Mariana Canto e Castro, Directora de Recursos Humanos e departamento Jurídico da Randstad Portugal

Impossível conceber como estávamos nós a defender aquela mulher!!! Foi o primeiro pensamento que, há muitos anos, recém-iniciado o meu estágio de advocacia, tive, assim que acabei de ler o primeiro processo em que o meu Patrono me deixou colaborar com ele… A história que o Autor do processo de divórcio apresentava, mostrava bem que espécie de criatura seria aquela mulher e não me passava pela cabeça que um profissional tão sério, honesto e íntegro como era o meu Patrono, aceitasse defendê-la.

Quando expressei a minha indignação recebi de volta um sorriso condescendente e a segunda peça do processo, a contestação, em que se apresentava a versão da nossa cliente. Quando acabei de a ler… a minha opinião tinha mudado… e muito…

Logo de seguida recebi um conselho que guardo até hoje: nunca tirar uma conclusão sem ter ouvido todas as partes envolvidas, sem ter uma visão completa e aprofundada do que se passa, nunca julgar pelas aparências, nunca sem antes me obrigar a questionar os meus preconceitos sobre cada assunto.

Ver cada questão através de uma mudança de paradigma é o melhor desafio que podemos lançar a nós próprias e o melhor teste a aplicar em todas as situações em que queremos ser bem-sucedidas.

E isso só se consegue de uma única forma: pensar pela nossa própria cabeça, livre de más influências e pensamentos negativos e termos a coragem de assumirmos, com verticalidade, rectidão e independência, as nossas crenças e convicções, seguras do nosso valor profissional e humano!