Get Back!
Por Ricardo Florêncio
Depois do “shutdown”, assistimos desde há algum tempo a um “get back”. Um “get back” vagaroso, cauteloso, intermitente. Mas a um “get back” necessário. E necessário porque as empresas e organizações têm de voltar a um registo de actividade que lhe permita gerar os rendimentos necessários, para poderem corresponder e cumprir os seus deveres e obrigações. Isso só é possível se assumirmos que temos de voltar a uma certa normalidade, em que possamos ir para os nossos locais de trabalho e que aqueles que podem desempenhar as suas funções e actividades em teletrabalho, ou similares, também se possam deslocar quando quiserem, ou quando for necessário.
É dos contactos, das conversas, das trocas de ideias e experiências que nascem uma parte substancial dos negócios, de ideias inovadores, de projectos. E isso, penso que todos já se aperceberam. Agora, este “get back” está-se a revelar cheio de entraves e novos desafios. Por um lado, há muitas pessoas que não desejam voltar. Uns porque são grupo de risco, outras porque têm receios reais, outros porque são as próprias empresas que não os desejam ter de volta (e isto é uma situação de que voltaremos a falar mais tarde), outros há – ainda – que pura e simplesmente se aproveitam da situação (e destes, não vale a pena falar).
Por outro lado, as pessoas que regressam aos seus locais de trabalho vêm diferentes. Pelos contactos que fomos fazendo ao longo deste tempo, relatam-nos que houve mudanças acentuadas num largo número de colaboradores. Mudanças de comportamento, mudanças de ritmo de trabalho, mudanças de capacidade de resposta, mudanças na produtividade. E as próprias empresas também estão diferentes. Não só a organização e disposição dos espaços, mas também todo o ambiente de trabalho está diferente.
Assim, como voltar a centrar as pessoas para que o que elas próprias, bem como as empresas, a economia e a sociedade necessitam? Como voltar a centrar e focalizar as pessoas? Como lidar com as questões de motivação, cultura e engagement nestes novos tempos? E a questão da liderança? Durante este período, vários novos líderes imergiram, mas também vários sucumbiram. Como lidar com este novo paradigma? E como lidar com os sentimentos de injustiça e desequilíbrios entre os colaboradores provocados por toda a situação que vivemos?
Um coisa é certa, a Gestão de Pessoas tem um papel cada vez mais activo, importante e estratégico nas empresas, pois, como se pode constatar, as pessoas são mesmo o activo mais importante das empresas e organizações.
Editorial publicado na revista Human Resources nº 117 de Setembro de 2020