Inês Madeira, Grupo FHC: Capacitação e desenvolvimento pessoal nas lideranças do futuro
O futuro é amanhã, e a aposta no desenvolvimento pessoal das próximas gerações será a melhor resposta para uma liderança humanizada.
Por Inês Madeira, directora de Capital Humano do Grupo FHC
O dia-a-dia da gestão das empresas é feita de ciclos. Planeamento, aprovação, execução, acompanhamento, monitorização de desvios. Entre a rotina, os imprevistos e os ajustes ao projecto, surgem, por vezes, o caos e o desequilíbrio. E, muito embora soe a um velho cliché, as melhores oportunidades surgem de momentos de crise. A rapidez com que as lideranças reagem e respondem aos momentos de crise dita o seu sucesso.
Nos dias de hoje, à pergunta “o que define o melhor líder?”, poderia responder que é a capacidade que a pessoa tem de responder melhor e mais rapidamente a um momento de desequilíbrio, ajustando-se à multiculturalidade e intergeracionalidade das suas equipas e, por conseguinte, aproveitando o melhor da individualidade de cada elemento integrado na sua equipa.
A posição de líder é solitária, tendo em conta que este se debate com tomadas de decisão difíceis, que assumimos em nome próprio, acreditando que cada decisão será a melhor para alcançar os objectivos comuns. Esta liderança humanizada coloca as pessoas no centro da gestão, com plena certeza de que esse é o caminho para os melhores resultados. O foco da preocupação deverá ser, sem dúvida, a capacitação e o desenvolvimento pessoal de forma continuada dos líderes.
Dentro de poucas décadas, teremos a geração Z a assumir as posições de liderança e de gestão e, embora se caracterize por pessoas altamente preocupadas com a diversidade étnica e cultural, com a inclusão e igualdade, com questões sociais, nomeadamente a justiça social, a igualdade de género, a sustentabilidade e os direitos humanos, sendo por si só um excelente presságio para as futuras lideranças, não podemos esquecer as características do meio em que cresceram e desenvolveram a sua personalidade: uma pandemia que colocou barreiras físicas ao contacto presencial, aliada a uma explosão tecnológica, tornando o mundo um espaço global e totalmente conectado.
Isto significa que muitos destes jovens apresentam uma dependência excessiva da tecnologia, apresentando dificuldades em desconectar-se e em manter um equilíbrio saudável entre o mundo real e o virtual. Estamos, por isso, também a falar de pessoas que, tendencialmente, terão dificuldades em desenvolver as suas competências sociais e que procuram a gratificação instantânea, com acesso imediato à informação e, consequentemente, uma menor capacidade de lidar com a frustração. Em linha com a definição anterior das características que melhor definem o líder, poucas dúvidas nos restam de que esta geração terá facilidade em reagir rapidamente e ajustar-se aos desafios e em encontrar novas formas de alcançar os melhores resultados, mas como conseguirão extrair as melhores sinergias dos diferentes elementos das suas equipas e qual será a definição de liderança humanizada nesta realidade?
Temos vindo a observar uma evolução bastante positiva no posicionamento das empresas quanto à formação, nomeadamente na aposta em formação técnica especializada para desenvolvimento dos seus colaboradores, para que estes possam ser mais ágeis a responder a momentos de crise e ajustar-se às diferentes exigências, mas será tão ou mais importante o investimento forte na capacitação e no desenvolvimento pessoal dos líderes e das pessoas em geral.
Potenciar o autoconhecimento, identificando as próprias características enquanto pessoa e líder, fomentar uma postura de maior proximidade e acompanhamento, dotar os líderes de ferramentas para conversas difíceis de feedback e feedforward e de tomadas de decisões vai permitir, na minha opinião, aos líderes da geração Z estarem ligados ao mundo real, com elevados estímulos para a inovação e criatividade, e mantendo presente o bem comum, alinhado com o bem individual.
Este artigo foi publicado na edição de Maio (nº. 161) da Human Resources, nas bancas.
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