
Esta é a palavra que define os colaboradores em 2025, segundo a Glassdoor (e não é “boa”)
A plataforma de pesquisa de emprego Glassdoor elegeu “fadiga” como a palavra do ano, noticia o HRD. O termo dominou as conversas no local de trabalho, depois de ter registado um aumento de 41% nas menções em toda a sua comunidade, revela em comunicado.
«Este ano, os trabalhadores passaram muito tempo em estado de alerta — preocupados com a próxima manchete, mudança tecnológica ou surpresa económica iminente», afirmou numa publicação no blogue.
«A política dominou, os receios de despedimentos persistiram, as preocupações económicas aumentaram e a disrupção da IA acelerou. O resultado? Uma força de trabalho exausta.»
A plataforma atribuiu a fadiga a três factores principais: política, incerteza económica e disrupção da IA. De acordo com a Glassdoor, a política foi incontornável nos ambientes de trabalho ao longo do ano, afectando até os colaboradores que evitavam o assunto no trabalho.
As menções à expressão “tomada de posse” aumentaram 875% em relação ao ano anterior. A ascensão de Trump ao seu segundo mandato foi acompanhada de debates acalorados no local de trabalho. As suas acções subsequentes em relação à Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) e os cortes na força de trabalho federal também foram manchetes ao longo do ano.
A incerteza económica também surgiu como outro factor que contribui para o cansaço no local de trabalho. As menções à palavra “estagflação” triplicaram em relação a 2024. «Os trabalhadores manifestaram frustração pelo facto de os seus salários não acompanharem a inflação, e as preocupações com uma recessão persistiram durante todo o ano», declara a Glassdoor.
A disrupção causada pela Inteligência Artificial (IA) também foi referida como um factor importante para o cansaço, de acordo com a Glassdoor, consequência dos alertas recentes que a IA, tanto “agentic” como generativa, está a ameaçar os empregos humanos. Algumas pesquisas apontam mesmo que a IA já está a tirar empregos aos jovens profissionais. As menções à palavra “agentic” aumentaram 2.244% em relação ao ano anterior na comunidade Glassdoor.
«Entretanto, a frustração com a procura de emprego atingiu novos patamares, com os profissionais a expressarem repetidamente o sentimento de sobrecarga na procura de trabalho e o medo da insegurança no emprego», acrescenta a plataforma.
A fadiga entre os colaboradores pode levar a uma quebra de produtividade e ao aumento do risco de acidentes e lesões no local de trabalho. As conclusões da Glassdoor indicam que a fadiga dos colaboradores vai além das longas jornadas de trabalho e do excesso de carga de trabalho. Em vez disso, baseia-se na incerteza proveniente de diversos factores externos.
Os líderes de RH podem abordar a fadiga analisando as suas causas. Amanda Czepiel, Country manager e head of Content da Brightmine nos EUA, já aconselhou os líderes de RH a implementarem «orientações claras e aplicáveis que regulem a política interna» no local de trabalho para evitar a deterioração da cultura organizacional.
A comunicação aberta deve ser encorajada, mas a civilidade deve ser promovida no trabalho através de comportamentos de liderança e programas de engagement dos colaboradores. É importante que os empregadores promovam também um ambiente de trabalho onde os colaboradores se sintam apoiados no meio da incerteza e do stress financeiro.
«Ao disponibilizar sistemas de apoio flexíveis e inclusivos que abranjam toda a gama de bem-estar, incluindo o acesso a ferramentas de saúde mental, EAP e aconselhamento financeiro, a saúde mental da força de trabalho pode melhorar e a produtividade no trabalho pode ser impulsionada», disse Julie Cressey, directora geral da TELUS Health New Zealand, numa declaração anterior à HRD. «Isto permitirá às empresas colher os benefícios de ter colaboradores felizes e saudáveis e capacitá-las para atrair e reter os melhores talentos.»
Sobre a disrupção causada pela IA, os empregadores foram alertados de que a falta de comunicação da liderança pode alimentar as ansiedades. «Nenhum líder terá todas as respostas, e está tudo bem. Mas abordar os receios através de um diálogo honesto é exactamente o que este momento exige», afirmou um estudo anterior da Mercer. «Não falar sobre IA ou fingir que é um problema futuro representa um risco muito maior do que admitir que não se sabe tudo.»