Desafio: Formação. Um pilar fundamental para o futuro do trabalho

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

 

Desafio: Formação! Para as Pessoas, para as Organizações. De acordo com o relatório do Fórum Económico Mundial, seis em cada dez trabalhadores precisam de ações de formação antes de 2027. Nada de novo já que a formação deve ser equacionada como algo de contínuo, relevada sempre numa lógica de desenvolvimento das pessoas e com impacto na própria produtividade e capacidade de resposta das organizações. Infelizmente, os estudos apontam que apenas metade dos trabalhadores tem acesso a oportunidades de formação adequada actualmente.

O relatório realça, ainda, que cerca de 44% das competências de um trabalhador vão necessitar de ser atualizadas. Logicamente não é nada de estranho quando nos situamos na transformação em curso e na vai continuar a processar-se, nomeadamente pelo aumento da digitalização. Sem dúvida que o aumento de automação, por exemplo, coloca risco sobre algumas funções, mas há empregadores que, por outro lado, têm uma expetativa positiva que novas tecnologias podem gerar mais postos de trabalho até 2027.
Mas o impacto poderá traduzir-se numa elevada rotatividade no mercado de trabalho, com 50% das organizações a preverem crescimento de emprego e, simultaneamente, 25% a preverem perda de colaboradores. Estamos, pois, a viver momentos de alguma incerteza e de forte expectativa.

O importante é colocar-se na agenda o que é fundamental: os trabalhadores prepararem-se para as profissões do futuro, adquirindo competências relevantes e procurando oportunidades de desenvolvimento. Algo que não é fácil se a atual conjuntura macro-económica se mantiver. Assiste-se a dificuldades do ponto de vista de gestão dos orçamentos familiares, o que a iniciativa própria para a formação fica altamente comprometida. Espera-se, pois, que esse investimento tenha um forte investimento das próprias organizações. Detetando as reais necessidades de capacitação, mas também disponibilizando recursos financeiros.

A previsão para os próximos cinco anos realça a formação ao nível da inteligência artificial e big data (indicada por cerca de 42% das empresas alvo do estudo consubstanciado no referido relatório), mas não deixa de fora competências ditas mais comportamentais, como é o caso do pensamento analítico (48%) e do pensamento criativo (43%). Como profissões emergentes a aposta deverá ser feita nos especialistas de inteligência artificial e machine learning, especialistas em sustentabilidade, pois as competências verdes estão também a ser consignadas finalmente nas grandes opções estratégicas, mas também especialistas de business intelligence e analistas de segurança da informação. Outras estão a surgir, em linha com a transformação digital e com a transformação verde, mas outras irão surgir de acordo com a evolução. É essencial, pois, que os trabalhadores mantenham abertura à aprendizagem, a novas adaptações e disponibilidade para adquirirem novas valências. Até porque muitas outras profissões, por via essencialmente do avanço tecnológico irão desaparecer. Daí que o investimento no desenvolvimento pessoal e profissional é a tónica dominante.

Às organizações cabe o papel fundamental de colocar a Formação como tópico número um da sua agenda: desenvolvendo e reconvertendo os seus profissionais. É preferível a aposta no desenvolvimento do talento interno, do que pensar-se que ele está disponível no mercado. Pode ser uma solução, mas sempre complementar. Além de ser menos oneroso, quer em riscos, como em custos.

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