Já ouviu falar do conceito “hire slow, fire fast”? Pode não parecer politicamente correcto mas esta CEO afirma que é fundamental ao sucesso

Melissa Kwan, CEO do eWebinar, uma plataforma automatizada de webinar que combina vídeo pré-gravado com interacções em tempo real e chat ao vivo, revelou ao Insider que o seu maior desafio, na criação de empresas, não tem sido o produto, as vendas ou o marketing, mas sim contratar – as pessoas certas. E despedir, quando não são. É, por isso, acérrima defensora da importância estratégica “contratar devagar, despedir depressa”. 

 

Contratar as pessoas ideais é difícil. «Antes dava por mim a trabalhar com determinada pessoa porque era mais fácil do que encontrar alguém novo, mesmo sabendo que aquela pessoa não era a certa para a função. Depois de gastar muito tempo e dinheiro, porque preferia evitar conversas difíceis, finalmente aprendi a importância de “despedir depressa”», revela.

O conceito de “contratar devagar, despedir depressa” foi popularizado pela cultura de startups, referindo-se à agilidade necessária para fazer uma empresa crescer num ambiente competitivo. Embora este conceito possa parecer simples e óbvio, requer confiança, clareza e maturidade para ser colocado em prática, garante Kwan.

Enquanto co-fundadora do eWebinar revela que, nos primeiros dois anos, fizeram cinco contratações erradas que acabaram por custar quase meio milhão de dólares porque não “despediram depressa”.

“Despedir depressa” não significa literalmente remover alguém do local num momento de dúvida

Não significa que ela não fez os possíveis e impossíveis para trabalhar com a pessoa por um período de tempo razoável ou que não teve várias conversas que levaram a essa decisão.

Significa ter consciência e convicção para saber quando é preciso seguir em frente, porque não está a resultar. «Às vezes somos nós, às vezes somos eles, às vezes são os dois», remata.

É preciso ter coragem para ter aquela conversa difícil com alguém de quem se gosta, porque é a coisa certa a fazer pela empresa e pela carreira dessa pessoa. «E precisa de ouvir o seu instinto, separar as suas emoções e ser honesto sobre as expectativas goradas.»

O que mais custa nas contratações erradas não é o dinheiro, mais sim o tempo. E embora nem todos os custos possam ser evitados – porque é impossível saber tudo – podem ser mitigados “despedindo depressa”.

Despedir depressa permite que faça duas coisas:

  1. Reduza as suas perdas, mude estratégias ou encontre alguém mais adequado.
  2. Deixe a pessoa ir e encontrar outro papel melhor para ela.

 

Isso não o torna implacável, torna-o perspicaz

À luz das demissões em massa, é um tema delicado, pois a frase carrega uma conotação negativa. Reforça a ideia de que os empregadores são maus e os líderes não se importam com as suas pessoas.

Sim, há CEO que ganham milhões enquanto os seus funcionários são mal pagos e várias startups contrataram em excesso para acumular talentos porque podiam, e depois tiveram de demitir em massa porque não conseguiram construir um negócio sustentável. «Todos estes comportamentos são péssimos», salienta Melissa Kwan, «mas, felizmente, a maioria das empresas não é assim».

«Para competir com as grandes empresas, é necessário inspirar as pessoas a juntarem-se à nossa equipa, tratando-as como uma família e dando-lhes o que estiver ao nosso alcance para garantir que estejam felizes, porque não podemos competir em termos de salários.»

Quando alguém não resulta, o custo não é apenas o dinheiro, é o investimento emocional que se coloca em cada membro da equipa. Porém, numa start-up, em que cada euro que vai para a coisa errada é um euro que não vai para a coisa certa, é fulcral “despedir depressa”.

O foco está na contratação lenta e escolher apenas a pessoa ideal para a função

«Antes de contratarmos um novo elemento, pedimos que nos informe no momento em que estiver a pensar sair, para podermos ter uma conversa honesta sobre o tema o quanto antes», explica a CEO.

«“Despedir depressa” carrega uma conotação negativa porque soa desprezível e cruel.» Mas a realidade dessas duas palavras é muitas vezes o oposto, «porque é provável termos lutado a sério por essa pessoa antes de chegar a um acordo com a difícil decisão».

Ainda que seja doloroso, para Melissa Kwan era um conceito que precisavam de aprender, porque «o que torna um negócio bem-sucedido é a equipa por trás dele».

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