Estórias com Propósito | Vera Norte (Comunicatorium): Deixar os outros brilhar

Não preciso das luzes da ribalta, não vou mudar o mundo, mas o impacto que tenho junto de todos os que passam pela minha vida é o que me faz verdadeiramente feliz.

 

Por Vera Norte, Managing partner do Comunicatorium, mentora de Comunicação; assessora de Economia Social

 

A procura do propósito é algo quase transcendente que, de alguma forma, toca uma parte de mim enquanto ser humano e da qual sempre tenho fugido.

Escolhi o curso de Engenharia no Instituto Superior Técnico (IST) por me parecer um desafio à altura da minha ambição. Muito cedo comecei a trabalhar e também desde muito cedo com desafios complexos em equipas diversas e bem desafiantes. Restruturações, ambientes fabris muito masculinos, mas simultaneamente sempre muito feliz e realizada. Relembro invariavelmente muitos episódios ao longo da minha vida profissional e quase sempre com um brilho de saudade nos olhos e um sorriso nos lábios.

A Engenharia foi um meio, uma ferramenta importante, mas não me levou ao que eu queria descobrir e que sabia ter de passar pelas pessoas. Fui conseguindo, aprendendo sempre. A aprendizagem tem de ser contínua e cada vez mais em curtos intervalos. Consegui encaminhar a minha carreira no sentido de fazer o que mais gostava, o Marketing, a Comunicação, a Gestão de Pessoas. São 40 anos de carreira sempre com muita dedicação e esforço. Muitas horas ao computador, muitas viagens, dois anos a viver fora do País, muita correria e tantas vezes a última a chegar ao colégio para ir buscar o filho. A ambição por uma carreira esteve sempre lá, mas não necessariamente a vontade de estar na primeira fila. Na verdade, muitas vezes discreta e eficiente, como me diziam. O protagonismo era substituído pelo prazer do objectivo cumprido.

Quantas vezes sentada não na primeira fila, mas no meio da sala, para que o meu orador pudesse olhar-me nos olhos e sentir a minha confiança no seu discurso. Ajudar pessoas a conseguirem fazer algo que consideravam impossível faz- -me feliz. Efectivamente, não era na primeira fila que queria estar, mesmo tendo atingindo o topo.

Na Tetra Pak, era a única portuguesa no top management, uma entre 25 mil colaboradores, a única portuguesa em mais de 150 países a pertencer aos 250 top managers da empresa.

Todos os Natais, era altura de reunir o top management num almoço em Lund. O meu filho não gostava da minha ausência nessa altura do ano e, um dia, mostrei-lhe a foto com todos para que pudesse ver como a mãe era “importante”, e de alguma forma ajudar-me a justificar a ausência. Disse-me: «Mãe essa fotografia é como encontrar o Wally! Todos parecem iguais. Mas tu és diferente e eu consigo encontrar-te!»

Acho que, de alguma forma, me fez perceber o meu “propósito”, não preciso da primeira fila, das luzes da ribalta, acredito na ligação que estabelecemos uns com os outros, não vou mudar o mundo, mas o impacto que tenho junto de todos os que passam pela minha vida é o que me faz verdadeiramente feliz.

Hoje dedico-me a estudar a comunicação, o processo, as ferramentas. Acredito que é o que nos distingue fundamentalmente dos outros amigos na Terra. E acredito também que é um poder determinante. Num mundo que tantas vezes me parece enlouquecido, a comunicação é fundamental. Há que encontrar formas de dar voz aos que falam mais baixo, mas sobretudo estar muito atento ao que nos chega. Precisamos de aprender a saber ouvir, é fundamental não perder o sentido crítico e a capacidade de distinguir os factos.

Faço mentoria individual para ajudar a comunicar melhor. Acredito no poder da Comunicação, nomeadamente na Gestão de Pessoas e das equipas.

Nos últimos anos, e porque me ajudam na construção da minha “história com propósito”, trabalho com associações sem fins lucrativos. A dNovo ajuda desempregados com mais de 50 anos e habilitações superiores a regressar ao mercado de trabalho (www.dnovo.pt), a PWN apoia o desenvolvimento de jovens mulheres (www.pwnglobal.net) e a Associação Sara Carreira (www.saracarreira.com) ajuda jovens a concretizar os seus sonhos.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Abril (nº. 172) da Human Resources, nas bancas.

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