Esta vai ser a maior mudança no trabalho remoto e híbrido em 2024, diz o CEO de uma tecnológica
No espaço de cinco anos, o trabalho remoto deixou de ser um benefício para se tornar um privilégio cobiçado pela maioria dos profissionais. Os empregos remotos não vão desaparecer por completo, disse o cofundador e co-CEO da Atlassian, Scott Farquhar, à CNBC Make It, mas vamos assistir a grandes mudanças este ano.
A procura por empregos remotos continua a superar a oferta: em Dezembro de 2023, os empregos remotos representavam menos de 10% das publicações anunciadas no LinkedIn, abaixo do máximo de 20,6% em Março de 2022, embora quase metade dos candidatos prefiram funções remotas.
Os empregos remotos não vão desaparecer por completo, mesmo que alguns se tornem mais difíceis de encontrar, disse o cofundador e co-CEO da Atlassian, Scott Farquhar, à CNBC Make It. Em 2020 a empresa australiana de software adoptou uma política “Team Anywhere”, que permite aos colaboradores escolher entre trabalho remoto, presencial ou híbrido.
Em vez disso, Farquhar diz que a maior mudança que vamos ver no trabalho remoto em 2024 será a introdução de regras mais rígidas e permanentes por parte das empresas nos seus acordos de trabalho remoto ou híbrido.
«Vai tornar-se insustentável as pessoas estarem naquele meio termo e dizer aos colaboradores: “Vocês têm de vir ao escritório 1-2 dias por semana”, sem especificar que dias ou impor a presença no escritório e, ao mesmo tempo, permitir aos colaboradores que não vivem perto do escritório que trabalhem em casa», explica.
Mais empresas estão a migrar para uma estrutura híbrida para equilibrar as exigências de flexibilidade dos profissionais com o desejo dos empregadores de presença no escritório, conclui um relatório recente do LinkedIn, que observa que as ofertas de emprego híbridas estão a ultrapassar os anúncios de emprego remotos.
Independentemente da estrutura escolhida pelos empregadores, Farquhar prevê que mais organizações passarão da fase experimental e suave do trabalho flexível para assumir um compromisso claro com um acordo específico.
«Creio que os empregadores estão a perceber que não é muito produtivo ter algumas pessoas no escritório, algumas totalmente remotas, e tentar conciliar tudo isso diariamente», diz Farquhar.
Mensagens confusas sobre trabalho remoto e regresso ao escritório
Embora mais empresas tenham introduzido requisitos mais rigorosos para os trabalhadores, a ocupação dos escritórios permaneceu relativamente inalterada entre 2022 e 2023.
De acordo com Farquhar, isso acontece porque os colaboradores estão a receber mensagens confusas sobre o regresso ao escritório. «As empresas sofreram tantas reviravoltas no regresso ao escritório que é difícil para os trabalhadores compreenderem e confiarem qual é exactamente a sua posição em relação a isso», acrescenta.
O mesmo se aplica a empresas que adoptaram acordos totalmente remotos, como a Atlassian. Sem directrizes claras em vigor, o conflito pode surgir facilmente. No início, a Atlassian permitia que os colaboradores trabalhassem num fuso horário à sua escolha, desde que os gestores aprovassem, e estivessem localizados num dos 13 países onde a Atlassian opera.
«O que descobrimos é que vamos abrir excepções, por exemplo, para uma ou duas pessoas trabalharem no Japão, mas o resto da equipa está 12 ou 14 horas atrasada e, no final das contas, a felicidade deles no trabalho sai afectada», diz Farquhar.
A introdução de algumas restrições à flexibilidade de localização dos colaboradores, como fusos horários específicos para cada equipa, ajudou, diz Farquhar, mas reconhece que a Atlassian «ainda não acertou em cheio».
«Tivemos de dizer “não” aos candidatos que não conseguiam adaptar-se ao fuso horário da sua equipa e ajustar as nossas políticas de localização para que fossem mais claras e específicas», acrescenta.
Farquhar diz que não ficaria surpreendido se mais empresas remotas introduzissem algumas restrições à localização dos trabalhadores em breve, principalmente para evitar problemas fiscais e de fluxo de trabalho.
Em última análise, os empregadores vão perceber que «não podem ter o melhor dos dois mundos», diz Farquhar. Por outras palavras, «se já permites que algumas pessoas trabalhem remotamente, não podes forçar os colaboradores que vivem perto a virem ao escritório para justificar as despesas de arrendamento», explica. «É preciso ter uma política consistente e clara e dar aos colaboradores acesso justo aos mesmos benefícios, caso contrário, vão procurar noutro sítio».