Flash Talk: Como as tecnologias estão a alterar o nosso mundo?

A SingularityU Portugal Summit Cascais arrancou ontem no novo Campus da Nova SBE, em Carcavelos. É a primeira vez que esta cimeira, que termina hoje, se realiza em Portugal. O objectivo é inspirar líderes e gestores para um aproveitamento das tecnologias orientado para a resolução dos problemas da humanidade.

 

Por Diana Pedro Tavares

 

A SingularityU Portugal Summit Cascais junta oradores especialistas em Inteligência Artificial, Biotecnologia, Cidades Inteligentes, Robótica, Internet das Coisas, Energia, Medicina, Ambiente, Educação, Blockchain, Sistemas e Redes, Financiamentos e Culturas.

Além de painéis sobre o futuro do trabalho e a possibilidade de cada um poder inovar como uma startup, também vão ser abordados temas sobre como o blockchain pode ser usado para a economia circular e para os nossos oceanos, ou porque é que a bitcoin é importante para a liberdade dos cidadãos.

Ricardo Marvão, um dos responsáveis pela organização da cimeira e co-fundador da Beta-i, explica de que forma os líderes podem aprender com o uso da tecnologia cada uma destas áreas e a importância de as juntar para possibilitar o networking.

Como foi trazer esta conferência para Portugal?
Foi um processo relativamente rápido pois a sede da Singularity University percebeu logo de início que os players que estavam a querer trazer a SingularityU Summit para Portugal (Beta-i, NovaSBE e CMCascais) eram credíveis, com um projecto a longo prazo, bem estruturado e fundamentado e que cada organizador iria trazer vários pontos fortes ao projecto.

Para quem não conhece este evento, qual é o objectivo e a quem se dirige?
É o primeiro momento de contacto com os líderes de hoje e os jovens líderes de amanhã, para os desafiar a pensar com um mindset exponencial e a perceber de que forma as tecnologias estão a alterar o nosso mundo e a ligá-lo de forma cada vez mais mais rápida. Através de um programa de dois dias, para executivos, empreendedores, membros do governo, ONGs, educadores e jovens, o evento pretende explorar tendências globais que advêm do rápido crescimento da tecnologia e ensinar a lidar com os desafios dos negócios, organizações e indústrias do futuro

De que forma pode ajudar a capacitar e inspirar os líderes?
A SingularityU Portugal Summit está feita para que os participantes explorem primeiro os grandes tópicos das tecnologias emergentes em conferências mais gerais e depois possam escolher sessões mais aprofundadas em sectores específicos ou workshops e sessões hands-on, fazendo com que a audiência tenha que escolher aquilo mais lhe possa interessar. Por outro lado, as possibilidade de networking entre pessoas de diferentes áreas, a diversidade de temas e o diálogo entre várias perspectivas trará boas discussões.

Os temas e os oradores são muito diversos, desde CEOs de Tecnológicas a astrobiólogos. Que papel tem este networking na inovação das empresas?
A diversidade de opiniões e a interligação entre domínios é cada vez mais importante nas organizações que querem estar prontas para o futuro. E as oportunidades vêm muitas vezes dos sítios que menos se espera. Ao mostrar a diversidade que existe lá fora (principalmente para quem está sempre focado em tecnologia será muito interessante perceber o que se passa noutras áreas), é uma forma de pensar diferente e de mudar o mindset.

Que vantagem tem um empresário mais “tradicional” em estar presente?
Essencialmente faz abrir os olhos para um conjunto de realidades que pareciam distantes, mas que na verdade estão mesmo à porta. E abre um conjunto de perguntas novas na mente dos nossos líderes.

É também co-fundador da Beta-i, por isso trabalha muito na área da Inovação. Que tecnologias cujo uso hoje ainda é uma excepção, vão ser banais daqui a 10 anos?
Acho que mais do que pensar em tecnologias, é preciso analisar alguns temas que, sendo mais abrangentes, vão ter profundas alterações no futuro, tais como novas formas de aprendizagem, ou o futuro do trabalho ou mesmo a governação. Há certamente várias tecnologias que irão ser banais, tal como há 40 anos era uma surpresa perceber como funcionava um micro-ondas e hoje em dia é comum. Mas, acima de tudo, sinto que a nossa forma de interagir, de trabalhar e de explorar formas de colaborar é que vão ser as verdadeiras diferenças.

Como pensa que a Inteligência Artificial, a Internet das Coisas ou o blockchain pode mudar o mundo empresarial, nomeadamente a forma de trabalhar?
Já há muitos exemplos de como todas essas tecnologias estão já a alterar o nosso mundo empresarial, e já há alguns anos. Agora está é mais visível, mas o verdadeiro impacto é quando estas tecnologias, que normalmente partem de um ponto linear, atingem um ponto exponencial, como fazer alterar coisas que no passado assumíamos como sendo impossíveis ou que levariam muito tempo a concretizar.

E a cultura organizacional, também está a mudar?
Imenso. Não só porque a cada dia temos mais ferramentas que nos ajudam a trabalhar melhor e a atingir mais pessoas dentro da organização (como os coaches virtuais), como a forma de trabalhar e comunicar com esta nova geração é também muito diferente (por exemplo, o pouco uso de email nos adolescentes versus outras ferramentas).

Estão planeadas mais edições desta conferência em Portugal?
Neste momento não.

Quais as principais competências que um líder deve ter, para gerir, no futuro, não só pessoas, mas também todas estas novas tecnologias que vão fazer parte do dia a dia do mundo empresarial, na próxima década?
Acima de tudo diria que a capacidade de criar uma cultura forte, inovadora e capacitadora terá de ser a base. Já o Peter Drucker dizia que “a cultura come a estratégia ao pequeno-almoço”.


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