Mais de metade dos jovens ponderam emigrar após concluírem o Ensino Superior. E há um área onde isso é especialmente evidente

A Federação Académica do Porto (FAP) realizou um inquérito na Academia do Porto que revela que quanto maior a expectativa salarial maior é a propensão para a emigração. Ainda assim, independentemente da expectativa salarial, metade dos inquiridos pondera emigrar após a conclusão do Ensino Superior, sendo que outros 33% prefere ainda não responder.

 

Apenas 17% dos estudantes declarou não pretender emigrar. Ao analisar-se as áreas de formação, o Direito é a área onde se encontra a menor percentagem de estudantes a ponderar emigrar, com apenas 38% de respostas afirmativas.

A percentagem mais elevada foi registada nos cursos da área das Ciências e Tecnologias, com 62% dos estudantes a declarar que pondera emigrar. Nas Ciências Económicas, Letras e Comunicação, na Saúde ou nas Artes, as percentagens encontradas são semelhantes, com cerca de metade dos estudantes a responder afirmativamente quanto à possibilidade de trabalharem fora do país.

O inquérito, que registou as médias dos estudantes, aquando da colocação no Ensino Superior, verificou que mais de metade dos estudantes, 52%, foram colocados no curso que frequentam com médias iguais ou superiores a 17 valores e 33% com médias entre os 15 e os 17 valores. Apenas cerca de 15% dos inquiridos foram colocados com médias inferiores a 15.

Quando questionados sobre a frequência de explicações a alguma disciplina, mais de metade dos estudantes, 53%, responderam ter recorrido a explicações durante o Ensino Secundário. Neste indicador, a percentagem mais elevada encontra-se entre os estudantes com médias entre os 17 e os 18 valores, com 63% dos 248 estudantes com estas classificações a declarar ter tido acesso a explicações durante o Ensino Secundário.

Relativamente à frequência do Ensino Superior, o inquérito pretendeu compreender como estão estruturados os custos e como a despesa de cada estudante se distribui mensalmente por um conjunto específico de itens.

A habitação assume-se como a despesa mensal que mais pesa nas contas dos 355 estudantes deslocados que responderam a este inquérito, com 35% dos inquiridos a afirmar gastar 200 a 300 euros por mês e cerca de 40% a declarar despesas acima dos 300 euros mensais. A segunda despesa com mais significado é a alimentação. Entre os estudantes deslocados, 72% afirma gastar mais de 100 euros com a sua alimentação.

No sentido inverso, entre os 647 estudantes que não necessita de residir fora do seu agregado familiar para frequentar o ensino superior, 67% declara gastar menos de 100 euros mensais com despesas de alimentação.

Os dados recolhidos visaram, ainda, as despesas com a propina, mobilidade e transportes, materiais pedagógicos, saúde, desporto e outras despesas correntes. Neste âmbito, ao analisar as respostas dos 775 estudantes inscritos em cursos de licenciatura, destaca-se que, actualmente, a expressão da propina na estrutura de custos de frequência é semelhante à de qualquer outra despesa, representando um esforço mensal inferior a 100 euros.

Aliás, 14% dos estudantes de licenciatura afirma despender mais com mobilidade e transportes, do que com a prestação da propina. 46% dos inquiridos ponderaram interromper ou abandonar o Ensino Superior.

No ensino superior público, nos cursos de formação inicial, o valor máximo da propina encontra-se fixado em 697 euros desde 2020. Se analisado apenas o grupo de estudantes deslocados, sobressai que mais de 80% apresenta custos com habitação superiores ao esforço mensal que é requerido para o pagamento da propina. A FAP questionou, também, os estudantes sobre se alguma vez ponderaram interromper ou abandonar o Ensino Superior, com 46% dos inquiridos a responder afirmativamente.

A última secção do inquérito, sobre a emancipação jovem, revelou que apenas 22% dos estudantes tem expectativa de arrendar ou adquirir habitação antes dos 25 anos, nos anos imediatos à conclusão dos seus cursos superiores. A maioria dos estudantes, 53%, espera conseguir alcançar condições para arrendar ou adquirir habitação, entre os 26 e os 29 anos, e 24% acredita que a independência financeira só será possível depois dos 30 anos.

As expectativas salariais ajudam, também, a explicar esta realidade, uma vez que um terço dos estudantes acredita que o seu primeiro salário será inferior a 1000 euros, apesar das qualificações superiores. Cerca de metade dos estudantes, 47%, respondeu esperar um salário entre os 1000 e os 1250 euros e apenas dois em cada 10 estudantes acredita vir a receber um salário acima deste patamar, quando entrar no mercado de trabalho.

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