Mudar para um mundo novo ou continuar a “puxar a brasa à minha sardinha”?

Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy

“O puxar a brasa à minha sardinha” induz trazer um entendimento que, por vezes, pode ser analisado como egoísta. Poderá colocar em perceção que somos capazes de defender e aplicar tão só o que efetivamente dominamos, seja através do conhecimento, seja através de interesses próprios.
A verdade é que muitas vezes, se não nos defendemos, ninguém… nos defende! Mas releguemos para segundo plano a teorização e até algum fatalismo. Face à conjuntura atual, a verdade é que a Gestão de Pessoas tem de estar no cerne de muitas das questões atuais. Essencialmente na sua vertente mais comportamental, para o bem e para o mal.
É curioso verificarmos que a sociedade produz os bons e os maus, as boas e as más lideranças. Os que fomentam a agregação em torno de uma Cultura saudável e próspera e os que conduzem os seus povos para a guerra e para a pobreza. E quando questionamos uma qualidade da liderança, é quase óbvio alguém responder o carisma. Um sujeito notável, admirável, fascinante, aos olhos de outros indivíduos. Mas mais uma vez… para o bem e para o mal, embora exista sempre o ardil de nos defendermos de explicar que quando o carisma é demasiado ou passa para o lado do mal, já passa a ser fanatismo.
Não é crível termos a ousadia de mudar o mundo. Mas mais que nunca, a Gestão de Pessoas pode ter um papel de grande relevância. Os impactos mais que recentes do que mundo tem vivido e continua a viver, lembra-nos que apesar de ainda estarmos no “olho do vulcão” está na hora de tratarmos os vivos. Estamos a assistir de forma galopante a um desestruturar de núcleos que têm sido fundamentais para a vida das pessoas. Não, não foi só a pandemia, não, não é só a guerra. São as consequências de nos termos esquecido dos impactos ambientais e energéticos. E a fatura vai ser paga com consequências inevitáveis no emprego e na qualidade de vida das pessoas.
Os jovens sofrem porque não vislumbram o seu futuro, a outras gerações assustam-se se têm garantida a sustentabilidade suficiente para quando deixarem a vida ativa e os mais idosos sentem que a sua tranquilidade de fim de vida pode estar em causa. É aqui que o papel da Gestão de Pessoas, de forma transversal, seja através do Estado ou de qualquer outra Organização se revela vital. Obter resultados sem dúvida que continua a ser vital, mas pede-se uma certa reengenharia de intervenção, em particular de caraterísticas comportamentais e sociais. Não se trata de assistencialismo, é acima de tudo criar condições de defesa do bem mais precioso – as Pessoas.
Não podemos reconstruir sobre escombros! Temos de os remover e construir de novo, aprendendo com os erros, sem dúvida. Gerar novas políticas e processos e, certamente, novos procedimentos. Obter resultados, mas “tratando dos vivos”, não descurando o pilar fundamental da qualidade de vida das Pessoas! Não “puxando só a brasa à nossa sardinha”, mas agregando novas competências e valências. Não apontar o dedo, mas reconverter e suportar. É uma tarefa hercúlea? Sem dúvida que sim, mas todos somos responsáveis pelo mundo em que vivemos! Quanto mais depressa fizermos mea culpa e mudarmos, mais depressa atingimos algo de melhor!