Luís Setúbal, Integer Consulting: «O colaborador como elemento-chave de uma comunidade e não apenas de um projecto»
Numa área de actividade como o outsourcing, em que o contacto humano pode ser facilmente desvalorizado, a consultora portuguesa de TI aposta numa cultura de proximidade. O Integer Living Hub e o Better In são dois exemplos disso, explica Luís Setúbal, CEO da Integer Consulting.
Por Tânia Reis
Tem escritórios em Lisboa, Porto e São Paulo, e actualmente emprega 280 colaboradores. Consciente dos desafios do mercado habitacional e para atrair e acolher talento estrangeiro, especialmente do Brasil, a Integer Consulting criou o Integer Living Hub. Mas também apostam no crescimento profissional e pessoal de todos os colaboradores.
Apelidam-se a “empresa de consultoria de TI que cultiva a proximidade com os colaboradores”. De que forma se demarca a empresa no mundo do outsourcing e o que a distingue das restantes?
A Integer Consulting destaca-se pela forma como põe as pessoas no centro de tudo o que faz, apostando assim numa verdadeira cultura de proximidade. Numa área de actividade como o outsourcing, em que o contacto humano pode ser facilmente desvalorizado, esforçamo-nos para que cada colaborador se sinta parte integrante da empresa, independentemente do projecto ou do cliente a que está alocado. Para isso, fomentamos uma comunicação constante e transparente, oferecemos apoio contínuo ao desenvolvimento pessoal e profissional e promovemos iniciativas que fortalecem o espírito de equipa e o bem-estar individual. O que realmente nos distingue é este compromisso em criar um ambiente de trabalho em que cada colaborador se sinta reconhecido e peça fundamental do jogo, mas também se percepcione como elemento-chave de uma comunidade — os Integers — e não apenas de um projecto.
Quantos colaboradores têm actualmente e qual o seu perfil médio?
Presentemente, a Integer conta com 280 colaboradores, maioritariamente a viverem no nosso país. Cerca de 73% são do sexo masculino e 85% têm idades compreendidas entre os 26 e os 45 anos. Cerca de 40% são de nacionalidade brasileira — o que nos interessa pela afinidade cultural e linguística — e mais de 97% têm formação superior.
Em que consiste o Integer Living Hub?
O programa Integer Living Hub consiste num espaço que integra seis apartamentos e uma sala de coworking exclusiva para os colaboradores. Foi criado com o objectivo de atrair e acolher talento estrangeiro, especialmente do Brasil, que pretenda construir a sua carreira em Portugal nas nossas áreas de especialização: outsourcing, desenvolvimento de software à medida e cibersegurança. Como a questão da habitação no nosso país é um desafio mesmo para quem sempre viveu cá, para os estrangeiros é ainda mais complexo. Por isso, o Integer Living Hub pretende facilitar esta transição, proporcionando aos profissionais um período de estabilidade para que possam fazer as escolhas certas em relação à sua casa. Assim, asseguramos que quem se junta à Integer encontra não só um desafio profissional, mas também segurança, comodidade e conforto enquanto se adapta a uma nova realidade.
Que resultados podem partilhar ao momento?
O Integer Living Hub foi criado em Maio deste ano. Por este espaço já passaram três colaboradores, com os seus familiares. Neste momento vive lá uma família, e durante o primeiro trimestre de 2025 já temos garantidas mais três. O feedback tem sido muito positivo e só ainda não tivemos mais pessoas, porque durante o Verão houve problemas com vistos, o que invalidou ou atrasou algumas contratações.
Sendo o meio tecnológico mais competitivo, com que desafios se deparam na atracção e retenção de talento?
O sector tecnológico é altamente competitivo e, para atrair e reter talento, enfrentamos desafios constantes, principalmente devido à elevada procura por profissionais qualificados e ao ritmo acelerado da inovação. Um dos maiores statements da Integer é garantir que oferece mais do que uma boa remuneração. Isto porque os potenciais colaboradores valorizam cada vez mais, sobretudo desde a pandemia, um ambiente que favoreça o desenvolvimento contínuo, a aprendizagem – académica e humana – e o equilíbrio entre a vida pessoal e laboral.
E que oportunidades identificam?
Na Integer, abordamos esses desafios criando uma cultura de proximidade e de suporte. Focamo-nos em projectos tecnologicamente desafiantes, que permitam aos profissionais expandir as competências, evoluir e crescer. Além disso, promovemos iniciativas que criam um espaço acolhedor, no qual cada colaborador se sente valorizado e integrado. Acreditamos que esta combinação de apoio, oportunidades de desenvolvimento e um ambiente saudável são os nossos principais factores diferenciadores para atrair e reter talento num mercado tão dinâmico.
As empresas têm vindo a diversificar os benefícios disponibilizados, mas o factor remuneração continua a pesar?
A remuneração continua a ser importante, especialmente no sector tecnológico, no qual a procura por talento é elevada. No entanto, sentimos que, hoje em dia, o salário por si só já não basta para atrair e reter os melhores profissionais. As pessoas procuram cada vez mais algo além dos números: benefícios que realmente façam a diferença na sua qualidade de vida, oportunidades de desenvolvimento e tudo aquilo que promova o seu bem-estar. É a palavra equilíbrio que realmente importa.
De que outras formas cuidam das vossas pessoas?
Cuidar das nossas pessoas significa valorizar cada detalhe que torna a experiência de trabalhar na Integer verdadeiramente gratificante. Para nós, é essencial proporcionar um ambiente de proximidade e oportunidades de crescimento, como já referimos, mas também marcar presença em momentos fundamentais da vida de cada colaborador. No aniversário, por exemplo, enviamos um bolo para casa. Para os novos pais, temos um kit de maternidade, um miminho nesta fase tão importante. Ao longo do ano, organizamos vários eventos para fortalecer o espírito de equipa, sendo os momentos altos o aniversário da empresa, a festa de Verão e o jantar de Natal. Além disso, acreditamos no desenvolvimento contínuo e, para isso, oferecemos formações internas em inúmeras áreas através do LinkedIn Learning. E, claro, cada novo colaborador é recebido com um welcome kit que simboliza o nosso desejo de que, desde o primeiro dia, se sinta um verdadeiro Integer. São todos estes detalhes que nos têm permitindo crescer ao longo destes anos de forma sustentável.
Fale-nos do programa Better In.
O Better In é um programa de liderança e de transformação para executivos e equipas que põe o crescimento pessoal no centro da estratégia, envolvendo todos os colaboradores. Ou seja, a ideia é que, através de formações individuais, cada Integer se torne uma pessoa melhor, pois pessoas melhores fazem empresas melhores e, em último caso, se quisermos olhar para números, isso também se traduz em rentabilidade. Este programa promove o desenvolvimento individual e colectivo, fomenta líderes mais eficazes e constrói um clima de confiança, transparência e bem-estar. O resultado é uma equipa mais feliz, motivada, coesa, proactiva e realizada, tanto a nível profissional como humano.
E como promovem com este programa o desenvolvimento de competências humanas dos colaboradores?
Para desenvolvermos as competências humanas dos colaboradores, contamos com o apoio de um coach certificado pela International Coach Federation (ICF) e pelo European Mentoring & Coaching Council (EMCC), duas entidades internacionais de referência na área. Este profissional utiliza o Leadership Circle Profile (LCP), uma ferramenta comprovada para o desenvolvimento de liderança, que potencia o crescimento e a transformação comportamental de líderes e das suas equipas.
De que forma contribuem estas iniciativas para a atractividade da Integer?
As nossas iniciativas têm um impacto directo no que diz respeito a tornar a Integer numa empresa atractiva aos olhos de quem está no mercado e quer mudar. Somos percepcionados como uma organização dinâmica e que está sempre à procura de surpreender os seus colaboradores pela positiva. Ao proporcionar um ambiente que vai além dos desafios profissionais, mostramos que cada pessoa é parte essencial de algo maior.
Com os rápidos desenvolvimentos tecnológicos, principalmente da IA, como vê o futuro da Gestão de Pessoas?
O nosso futuro será profundamente impactado pelos avanços tecnológicos, especialmente pela inteligência artificial (IA), e a Gestão de Pessoas não será excepção. Este impacto vai ser traduzido numa maior automatização de processos e em mais eficiência operacional, que se espera resultar em ganhos de produtividade. As áreas de recrutamento, formação e avaliação de desempenho podem beneficiar bastante das ferramentas de IA. Isto porque é expectável que libertem as pessoas que trabalham nestes sectores de tarefas mais rotineiras, para dedicarem mais tempo às questões relacionadas com a cultura organizacional e gestão mais personalizada de cada individuo, no sentido de promover mais humanização e proximidade. Curioso que venham a ser as máquinas a por-nos mais perto do que é realmente importante: as pessoas, não é?