Homens reformam-se com quase 80% do salário. Mulheres não chega a 60%. Mas Portugal tem fórmula de cálculo entre as mais generosas da Europa

Nos últimos anos os homens estão a levar para casa uma pensão equivalente a 74% do salário (em termos brutos) e as mulheres o equivalente a 58%. Os números baseiam-se em dados, que constam do Livro Verde para a Sustentabilidade da Segurança Social, a que o Expresso teve acesso.

 

Em termos teóricos, Portugal tem uma fórmula de cálculo generosa, com as chamadas taxas de formação (o mecanismo que permite transformar a remuneração média da carreira num valor de pensão) entre as mais altas da União Europeia. «Apenas a Hungria e a Espanha apresentam taxas de valor equiparável», sublinham os peritos.

A publicação revela que Portugal também está entre os países que apresentam taxas de substituição (a relação entre o valor médio da primeira pensão e o valor médio da última remuneração) mais generosas. Contudo, como os salários são baixos e, por enquanto, o número de anos de descontos é curto (34 anos em média), o valor das pensões de reforma continua a ser magro (590 euros em média, para os novos reformados).

A cada dois anos tanto a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico como a Comissão Europeia costumam libertar dados sobre as taxas de substituição, umas mais alarmantes que outras, consoante a metodologia, mas os especialistas calcularam-nas agora com base em dados reais (e não meramente teóricos).

«A disponibilização de dados da Segurança Social referentes aos pensionistas que começaram a receber a sua pensão de velhice em anos recentes permitiu calcular um conjunto de taxas de substituição reais», dizem. E o que mostram esses dados? Que as mulheres têm estado a sair do mercado de trabalho com uma pensão equivalente a 58% do último salário, bem abaixo dos homens, com 74% em termos brutos.

Esta diferença deve-se ao número de anos de carreira, embora tendam a reformar-se mais tarde, as mulheres têm menos anos de descontos registados.

Além disso, a publicação mostra que um em cada quatro portugueses que se reformaram entre 2017 e 2021 continuou a trabalhar e a acumular o salário com o valor da pensão. Em média, são 20.710 pessoas por ano que, trabalhando, têm um desconto nas quotizações (a taxa social única sobre o salário é de 7,5% pelo trabalhador e 16,4% do lado da empresa) e, no final de cada ano, veem o valor da sua pensão acrescido de 2% sobre 1/14 da soma do salário anual.

Outros preferem continuar a trabalhar e adiar a idade de reforma. Em 2022 foram 11824 pessoas, na sua maioria homens, que viram a sua pensão engordar 14% em média.

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