Estudo identifica dois factores de desenvolvimento essenciais para as empresas (e sucesso de Portugal)

A retenção de talento e o compromisso das equipas são verdadeiros motores de desenvolvimento das empresas e são das principais preocupações das empresas francesas em Portugal. Esta é uma das conclusões do estudo “Desenvolvimento Humano, factor-chave para o sucesso de Portugal – o contributo das empresas francesas”, realizado pelo BNP Paribas Personal Finance em parceria com os Conselheiros do Comércio Externo da França (CCEF) em Portugal e apresentado na 8ª conferência económica franco-portuguesa, que teve lugar na Fundação Calouste Gulbenkian.

 

No que toca às práticas para reter talento nas empresas francesas, as ferramentas mais importantes, de acordo com o inquérito realizado, são o feedback entre pares e superiores (85%) e o reconhecimento dos trabalhadores (82%). O desenvolvimento de competências técnicas (76%) vem em terceiro lugar e seguem-se as acções de convívio (73%), os planos e oportunidades de desenvolvimento de carreira (73%), e a promoção do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (69%).

Os benefícios mais oferecidos aos trabalhadores são os planos/seguros de saúde (85%) e a flexibilidade de horário (76%).

Todos os representantes inquiridos nas empresas francesas consideram o papel da formação importante. A grande maioria (82%) considera mesmo este um factor muito importante. De igual modo, a quase totalidade (97%) dos representantes apontam a importância de adquirir competências para o desempenho de novas funções ou para dar resposta a novas formas de trabalho nas funções actuais. Para responder a esta necessidade, o recrutamento surge como a medida mais referida (85%), seguindo-se o upskilling (82%) e, depois, o reskilling (42%).

Entre os diferentes temas relacionados com a diversidade e inclusão, a promoção da igualdade de género surge como uma das práticas de maior consenso (65%) nas empresas francesas. A inclusão de pessoas com deficiência é a prática menos expressiva. Cerca de metade dos responsáveis das empresas francesas inquiridas (48%) sente que a empresa está totalmente capacitada para responder a esse desafio.

Para a concretização do estudo em questão, além dos inquéritos realizados a representantes das empresas francesas em Portugal, também foram feitos inquéritos a cidadãos portugueses, pela empresa de estudos de mercado NielsenIQ. Uma das principais conclusões desta análise revela que o regime de trabalho presencial continua a ser o mais comum em Portugal, com 87% dos trabalhadores em regime presencial, 8% em regime híbrido e apenas 3% em teletrabalho.

Por outro lado, verifica-se que quem tem a possibilidade de exercer a sua actividade profissional em teletrabalho (75%) ou em regime misto (82%) tende a preferir esses regimes face ao presencial.

Deste estudo sai também que os portugueses consideram que a promoção do desenvolvimento humano é, sobretudo, uma responsabilidade dos próprios cidadãos (63%). Seguem-se, nessa hierarquia de responsabilidades, o Estado (57%) e as Escolas (55%). As Empresas aparecem apenas em quarto lugar (43%).

Outra das conclusões do estudo mostra que os portugueses olham para os benefícios de uma forma holística, com critérios que vão além do salário. O acesso ao refeitório na empresa (33%) e dias de férias extra além dos obrigatórios (31%) são os benefícios que se encontram no topo das preferências dos portugueses, seguindo-se os Planos/Seguros de saúde (20%).

Relativamente à retenção de talento, os portugueses dão respostas positivas. Nove em cada 10 avaliam positivamente a entidade empregadora no que respeita à retenção de talentos e cerca de 50% dos inquiridos considera que as pessoas são valorizadas, mas nem sempre são remuneradas adequadamente.

Todos os inquiridos consideraram o papel da formação importante e 82% consideram esta uma ferramenta muito importante. Neste aspecto, o atributo menos bem avaliado é a frequência da formação, com 49% a estarem muito ou totalmente satisfeitos.

Também entre os portugueses, o estudo deixou bem patente que diversidade, inclusão e responsabilidade social não são opcionais. Metade dos Millennials (48%) e da Geração Z (49%) afirma que não aceitaria um emprego que não estivesse alinhado com os seus valores sociais e ambientais, algo que se reflectiu nas respostas dos inquiridos. 87% prefere trabalhar em empresas com práticas de D&I e preocupam-se com estes temas.

Ainda numa óptica de diversidade e inclusão, 60% mostram-se bastante preocupados com o racismo, a xenofobia, a diversidade geográfica e étnica, com a discriminação em função da orientação sexual e/ou identidade de género e com a desigualdade de género.

Em contrapartida, a contratação de pessoas com deficiência é uma batalha que ainda está por vencer. Quando questionados se a sua entidade empregadora contrata pessoas com deficiência, 44% dos inquiridos disseram que não e só 34% responderam afirmativamente.

No campo da responsabilidade social, o bem-estar dos colaboradores é o tópico chave, com 40% dos entrevistados a entenderem que as ações destinadas a promover a qualidade de vida dos colaboradores devem ser prioritárias nas empresas. Seguem-se, a promoção da diversidade e da inclusão (35%) e as acções destinadas a promover a sustentabilidade junto da sociedade (34%).

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