Governo quer salário médio ao nível pré-crise. Saiba como.
Uma análise divulgada pelo Observatório sobre Crises e Alternativas mostra que seriam necessárias «taxas anuais de crescimento nominais do salário médio de cerca de 4%» para uma reposição em 2023 do salário médio de 2009/2010.
De acordo com o Barómetro das Crises, que cita afirmações do Governo em defesa do crescimento dos salários, «para satisfazer os desejos expressos pelo primeiro-ministro bastaria que, entre 2019 e 2023, os salários aumentassem em média de acordo com o referencial actualmente dado pelo mercado».
Nesta quinta-feira, o Governo defendeu, na Comissão Permanente de Concertação Social, uma subida de 2,7% para o próximo ano e antecipou subidas de 2,9% para 2021 e 2022 e de 3,2% para 2023. Estes números, segundo o barómetro, «ajudam a interpretar o que está em jogo na negociação salarial que se avizinha». Todavia, alerta para os riscos resultantes da fixação de referenciais de actualização salarial em negociações tripartidas, acrescentando que tanto podem resultar num «impulso genuíno à valorização salarial» como num «travão à tendência altista dos salários que decorre do mercado», tendo em conta a «experiência anterior, nacional e internacional». E questiona: «O que irá resultar da negociação salarial? Valorização salarial ou travão à tendência altista dos salários que decorre do mercado?».
«Em sectores e empresas em que existe margem para acréscimos de produtividade ou aumento dos preços de oferta a recuperação dos salários é encarada com relativa despreocupação. Mas noutros quadrantes – particularmente os que emergiram como grandes empregadores em contexto de desvalorização salarial – a inquietação prevalece», reafirma.
A negociação salarial vai «desenrolar-se num campo de tensões entre valorização e ‘moderação salarial’ com desfecho incerto», antecipa ainda.
Recorde-se que, o decreto-lei que estabelece o aumento do salário mínimo nacional para 635 euros em 2020 foi publicado em Diário da República no passado dia 21 de Novembro, para entrada em vigor a 1 de Janeiro, com vista a chegar aos 750 euros em 2023.