Estas sete tendências estão a marcar o sector de Bens de Consumo e têm implicações na gestão de talento

O ManpowerGroup Global Insights, estudo da ManpowerGroup, avança as sete principais tendências que irão afectar a indústria de Bens de Consumo e identifica as mudanças no comportamento de compra dos consumidores, as estratégias de relação com os consumidores e as implicações destas tendências na gestão de talento.

 

Identificou sete:Tendência 1 – Atenção às expectativas dos consumidoresAs expectativas dos clientes em relação às marcas continuam a aumentar. Temáticas como a responsabilidade social corporativa, a sustentabilidade, a conveniência ou a transparência são cada vez mais inegociáveis. Paralelamente, aumentam também as exigências relativamente a uma experiência de consumo mais digital, personalizada e em constante melhoria, com o comércio electrónico a ampliar cada vez mais a sua quota no mercado retalhista. Além destes factores, com a inflação a afectar o poder de compra global, os consumidores procuram, actualmente, propostas de valor que entreguem mais por um custo menor.O serviço e a experiência do cliente tornam-se cada vez mais centrais na estratégia das empresas, no entanto, segundo dados da Qualtrics, 36% dos consumidores afirmam estar insatisfeitos com as suas experiências recentes de serviço ao cliente.

Este contexto está a impulsionar as empresas do sector a procurar o talento ou os parceiros externos adequados para melhorarem continuamente o seu contacto com o cliente, em particular, no contexto digital, ao mesmo tempo que a pressão sobre os preços acentua a necessidade desta optimizarem os seus custos de trabalho.  

Tendência 2 – Os consumidores querem maisPara dar resposta aos actuais desafios do mercado, as empresas estão a aproximar-se dos consumidores e a concentrar-se nas necessidades que ainda não se encontram satisfeitas. Assim, têm vindo a desenvolver modelos de negócio omnicanal e directos ao consumidor, e a inovar na forma como utilizam os dados dos consumidores e os novos canais de relação com o cliente.Para garantirem a concretização de todos estes progressos, cresce a necessidade das empresas encontrarem o talento com as competências necessárias, nomeadamente no domínio do desenvolvimento de aplicações e da ciência dos dados, mas também da logística e do ecommerce, capazes de apoiar a expansão das vendas DTC (directas ao consumidor). Conseguir fazer esta gestão do talento permitirá às organizações criar um modelo de negócio mais directo, sustentável e conectado.

Tendência 3 – A Transformação do RetalhoA inovação no sector está a aumentar, indo mais além do digital, para oferecer experiências de consumo sem atritos, com novos formatos de retalho para satisfazer a crescente procura de experiências únicas por parte dos consumidores.

Os grandes líderes da indústria estão a introduzir ferramentas que proporcionam ao cliente uma experiência sem necessidade de contacto, combinando carrinhos inteligentes, sensores avançados, câmaras e a possibilidade de pagamento móvel, que permitem evitar filas de espera. Aumenta também, naturalmente, a penetração do comércio electrónico, prevendo-se que este represente entre 18% e 30% das vendas de produtos alimentares até 2030, segundo dados da McKinsey.Esta mudança de paradigma exige, por isso, a implementação de programas de upskilling e reskilling para ajudar os trabalhadores do retalho a adaptarem-se a estes novos modelos de negócio. Ao mesmo tempo, vem impulsionar a transferência da procura por profissionais da linha da frente para áreas como a logística e distribuição, manutenção e serviço ao cliente. Por fim, revela-se cada vez mais necessária a análise da localização e o planeamento da força de trabalho, para aproximar a distribuição do comércio electrónico do consumidor.

Tendência 4 – Para levar, com sustentabilidade, por favorNovos actores e modelos de negócio estão a entrar no mercado de Bens de Consumo para transformar as formas tradicionais de retalho e serviço ao consumidor. Os negócios verdes surgem com alternativas mais sustentáveis aos produtos tradicionais, sendo que, cada vez mais startups verdes levantam volumes importantes de financiamento, num movimento que está a colocar pressão adicional sobre as marcas estabelecidas para aumentarem os seus esforços de sustentabilidade.Tendo este fenómeno em conta, prevê-se que os modelos de venda baseados em subscrições – “as-a-service” – continuem a crescer e a oferecer o valor procurado pelos consumidores, a par do aumento dos pedidos de restaurantes de entrega, recolha e drive-thru. Consequentemente, a procura por empregos verdes continuará a aumentar, nomeadamente em funções como logística inversa ou recondicionamento, ao mesmo tempo que cresce também a necessidade de apostar em programas reskilling, upskilling e outplacement para profissionais em funções tradicionais afectadas pela inovação.

Tendência 5 – Fabricar, mas mais depressaCom a Indústria 4.0 em pleno desenvolvimento, os fabricantes procuram maximizar a produtividade, através da utilização crescente de uma combinação de automação, inteligência artificial, fabricação aditiva, big data analytics, conectividade e robótica. A automatização dos armazéns tem vindo a ser cada vez mais recorrente – capaz de proporcionar uma melhoria de 20% a 50% nos níveis de serviço, segundo a BCG –, e a fabricação aditiva, ou seja, a impressão 3D e 4D, surge agora para substituir os processos de fabrico anteriores.O avanço da Indústria 4.0 implica, portanto, um aumento da procura por talento técnico qualificado para suportar os novos processos de fabrico, bem como a necessidade de aquisição de novas competências por parte dos profissionais, com vista a desempenharem as novas funções criadas pela automatização.

Tendência 6 – Em breve, num país perto de siAs empresas estão a reexaminar décadas de globalização e consolidação das suas cadeias de abastecimento, que permitiram poupanças de custos significativas, mas uma redundância mínima quando qualquer parte da cadeia é interrompida, como se verificou na pandemia. Desta forma, mais de metade dos fabricantes afirmam ter realizado operações de nearshore – investimento em países próximos – ou reshore – incentivo do retorno da produção para o país de origem – nos últimos 24 meses, segundo dados da EY.  Com esta tendência de descentralização, aumenta a procura de talento na indústria transformadora localizada mais perto dos principais mercados de consumo da Europa e da América do Norte. Revela-se assim essencial às empresas definirem estratégias de localização da sua força de trabalho, de forma a identificarem e garantirem o acesso aos profissionais mais qualificados.

Tendência 7 – Agir enquanto a oferta se mantémAinda que a procura global por talento se mantenha elevada, o mercado enfrenta desafios como a inflação global e a escassez de talento, com 86% dos empregadores de bens e serviços de consumo em Portugal a afirmarem ter dificuldade em encontrarem os profissionais desejados, segundo o Talent Shortage Survey 2023.Sendo este desencontro de competências o «novo normal», aumenta a necessidade de as empresas melhorarem continuamente a sua proposta de valor enquanto empregadoras, para recrutarem e reterem o talento que procuram. Esta realidade implica o desenvolvimento de abordagens inovadoras para manterem trabalhadores altamente qualificados, mas que se encontram em envelhecimento, sendo essencial a aposta urgente na sua aquisição de competências, através de programas de upskill e reskill.

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