Equipas de trabalho multigeracionais valorizam empresas

Um jovem que tenha descontado menos de 15 meses de ordenado tem direito a 4 meses de subsídioAssim o conclui um estudo da responsabilidade da AESE, feito a mais de 4 mil pessoas de diferentes gerações em Portugal.

“Diferentes gerações presentes na empresa permitem uma gestão do talento a longo prazo mais equilibrada e consistente e, provavelmente, mais gratificante e desafiadora para a maioria dos colaboradores”, conclui o estudo “Interacção entre Gerações no Mundo Empresarial: Desafios e Oportunidades” desenvolvido pela AESE Business School, e que foi apresentado recentemente na 13.ª assembleia da AESE.

Este estudo contou com as respostas de mais de 4 mil pessoas de diferentes gerações em Portugal: Millennials (<35 anos); Geração X (35 <50 anos) e BabyBoomers (> 50 anos) e teve como objectivo caracterizar o perfil de cada geração, através da identificação dos seus interesses, valores e preocupações e identificar as oportunidades e desafios consequentes da interacção entre gerações no contexto empresarial.

Em relação às preocupações, as três gerações apresentam focos de preocupação semelhantes, com exceção das temáticas relativas a política e segurança nacional. A desigualdade social é a questão que apresenta um maior nível de coincidência nas preocupações sociais entre gerações. A economia e o deficit nacional não se revelam focos de preocupação tão elevados para os Millennials, como para as restantes gerações. As gerações mais jovens evidenciam maiores sinais de preocupação com as questões relacionadas com o ambiente.

O principal foco de preocupação da geração Baby-Boomers incide sobre os valores. As questões relacionadas com a família são uma temática de grande preocupação tanto para a Geração X, como para os Millennials. A Geração X é aquela que mais se preocupa com questões relacionadas com a Segurança Social. Temáticas como o emprego e finanças pessoais têm um foco de preocupação cada vez mais elevado por parte das gerações mais novas, como é o caso dos Millennials.

Mais de metade dos Millennials acredita que estará a trabalhar noutra empresa, num horizonte de 3 a 5 anos. As perspectivas de vir a trabalhar fora de Portugal são semelhantes para as gerações Baby-Boomers e Millenials. Em termos laborais, a geração Millennials é aquela que apresenta maior confiança nas suas capacidades e na flexibilidade do mercado de trabalho. Apesar de todas as gerações se relevarem seguras relativamente àquilo que desejam para o seu futuro, os Baby-Boomers são aqueles que apresentam maior grau tanto de autoconhecimento e de autoconfiança.

Apesar de se verificar que todas as gerações demonstram interesse em actividades de lazer como a leitura, ir ao teatro ou cinema, os Baby-Boomers são aqueles que mais se destacam neste campo. Os Millennials são a geração que lê jornais e revistas com menor regularidade. Quase metades dos Millennials deslocam-se para o trabalho de transportes públicos. A geração Baby-Boomer é aquela que costuma fazer voluntariado com maior frequência.

Quase metade dos Baby-Boomers já viveram fora de Portugal e a Geração X é aquela que apresenta maiores conhecimentos linguísticos. A Geração X é também aquela que mais gosta de viajar para outros países, e quando o faz procura aprender sobre as tradições culturais e tem gosto em trabalhar com pessoas de diferentes países. Os Millennials pertencem à geração menos globalizada, dado que a sua idade ainda não lhes permitiu acompanhar as gerações anteriores.

De acordo com as conclusões da autora do estudo, Fátima Carioca, «ao identificar as principais competências que cada geração aporta à sua empresa, torna-se evidente que os pontos fortes de uma geração correspondem tendencialmente aos pontos menos desenvolvidos das restantes, o que torna claro a riqueza e necessidade de constituir equipas de trabalho multigeracionais e de criar oportunidades de contacto que fomentem a entreajuda e aprendizagem mútua dentro da empresa».

E a professora Fátima Carioca conclui: «Além destas vantagens, também o facto de existirem várias gerações presentes na empresa permite uma gestão do talento a longo prazo mais equilibrada e consistente e, provavelmente, mais gratificante e desafiadora para a maioria dos colaboradores. Por último, o crescimento das empresas, o amadurecimento das organizações faz-se sobretudo através de uma cultura de encontro e de relacionamento, de diálogo construtivo entre quem é memória do seu passado e quem tem a capacidade para compreender a complexidade global das novas situações e revitalizar o pensamento e a estratégia face ao futuro».

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