os principais desafios.

O presidente do Conselho de Administração da agência Lusa, que integra o fórum iGen, vinca que a igualdade e a diversidade são «um factor essencial para o sucesso e crescimento sustentável de uma organização».

Por isso, realça, «é de primordial importância» para a Lusa pertencer ao iGen, onde beneficia da partilha de experiências e encontra parceiros para fazer face aos desafios.

Recordando que a desigualdade de género resulta de «um processo cultural, que envolve várias dimensões», Joaquim Carreira acredita que «só com o empenho de todos» será possível contrariar o «enviesamento inconsciente» que pode levar à discriminação na contratação, na promoção e na atribuição de responsabilidades e atingir o objectivo de «uma sociedade mais diversa, mais inclusiva e socialmente mais responsável».

O gestor considera ainda que o sector empresarial do Estado, do qual a Lusa faz parte, devia estar munido de políticas públicas de promoção da diversidade e da inclusão «mais claras e mais transparentes».

A década de existência do iGen será assinalada na quinta-feira, com uma sessão, entre as 09h30 e as 13h00, no auditório do ISEG, estabelecimento de ensino superior que integra o fórum, juntamente com entidades públicas como a Águas de Portugal, o Banco de Portugal ou a Infraestruturas de Portugal, privadas como Altice, Auchan, Coca-Cola, Galp, Ikea, L’Oreal ou Microsoft, e bancos como BCP, Montepio, Novobanco ou Santander Totta. Da comunicação social, além da Lusa, fazem parte a RTP e o grupo Media Capital (que detém a TVI e a CNN).

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