Gestão de pessoas: No centro do furacão. E afinal, quem manda aqui?
Consciente e deliberadamente provocador, foi este o tema da 25.ª edição da Conferência Human Resources, que juntou especialistas de referência de diferentes sectores para, sem tabus, analisarem alguns dos temas mais prementes da Gestão de Pessoas, actualmente. Realizou-se no Museu do Oriente, em Lisboa, cujo auditório voltou a encher, contando com a presença de mais de 350 pessoas. O live streaming registou novo recorde, com cerca de 66 mil entradas.
Por Ana Leonor Martins, Margarida Lopes e Tânia Reis | Fotos NC Produções
Dezasseis especialistas que, ora em mesas de debate, ora “a solo”, falaram desde o papel das empresas na Gestão de Pessoas à proposta de valor que as organizações apresentam versus as necessidades dos colaboradores, passando por trinómios como flexibilidade, responsabilidade e produtividade; e escassez, competências e (des)equilíbrio; até à incontornável lei laboral, sem esquecer a necessidade de humanização numa cultura de revolução. O ponto de partida foi uma reflexão sobre inteligência paradoxal e a necessidade de desconstrução de mitos, e terminou-se a tentar dar resposta a “Afinal, quem manda aqui.” E a resposta foi dada.
Como habitualmente, Ricardo Florêncio, CEO do Multipublicações Media Group, que edita, entre outros títulos, a Human Resources, fez um breve enquadramento ao tema da Conferência na sua intervenção de boas-vindas. Reiterando o título “Gestão de Pessoas: No centro do furacão. E afinal, quem manda aqui?”, começou por constatar que «existe um verdadeiro furacão no mundo da Gestão de Pessoas. Fruto dos tempos conturbados em que vivemos, com o aumento do custo de vida e com todas as consequências que daí advêm para as pessoas, o que tem ocupado muito do nosso tempo, atenção e preocupações, pode até estar um pouco esquecido, mas temos de facto de dedicar mais tempo à Gestão de Pessoas, porque o furacão existe mesmo», alertou. «E se nada se fizer – com celeridade –, a tendência será para piorar rapidamente. O défice entre as pessoas que entram e as que saem do mercado de trabalho é grande e o envelhecimento progressivo da população e uma pirâmide etária totalmente invertida iram contribuir para que este défice se acentue, ano após ano, atingindo valores alarmantes.»
Continua: «Por outro lado, e atendendo à evolução do mercado, cada vez temos menos pessoas com as competências necessárias. E as que as têm, inclusive aquelas que formamos, nesta nova era da globalização são facilmente atraídas para os outros países. Aliás, já nem têm de sair de Portugal para trabalhar “para fora”. E com condições com as quais as nossas empresas não conseguem competir. Quando têm mesmo necessidade de o fazer, é com um esforço adicional, que pode inclusive colocar em causa a sua rentabilidade e o equilíbrio interno. Não podemos também esquecer a alta tributação sobre o trabalho que existe em Portugal, que agrava esta dificuldade. Noutra vertente, as alterações à lei laboral em nada vêm ajudar.» Ricardo Florêncio também não esquece as empresas: «Já atingiram o nível de agilidade que é imperativo nos dias de hoje? Estão, elas próprias, a acompanhar o evoluir de todas estas mudanças? A revolução, a verdadeira mudança, já chegou às empresas?»
Conclui, sintetizando: «Temos falta de recursos – ainda mais de recursos qualificados –, uma tributação alta sobre o trabalho, uma legislação laboral que não está em linha com o actual mundo do mercado, e junte-se o clima de instabilidade e incerteza em que estamos a viver, e não há dúvidas de que temos um verdadeiro furacão no mundo da Gestão de Pessoas. E a Human Resources quer contribuir não só para a reflexão, mas fundamentalmente para passarmos à acção, pois há muito a fazer!»
E com este repto, deu-se início à 25.ª edição da Conferência Human Resources, que se realizou no passado
dia 21 de Março.
Leia o artigo na íntegra, com as todas as intervenções dos especialistas convidados, na edição de Abril (nº. 148) da Human Resources, nas bancas.
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