Não é um tema das mulheres, mas de todos: liderança e diversidade como motor da sustentabilidade das organizações (e da sociedade)

A PWN Lisbon celebrou 12 anos de actividade com a organização de mais um encontro anual, que reuniu profissionais e académicos para reflectir sobre a diversidade na construção de organizações mais sustentáveis. A Human Resources Portugal foi media partner da iniciativa.

 

Mais de 300 convidados marcaram presença no PWN Lisbon Dream Day: “Engaging All For a Change – A Life Story”, que decorreu no passado dia 29 de Novembro, no CLUBE – Monsanto Secret Spot. Ao longo de uma manhã, os participantes foram convocados a pensar no papel e liderança que podem exercer, através do desenho do seu percurso individual e colectivo, na mudança que os tempos actuais exigem para um futuro mais inclusivo e sustentável.

A abrir o encontro, Tiago Forjaz, fundador e Managing partner da The Epic Talent Society, evocou o talento, a vocação e as suas diferenças. «O talento nasce dentro de nós, não está pronto, desenvolve-se.» O host, que conduziu e harmonizou a passagem entre todos os momentos da conferência, referiu ainda que «a vocação é o caminho (…), o talento são as ferramentas que usamos para fazer esse caminho».

A oradora Mafalda Rebordão, Strategic Partnerships manager Google Londres e cofundadora do Ponto Zero, afirmou que «não podemos falar de futuro sem falar de liderança». A jovem de 26 anos, primeira portuguesa a ser distinguida pelo Financial Times, destacou que «todos temos um papel e uma responsabilidade no futuro», abordou os benefícios da ligação intergeracional na construção de sociedades mais felizes e referiu ainda a necessidade de pensarmos em soluções, bem como a elementaridade da educação que parte dos pais.

O “estado da nação”, no que à diversidade de género diz respeito, foi traçado por Maria João Guedes, professora associada do ISEG, através do projecto Portuguese Women’s Equality Observatory. Em Portugal «as mulheres continuam a ser sub-representadas e sub-remuneradas em vários níveis de hierarquia e enfrentam obstáculos à progressão», relembra, e continua «têm de ser criadas as condições para as mulheres terem os cargos a que aspiram».

No painel “Duas Rotas de Vida”, Cristina Gamito, Financial Services and Insurance Practice leader da Deloitte Portugal, apontou «a paixão, a persistência para sermos fiéis aos nossos valores, a aprendizagem, o trabalho, o amor e muita dedicação», como os seus ingredientes para uma receita de sucesso. Acrescentou ainda que «a vulnerabilidade torna-nos humanos, cria conexões fundamentais para irmos mais longe enquanto equipa e o exercício de liderança será melhor com essa humanidade».

Já Luís Osório, escritor e consultor, sublinhou que «liderar pressupõe ter respostas que nunca agradam a todos» e que «os momentos de desequilíbrio fazem-nos crescer». «Muitas pessoas acham que sabem o que é melhor para nós, mas é sempre bom sermos nós a saber para onde vamos», concluiu o escritor.

No painel “Changing Lives Scope”, Frederico Fezas Vital, director executivo do Yunus Social Innovation Center da Católica-Lisbon, falou sobre “impacto sistémico” e de como para mudar sistemas é preciso ir à raiz dos problemas. «Precisamos de uma economia convergente, onde todos os agentes da economia, percebendo os problemas, rapidamente actuam para os resolver e têm como matriz sistémica os ODS.»

Também Alexandra Machado, fundadora e CEO Girl Move Academy, que se dedica ao empoderamento de raparigas e mulheres em Moçambique através da mentoria, inspirou a plateia através da sua experiência com a criação desta ONG. «Foram os 10 anos mais difíceis da minha vida.» Desta aprendizagem sublinhou e partilhou que «a questão não são as pedras, é qual a atitude que colocamos quando as pedras nos aparecem». «Dêem voz a tantas mulheres que não têm a mesma igualdade de oportunidades», foi o apelo com que terminou a sua intervenção.

A encerrar o encontro, Paula Perfeito, presidente da PWN Lisbon, agradeceu aos membros, parceiros e voluntários e referiu que 2023 foi o ano em que a organização registou o maior crescimento de sempre, com mais de 1700 associados. «Estamos convictos de que, em 12 anos de actividade, a PWN Lisbon tem vindo a contribuir para a evolução da diversidade em Portugal e que este é o tempo de uma maior ambição para a diversidade.»

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