Felicidade ou Tragédia: qual o curso da História?

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

O curso da história, seja ela qual for, tanto pode determinar a felicidade, como a tragédia. Muitos são os exemplos ao longo da História da Humanidade. Não será avisado entrarmos na lógica de que nunca se viveram tempos como os atuais. Tão simplesmente tínhamos a perceção que no século XXI, com todo o desenvolvimento tecnológico, com a globalização da informação, em particular, com tantos recursos à nossa disposição, estaríamos salvaguardados de muito males.

Perante o que nos temos confrontado nos últimos dois anos, chegamos à conclusão que, certamente, estamos ainda, ou mais, desprotegidos. O desenvolvimento da Ciência não previne claramente fortes ameaças sanitárias e muito menos catástrofes naturais. Assim como as diversas e globais estruturas de decisão internacionais, mais informadas e preparadas, alegadamente guardiãs da democracia, não evitam guerras, nem o sofrimento de quantos estão envolvidos.

Os impactos são gigantescos, assim como a repercussão em organizações mais micro se fazem sentir. E o pior de tudo é verificar-se que os centros de decisão, na maioria das vezes, não são capazes de dar resposta. Por falta de talento? Nem sempre! Essencialmente porque se pensou que tudo era adquirido. Ou tudo sempre estava longe de nós. Qual globalização se as assimetrias continuavam a existir! A lógica de que para um ganhar, o outro tem de perder, talvez nos tenha conduzido a uma crise de alguma persistência. O mundo não é um campo de futebol com duas equipas de cada lado, em que um tem de ganhar para levar a taça.

E é esta lógica que conduz à perpetuação de uma guerra, por exemplo, que, para além das atrocidades cometidas, empurra milhões para uma vida que nunca pediu para ter. A verdade é que se desenham e constroem planos de desenvolvimento global, se realizam conferências mundiais para melhorar o ambiente e se divulgam grandes discursos cheios de intenções. Tudo sem dúvida importante. Mas ações concretas que, na prática, levem a que certos países se desenvolvam, que deixem de existir milhões de refugiados e que não andemos sempre a correr atrás do prejuízo, são escassas.

Tudo o que acontece parte de uma causa, ou várias! Desprezámos os problemas, alguns deles bem perto de nós. Descurámos, na maioria dos casos, um pilar básico: a Educação… e a Formação ao Longo da Vida. Mas todos os dias, escrevemos e falamos que são objetivos estratégicos de cada Sociedade. Sem sombra de dúvida que aumentámos os níveis de literacia, escolaridade, mestrados, doutramentos e pós docs. Fantástico e importante. Mas o que fizemos concretamente pela crise de Valores que se foi instalando? O que se fez pelo capacitação ética e moral? Ou tão simplesmente proporcionarmos os mecanismos que permitem um similar acesso a oportunidades, colmatando lacunas de necessidades básicas, e em que a verdadeira Educação e Formação ao Longo da Vida proporcionasse a aquisição das competências fundamentais para se encarar uma história de vida feliz, minimizando a tragédia.

A Tragédia Grega sempre se caraterizou pela sua seriedade e dignidade, pondo em questão os deuses, o destino ou a Sociedade. O problema é que a Tragédia atual dizima pessoas e os Valores por que se regem. Mas acreditemos que estão a ser repensados fatores de coesão, em prol das pessoas e da busca da felicidade delas.

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