Inês Madeira, FHC: Desenvolver competências e aumentar produtividade

Na análise aos resultados da 51.ª edição do Barómetro da Human Resources, Inês Madeira, directora de Capital Humano do Grupo FHC, destaca que «as competências existem e estão nas pessoas que fazem crescer as empresas e respondem aos desafios que a evolução tecnológica coloca diariamente, mas é fundamental não esquecer que devem existir ambientes seguros (psicologicamente falando) para que os perfis mais conservadores confiem na mudança e nos seus benefícios».

«Os resultados do 51.º Barómetro da Human Resources confirmam que o tema da atracção e retenção de talento se encontra no centro das preocupações da maioria das empresas. A análise deste Barómetro permite-nos, ainda, associá-lo a uma nova variável: a existência clara de um propósito e a sua disseminação para as equipas de trabalho e futuros novos colaboradores.

Para uma esmagadora maioria (85% dos inquiridos), a empresa tem o seu propósito definido claramente e 78% consideram que o propósito é importante para os stakeholders, mas mais para os seus colaboradores. Regista-se uma clara preocupação em que o propósito da empresa exista, esteja escrito e seja reconhecido, não só pela gestão de topo, mas também por toda a comunidade que integra a organização.

Estes resultados fazem-me acreditar que a clara definição do propósito da empresa possa ser uma das estratégias de employer branding que as empresas têm estado a ajustar para que se posicionem como empresas atractivas.

Porém, sabemos que mesmo as empresas mais atractivas terão os seus desafios no que respeita à gestão e retenção de talento. Muitos dos jovens que entram no mercado de trabalho têm o seu próprio propósito bem definido e encaram as empresas como uma passagem onde deverão ter oportunidade de aceder a experiências novas, inovadoras e disruptivas.

É nesta perspectiva que as empresas deverão também ajustar o seu posicionamento, para que seja possível a ambos (empresa e colaborador) usufruírem de uma sinergia rica de promoção e partilha de experiências entre as equipas, colocando o máximo de conhecimento na organização.

Uma outra leitura bastante interessante que os resultados do 51.º Barómetro nos oferece relaciona-se com a preocupação dos inquiridos por temas como a produtividade, qualificação e requalificação e, mais importante, se os colaboradores têm as competências necessárias para responder de forma eficiente e eficaz aos desafios do negócio.

Voltamos a ter resultados bastante expressivos ao considerar a produtividade em Portugal como um problema (74% na maioria das empresas). A inteligência artificial (IA) e a transformação tecnológica têm vindo a acelerar como nunca visto a adaptação das empresas a novas formas de trabalho, permitindo incrementos na produtividade.

No entanto, considerando que as empresas continuam a ser as pessoas que dela fazem parte, e que o ser humano é um ser de hábitos e, por natureza, resistente à mudança, seguramente a produtividade poderá continuar a ser a ser um problema no contexto português.

Cerca de 74% afirmam que a maioria ou a grande maioria dos seus colaboradores têm as competências necessárias para responder eficaz e eficientemente aos desafios do negócio. Por sua vez, cerca de 73% consideram que a qualificação e requalificação deverá ser uma prioridade, sendo que 52% colocam a responsabilidade nas empresas e 31% nos profissionais.

As competências existem e estão nas pessoas que fazem crescer as empresas e respondem aos desafios que a evolução tecnológica coloca diariamente, mas é fundamental não esquecer que devem existir ambientes seguros (psicologicamente falando) para que os perfis mais conservadores confiem na mudança e nos seus benefícios, e para que os perfis mais inquietos possam mostrar como é possível fazer o mesmo de forma diferente, mais eficaz e eficiente. Será nesta sinergia que conseguiremos desenvolver mais competências técnicas e pessoais, e que as empresas aumentem a produtividade e resultados.»

Este testemunho foi publicado na edição de Fevereiro (nº.158) da Human Resources, no âmbito da LI edição do seu Barómetro.

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