Esta escola vai substituir os professores por ferramentas de IA. O objectivo é personalizar a aprendizagem
Uma escola em Londres está a substituir os professores por ferramentas de IA, como o ChatGPT, para ajudar alguns alunos a preparar-se para os exames, reporta o Business Insider.
O projecto-piloto do David Game College terá início em Setembro e 20 alunos com cerca de 15 anos de idade utilizarão ferramentas de IA durante um ano antes de fazerem os exames. As disciplinas incluem Inglês, Matemática, Biologia, Química e Ciências da computação.
«Os alunos vão beneficiar incrivelmente de uma aprendizagem adaptada alimentada por IA, que permite que cada aluno aprenda ao seu próprio ritmo, em vez de ter de acompanhar o ritmo de uma aula, que muitas vezes progride demasiado rapidamente para alguns e muito lentamente para outros», esclareceu John Dalton, vice-director da escola privada que acoleh jovens dos 13 aos 22 anos.
Os alunos serão também apoiados a tempo inteiro por três coaches de aprendizagem e receberão guiões de aprendizagem personalizados.
Dalton acredita que a aprendizagem com IA permitirá que os alunos dispendam mais tempo num tópico para o dominar, enquanto permitirá que os que estão prontos para avançar progridam mais rapidamente. Também pode ser útil para os alunos fazerem perguntas ao assistente de aprendizagem de IA que talvez não se sintam confortáveis a fazer ao professor durante a aula.
Como podem os professores incorporar a IA na sala de aula
«Não queremos apenas ensinar matéria essencial da forma mais eficiente e eficaz possível, mas também utilizar o tempo extra que isso permite durante o resto do dia para nos concentrarmos em áreas como a autoconsciência, o pensamento crítico, a cidadania activa, a literacia digital, a expressão artística, falar em público e empreendedorismo», acrescentou.
Alguns educadores esperam que a IA possa ajudar a resolver problemas como professores sobrecarregados, aumento do tamanho das turmas e falta de engagement individual com os alunos. Outros acham que pode ter desvantagens.
Exemplos promissores
«Embora a IA possa ser um complemento valioso para os professores, não pode substituí-los inteiramente», garantiu Hadida Grabow, directora da consultora Higher Learning Group, ao Business Insider.
Ainda que haja alguns «exemplos promissores» de ferramentas como o Socratic da Google, uma aplicação de aprendizagem baseada em IA para estudantes que disponibiliza explicações e recursos, ou o assistente de ensino de IA da Khan Academy, Grabow considera: «Não estamos a ver nada que possa realmente substituir um educador de qualidade.»
Karl Knapp, reitor da escola de negócios da University of Indianopolis, disse que os sistemas de IA podem «alucinar» ou inventar algumas coisas, sendo improvável que os alunos «verifiquem cada resposta ou resultado do sistema de IA».
Os sistemas de IA também não conseguem avaliar o tom de voz ou as expressões faciais, que segundo ele, são «indicadores-chave da compreensão do aluno ao ensinar».
Aprendizagem humanizada
Dalton esclareceu que os alunos participantes no projecto-piloto passarão as tardes num conjunto de actividades «de apoio diversificado que inclui aprender a debater, iniciar um negócio, desenvolver competências empreendedoras, explorar a IA e literacia financeira e participar em actividades criativas como cozinhar e pintar».
Acrescentou que a escola «humanizou o processo de aprendizagem da IA, criando uma experiência educativa holística e envolvente». Os alunos podem ainda interagir com os professores se quiserem.
«O sistema não julga os alunos. Em vez disso, permite-lhes aprender ao seu ritmo e num ambiente seguro. Acreditamos também fortemente que esta abordagem aumentará a confiança dos alunos à medida que alcançam o domínio da matéria, o que, por sua vez, melhorará a sua saúde mental», concluiu.