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Era 4.0: Líderes optimistas, mas inseguros
De acordo com um estudo da Deloitte, os líderes empresariais e governamentais estão optimistas em relação às mudanças da Quarta Revolução Industrial, mas sentem que as organizações não estão preparadas para influenciar e aproveitar as oportunidades.
O estudo “The Fourth Industrial Revolution is Here – Are You Ready?” tem por base entrevistas feitas a mais de 1600 executivos de C-level, em 19 países, para analisar o nível de preparação das organizações para os desafios da Indústria 4.0 – combinação da tecnologia física e digital, da qual resulta o analytics, a inteligência artificial, a computação cognitiva e a Internet das Coisas, e perceber como essas mudanças podem beneficiar clientes, colaboradores, a comunidade envolvente e outros stakeholders relevantes.
«A evolução das tecnologias ligadas à Indústria 4.0 está a desencadear rápidas mudanças sociais e económicas, num contexto sem precedentes de conectividade global e de alterações demográficas», refere António Lagartixo, partner responsável pelas indústrias de Products, Services, Utilities & Resources da Deloitte. «Vivemos um período de grandes oportunidades, mas também de alguns riscos. Através deste estudo ficamos a conhecer como os executivos estão a gerir estas mudanças e que áreas podem influenciar o impacto que a Quarta Revolução Industrial terá nas suas organizações e na sociedade.»
As questões colocadas aos executivos, – centradas em quatro grandes áreas (impacto social, estratégia, talento/ força de trabalho e tecnologia) – mostram que apesar de estes perceberem a importância das mudanças inerentes à Indústria 4.0, estão menos seguros sobre a estratégia a seguir para aproveitarem o seu potencial. Em cada uma destas quatro áreas, o estudo revelou contradições:
Impacto Social: Optimismo versus responsabilidade – Os executivos prevêem um futuro mais estável e com menos desigualdades, mas mostram-se menos confiantes em relação ao seu papel e das suas organizações enquanto influenciadores da sociedade nesta era da Indústria 4.0.
A grande maioria (87%) acredita que a Quarta Revolução Industrial vai impor uma maior igualdade e estabilidade social e económica. Dois em cada três executivos afirmam que as empresas terão muito mais influência do que os governos e outras entidades na construção deste futuro. Ainda assim, menos de 1/4 dos inquiridos acredita que as organizações podem influenciar factores sociais importantes, como a educação, a sustentabilidade e a mobilidade social.
Estratégia: Estática versus dinâmica – Os líderes inquiridos admitem que podem não estar preparados para aproveitar as mudanças associadas à Indústria 4.0, mas a eventual falta de preparação não os levará a alterarem as suas estratégias.
Apenas 1/3 dos inquiridos está realmente confiante nas capacidades de gestão da sua empresa para fazer face este período de mudança. Somente 14% estão extremamente confiantes de que as suas organizações estão totalmente preparadas para tirar partido de todas as mudanças associadas à Indústria 4.0.
Muitos executivos mantêm-se focados nos modelos tradicionais, nomeadamente no desenvolvimento de produtos e no aumento da produtividade, em vez de estarem concentrados no desenvolvimento de talento e de factores de disrupção competitiva, que possam promover inovação e levar à criação de valor.
Talento/Força de trabalho: Evolução versus revolução – Os executivos não estão seguros que dispõem do talento certo para serem bem-sucedidos na Indústria 4.0.
Apesar de estarem a fazer os possíveis para criar as equipas certas, a questão do talento não está no topo das suas prioridades.
Apenas 1/4 está totalmente confiante com a composição da sua equipa e com o seu leque de competências para enfrentar os desafios do futuro.
Por outro lado, 86% asseguram estar a fazer tudo ao seu alcance para criar a força de trabalho para a Indústria 4.0. Apesar desta percentagem, as respostas mostram que os tópicos relacionados com Recursos Humanos mantêm uma prioridade baixa, estando sobretudo associados ao aumento da eficiência do trabalhador.
As empresas que indicaram a questão do talento na Indústria 4.0 como prioridade estão a explorar o potencial de novas posições, dando oportunidade aos seus profissionais de exporem os seus pontos fortes, ao mesmo tempo que impulsionam a tecnologia para promover inovação, ambientes de trabalho alternativos e novas abordagens de formação e desenvolvimento.
Tecnologia: Desafio versus preparação – Os executivos sabem que têm que investir em tecnologia que promova novos modelos de negócio. No entanto, sentem dificuldade em criar uma estratégia de negócio que lhes permita endereçar as oportunidades da Indústria 4.0 devido à falta de alinhamento estratégico interno e ao foco de curto prazo.
Os líderes reconhecem que os actuais investimentos tecnológicos são largamente influenciados pelo desejo de criar modelos de negócio com grande impacto nas suas organizações.
No entanto, muito poucos admitem conseguir criar uma estratégia de negócio eficaz e direccionada para o investimento nas tecnologias que definem a Quarta Revolução Industrial. Justificam este facto com a falta de alinhamento interno, de colaboração com parceiros externos e por se centrarem numa visão de curto prazo.
Consulte aqui o estudo na íntegra.
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