Este projecto quer promover formação e sectores emergentes do mar em Portugal

O Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), no Porto, lidera um projecto financiado em mais de 30 milhões de euros que pretende promover a formação e o desenvolvimento de sectores emergentes do mar.

O projecto, intitulado INESCTEC.OCEAN e financiado em mais de 30 milhões de euros no âmbito do concurso Teaming for Excellence do programa Widening do Horizonte Europa, concretiza o quinto centro de excelência português e o primeiro na área do mar.

Até 2031, o centro vai procurar promover avanços tecnológicos, aproximar a investigação e o sector empresarial e estimular a transferência de conhecimento.

Em declarações à Lusa, o coordenador do projecto e antigo presidente do instituto do Porto, José Manuel Mendonça, esclareceu que o centro vai focar-se em quatro áreas cientíicas: as energias renováveis offshore, a monitorização do mar profundo, a avaliação de impacto ambiental das actividades humanas e a aquacultura offshore.

O objectivo é dar resposta às necessidades científicas e tecnológicas nestas áreas em Portugal, cuja linha de costa, com cerca de 2500 quilómetros, representa 95% do território nacional.

Uma das prioridades é a energia eólica offshore, a qual «é preciso promover e apoiar» na Península Ibérica, mas também investigar e estudar, sobretudo para a concretização do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC), que prevê a instalação de dois gigawatts na costa portuguesa até 2030.

«Isto tem de ser tudo estudado por várias razões, por razões ambientais, por razões económicas e financeiras e, por razões até, se quisermos, de soberania estratégica do país», assinalou.

O centro irá por isso apostar na formação e capacitação de engenheiros na área do mar. «Queríamos ter 200 engenheiros na área do mar em 2031, mas diria que fomos conservadores e vamos ter mais porque, neste momento, já quase chegamos aos 100», referiu, destacando a importância desta formação para o sector empresarial português.

Outro dos objectivos passa por aumentar o volume de projectos de investigação e de cooperação com o sector empresarial, que, neste momento se fixa em sete milhões de euros, mas que se pretende que chegue aos 20 milhões de euros.

A par da formação e dos projectos de investigação, a aceleração em 30% dos testes de validação da tecnologia é outra das ambições. Para que tal seja possível, é necessária uma rede de infraestruturas em terra e offshore para testar as tecnologias, dispondo, neste momento, o centro de duas instalações diferentes, uma em laboratório e outra na Aguçadoura, na Póvoa de Varzim.

Em curso está a construção de uma bacia oceânica na Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), que deverá estar concluída no final de 2026, e que servirá para testar em profundidade, avançou José Manuel Mendonça.

«O nosso território dispõe de condições privilegiadas para o desenvolvimento da economia azul e, agora, vai poder contar com um centro de excelência de nível europeu, que ambiciona, através da investigação e da engenharia oceânica, alavancar todo este potencial», acrescentou.

Liderado pelo INESC TEC, o projecto conta com a participação do centro de investigação e desenvolvimento norueguês SINTEF.OCEAN, que assumirá um papel de mentoria.

O centro, que em Portugal tem como parceiros o Fórum Oceano e a APDL, será inaugurado esta semana num programa que contará com a presença das secretárias de Estado da Ciência e do Mar, dos presidentes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) e da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), bem como da Embaixadora da Noruega.

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