Estamos em trânsito…

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

 

Uma expressão muito comum quando viajamos, em particular de avião. Acabamos sempre por conhecer, muitas vezes, mais aeroportos do que países. E esta é também a realidade da vida sempre que refletimos sobre um mundo em mudança.

Mas o estar em trânsito nem sempre é mau: aproveitamos este efeito temporal para colocar a nossa vida em dia. Umas vezes efetivamente refletimos, outras estudamos ou lemos, ou colocamos o trabalho em dia. E simplesmente também descansamos.

Observando o momento atual, estamos realmente em trânsito! Sabemos que a pandemia que tanto nos tem afetado, entrará em endemia. Sabemos que estão a chegar muitos milhões da célebre “bazuca” europeia. Sabemos, ainda, que a digitalização fará parte do nosso futuro. Falta-nos, talvez, uma “bola de cristal”, para percebermos o que tudo isto, e muito mais, nos trará daqui para a frente!

Mas acima de tudo há que ter confiança no País, em particular nas nossas Organizações, públicas e privadas. De grande, média e pequena dimensão. Mas mais que tudo temos confiança nas Pessoas. O País exige certamente um repensar do ponto de vista estrutural. Após um período, no mínimo estranho, há que cuidar novamente do Clima organizacional, com impacto direto no desempenho e motivação e, no fim da linha, na produtividade. Diálogo e trabalho colaborativo são os pilares de um retomar do sentimento de pertença. Clareza, respeito e transparência forçam uma retoma consolidada. Mais que no passado, Valores e Princípios de Conduta, são basilares, alicerçando o “toque a rebate” para os desafios que se perfilam.

Estamos, pois, em trânsito da saída de uma crise, com forte impacto, que nos afetou de forma relevante. Até porque, na maioria das vezes, achámos que tínhamos controlo sobre a (nossa) Saúde. Raramente nos preocupamos com o fim da vida, a não ser quando nos aproximamos desse limite. A questão é que a crise que vivemos deixou marcas em muitas pessoas, nelas próprias, ou em entes próximos. Acreditamos sempre que o desenvolvimento da Ciência e Cuidados de Saúde robustos nos protegiam. A verdade é que tudo foi posto em causa, o que está a ter reflexos muito determinantes na Saúde Mental. Certamente, o parente sanitário esquecido, mas que agora se torna relevante.

Nesta perspetiva, nunca, mais que agora, se torna relevante gerir diferentes gerações. Gerações que no passado experienciaram, e viveram, períodos críticos. E gerações, mais recentes, que assumiram que a vida não tem assim tantas dificuldades. E que mesmo quando existiam, a solução aparecia. A verdade é que estudos recentes apresentam os jovens como muito afetados por este momento atual, na Escola, no Emprego! E é este o momento de agregar visões e experiências diferentes. Consolidar uma Cultura geracional pode potenciar uma determinante riqueza nas Organizações, criando equilíbrios entre a inovação e o modus operandi, por exemplo.

Estar em trânsito é assumir com realismo e objetividade que a Gestão de Pessoas está a evoluir. Estar em trânsito é flexibilizar e agilizar processos e procedimentos, é garantir respostas intergeracionais e interculturais, é comunicar mais e melhor. Estar em trânsito é repensar padrões de bem estar e oportunidades de desenvolvimento, de competências e de comportamentos. Estar em trânsito é refletir sobre Valores, organizacionais, e de Vida. É percebermos que há sempre uma oportunidade de recomeçar… com (outra) Qualidade, no seu sentido mais lato.

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