Equilibrar a balança relacional é reter talento!

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

 

Tema sensível em Gestão de Pessoas, apelida-se de “equilíbrio dos pratos da balança”. Tanto mais crítico, por tão transversal às práticas nesta vertente da Gestão. Evidente que o ser humano, por mais racional que se apresente, mais cedo ou mais tarde expõe as suas emoções. Por mais justo e imparcial que queira marcar a sua posição, os jogos de poder, influência e preferências acabam por se expressarem gerando desequilíbrios, nem sempre muito percetíveis. Os impactos não são imediatos na maioria das vezes e expressam-se, até, de forma silenciosa.

Nesta base, acabamos por entender a essência de certos estudos quando referem que a fuga de talento está na liderança, no relacionamento interpessoal e no nível motivacional. Mas também se percebe claramente a reduzida produtividade ou fenómenos ligados à saúde mental dos colaboradores. Sem dúvida que a identificação com determinados traços de personalidade, fatores relacionados com formas de execução da atividade e, mesmo, posicionamento crítico, mesmo que objetivo, leva a que comportamentos de antagonismo proliferem.

A verdade é que acomodar diferenças de opinião, ou não se perceber a realidade mais íntima de cada Pessoa, provoca a indução de atitudes negativas quando confrontadas com estereótipos mentalmente assumidos. É fácil, pois, não percebermos a insatisfação das pessoas, quiçá até um ambiente de trabalho pesado. Mas existe, na maioria das vezes, uma desvalorização – é preferível viver o que não se conhece, a gerir o que se conhece. Até porque há fenómenos de mudanças disruptivas a serem realizadas, enfrentarem-se opinion makers com algum carisma ou colocarem-se em risco resultados imediatos.

Equilibrar formas de avaliação das pessoas, com objetividade e justiça, nem sempre é fácil. A identificação com os outros é um desafio. Sem dúvida que, na maioria das vezes, tentamos fazê-lo pela comunhão de Valores, mas nem sempre é suficiente. Uns preferem pessoas mais espontâneas e aguerridas, outros valorizam um comportamento mais low profile. Mas o desafio está no equilíbrio que temos de ter nas nossas equipas: tal como no desporto de alta competição, é tão importante a estrela como o carregador de piano. É pela diversidade e complementaridade que se vencem desafios. Valorizarmos uns em detrimento dos outros, leva a manter a balança em desequilíbrio e os resultados teimam em serem escassos.

Sem sombra de dúvida que existe aqui um exercício de inteligência emocional a ser concretizado. Mas para tal há que perceber os sinais do ambiente em que estamos inseridos. Quando estamos pressionados por resultados, evidente que apelamos a quem possa estar mais capacitado a dar resposta. Mas também se recorre a quem não questiona decisões ou a quem sabemos que possui maior capacidade de encaixe. O problema é que muitas vezes é aqui que perdemos as equipas.

Hoje, mais que nunca, estamos pressionados pela obtenção de resultados e de forma célere. Mas vale a pena desequilibrarmos os pratos da balança e corrermos o risco de comprometermos a sustentabilidade organizacional perene, em favor do imediato? Os estudos apontam para uma crise de talento. Equilibrar a balança relacional é um passo importante para a evitarmos!

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