Glamour precisa-se no romantizado mundo do recrutamento em TI

Independentemente da área, recrutar talento não é uma tarefa fácil. O desafio torna-se ainda mais presente se estivermos no mercado competitivo, mas também romantizado das Tecnologias de Informação (TI).

Por Artur Madeira Lopes, head of Talent Acquisition na askblue

 

Já lá vai o tempo em que os candidatos respondiam a anúncios de jornal e quem recrutava andava com os processos debaixo do braço, desde a morada para onde as candidaturas seguiam até ao escritório. Hoje, o LinkedIn é uma poderosa arma para identificar potenciais colaboradores, mas há que manter algumas das técnicas do passado para atrair quem realmente queremos, com o perfil que realmente se enquadra nos valores da organização. No final, todos saímos a ganhar.

Não basta olhar para um cv ou definir etapas enquadradas em sucessivas reuniões em formato online, comuns nos dias de hoje. O contacto presencial, a forma de comunicar e a linguagem corporal são ainda óptimas referências que só nós, recrutadores, conseguimos destrinçar. Depois, há todo um glamour que devemos recuperar para atrair estas pessoas, que vão não só desempenhar uma função, como também devem ser promotores dos valores que tornam as organizações únicas.

O recrutamento tem muito de química. Desde logo é precisar validar soft skills, que podem ser um indicador da forma como o colaborador encara os objectivos, traça metas de carreira e pretende dar o seu contributo no trabalho. O compromisso é outro desafio, ainda mais no mundo das TI, tão romantizado como o mercado mais dinâmico, cheio de oportunidades, com vagas abertas às centenas todas as semanas. Esta ideia está bem expressa na imprensa, mas também é notada nas instituições de ensino superior, que bem cedo mostram aos seus alunos que têm uma vantagem competitiva. Mas será assim? E que impacto isto pode ter na construção do futuro profissional? Este é o desafio do momento, sendo mais geracional do que transversal.

Às empresas é pedido que se adaptem, reforçando a jornada do colaborador, com planos de desenvolvimento individuais e sempre humanizados, porque não existem dois colaboradores iguais. Por outro lado, há ainda um conjunto de tendências, mais globais, a que não podem deixar de responder: upskilling e reskilling dos seus colaboradores, crescimento de negócio em áreas muito específicas e (ainda mais) competitivas, modelo híbrido de trabalho enquanto norma e não excepção, entre outros, tão bem documentados em diversos estudos de consultoras como a McKinsey.

Nesta jornada que terá de ser sempre personalizada, há que ter em conta os valores da organização – que não podem ser abstractos. Ora, desde o processo de recrutamento, esses valores têm de estar claros para todos. Para os candidatos, que vão abraçá-los e promovê-los ao longo do seu caminho, mas também para os recrutadores. É no início do processo, como uma espécie de cartão-de-visita, que tudo deve ser apresentado. Depois, vai sendo fortalecido ao longo da negociação, do onboarding e da construção da carreira do colaborador na organização.

Resumindo, de parte a parte, há compromissos que devem ser assumidos e dos quais não podemos abdicar. Mesmo – como referimos a abrir – no mercado competitivo, mas também romantizado das TI.

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