Iscte Executive Education: Internacionalizar o ensino

O Iscte Executive Education não tem dúvidas de que o caminho mais acertado para a sua missão e objectivos é, neste momento, a internacionalização.

A nova realidade e as transformações de que o mundo foi alvo nos últimos anos expõem o mercado da formação a um contexto cada vez mais global. Internacionalizar o ensino, tornar a instituição reconhecida além-fronteiras e, dessa forma, trazer novos formandos ao nosso país é o caminho que o Iscte Executive Education está a seguir para dar resposta aos novos desafios. José Crespo de Carvalho, presidente do Iscte Executive Education revela à Human Resources Portugal os contornos desta estratégia.

 

De que forma têm vindo a adaptar a sua oferta de formação executiva para dar resposta às transformações que ocorreram nas empresas neste pós-pandemia? As transformações são bem mais profundas que apenas as sequenciais à pandemia. Temos uma nova realidade, a generative AI, que tem de ser encapsulada em todas as unidades curriculares e que estão, a pouco e pouco, a recebê-la. Adicionalmente, temos uma série de temáticas que vamos lançar, por exemplo pós- -graduações em AI, vendas, mercados financeiros/ bolsa, desenvolvimento pessoal e profissional, branding, qualidade e aceleração de empresas, entre outros programas que estamos a preparar. E muitos outros customizados para empresas e onde procuramos, claramente, não apenas fazer avaliação inicial como medição de impacto posterior. Podemos agora transversalizar tudo isto ao mercado internacional. Ou seja, serão novas áreas, temas e programas não apenas a explorar no mercado português, tal como os programas customizados, mas também no mercado internacional para onde estamos virados. Resumidamente, estamos a mudar temas, conteúdos e obviamente formatos.

 

As necessidades das empresas em matéria de formação alteraram-se nos últimos anos? Quais notam ser os principais objectivos hoje para quem procura formação executiva?
Sem dúvida. As dores existem e existirão sempre. Antes menos reconhecidas. Hoje bastante visíveis porque, sem pudores, são partilhadas pelos gestores das empresas. E bem. Quando se precisa de ajuda deve partilhar-se e não escamotear-se. E é isso, talvez, que noto como grande diferença para há 10 ou 15 anos. Os objectivos passam por fazer mudança, abrir mentes, trabalhar cultura, conseguir desenvolvimentos técnicos e trabalhar em novos formatos e paradigmas.

 

Como está organizada a oferta de formação executiva no Iscte Executive Education?
Em open e corporate programs. Ou seja, em abertos e, para empresas, em lógicas customizadas. E depois toda a componente de consultoria institucional. Tudo isto, a nível cada vez mais internacional.

 

Considera que a formação é hoje mais necessária para as empresas, ou simplesmente é preciso uma formação diferente porque as necessidades se alteraram? Sim. O mercado é mais célere em todos os aspectos. O lifelong learning é absolutamente fundamental. E a nossa posição em corporate no ranking do Financial Times é um espelho disso mesmo.

E, não, para aquilo que entendo ser uma segunda parte da sua questão. As necessidades fazem o mercado. Não há essa coisa de a formação preceder o mercado. O mercado preside sempre com as suas necessidades. É evidente que ao anteciparmos algumas tendências e fazendo foresight podemos trazer e expor empresas e individuais a temáticas e formatos que fazem sentido porque ou já são presente ou serão muito rapidamente.

 

Quais os tipos de competências que as empresas mais procuram desenvolver pela via da formação?
Acho que neste momento podemos dizer que são ambas, já tendo passado o tempo quase só das chamadas soft skills. Há muitas competências técnicas muito importantes e cada vez mais necessárias. Se a cada área juntar generative AI se quiser ter um novo approach à forma como aborda os temas então encontrará um potencial de competências gigante para fazer upskill e reskill.

 

Além da formação técnica, a formação comportamental ganhou um novo fôlego nos últimos anos?
Não neste momento. Pensamos que existe ou volta a existir um equilíbrio. É isso que sentimos em tempos de AI.

 

Quais são os factores de diferenciação da formação executiva do Iscte Executive Education face à restante oferta que existe no mercado?
A nossa estratégia, que deve ser única. Do pensamento à acção. E o sermos hands-on. Formatos aplicacionais para podermos construir o saber fazer, a par com saber ser e estar. Quando há quatro anos formulámos a nossa estratégia definimos três pilares essenciais: 1) Internacionalizar; 2) Abrir mais produtos e formatos em Open Enrollment; 3) Apostar em corporate/customizados. Tanto o segundo como o terceiro pilar se pretendem também em termos internacionais. O objectivo? Termos no nosso universo de programas mais extensos 50% de alunos internacionais no fecho de 2024. E isso faz-nos diferentes. Porquê? Porque o nosso caminho é e será cada vez mais internacional. Não importa se é um objectivo estranho à típica formação de executivos. Foi e é o caminho definido e tem vindo a ser cumprido. Demora tempo mas é o caminho. E os resultados estão à vista e começam a aparecer: combinadamente somos a escola portuguesa mais bem posicionada nestes dois critérios no ranking 2023 agora saído do Financial Times para formação de executivos: número de alunos internacionais e a diversidade de proveniências.

Expor um ecossistema de ensino ao internacional é dar-lhe um sabor cosmopolita e de mundo que se reflecte desde docentes a participantes e staff. E que deve ser usado como sendo diferenciador face ao que nos rodeia. Dito isto, qualquer sistema de ensino mais global se torna mais rico e nós acreditamos nisso. E procuramos dar-lhe expressão e forma. Analisem-se com cuidado os resultados do Financial Times de 2023 para Executive Education. Devemos somar a isso a nossa assinatura na prática: Real-Life Learning.

 

Que desafios o mercado da formação apresenta hoje às instituições formadoras?
Tantos. Desde logo porque se têm de reinventar ao mesmo tempo que fazem a sua curva de aprendizagem e prestam serviço à comunidade em geral.

 

E quais as grandes oportunidades que o mercado deve explorar?
As oportunidades estão essencialmente no mercado global que nos traz tantas oportunidades em conteúdos e formatos absolutamente diferentes em cultura, em formatos, em volume, diria que em quase tudo. Quando se trabalha o mercado internacional há oportunidades para todos os gostos.

 

Quais as tendências de futuro da formação? Em três palavras?
Mais humana, mais próxima, mais capaz de ser transformadora. Isto independentemente dos conteúdos e dos formatos. Se formos pelo lado humano, que deveria presidir ao sentido de tudo o que fazemos, então teremos a tendência mais expressiva. Queremos e precisamos tanto disso para crescer como de empresas e de profissionais. Que antes de tudo sejam humanas/ humanos. E, claro, que sejam autónomos, que sejam decisores e gestores verdadeiros das suas vidas.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Formação” na edição de Junho (n.º 150) da Human Resources, nas bancas.

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