O CEO da Apple segue uma rotina rigorosa. Saiba em que consiste (pode ser o segredo do seu sucesso)
Num episódio recente do podcast “Table Manners com Jessie e Lennie Ware”, o CEO da Apple, Tim Cook, revelou a sua rígida agenda diária. Todos os dias acorda “provavelmente um pouco antes” das cinco da manhã, reporta a Fortune.
«É a parte do dia que mais consigo controlar. À medida que o dia avança, torna-se menos previsível e, no final do dia, inúmeras coisas podem acontecer para ocupar o meu tempo, intenção e energia», revelou.
Manifestando preferência pela parte do dia em que pode «bloquear o mundo e concentrar-se em alguns temas críticos e ficar em silêncio durante algum tempo», acrescenta que normalmente bebe café e come os mesmos cereais todas as manhãs, enquanto lê e responde a e-mails.
Apesar do nome (“cook”), não cozinha. Em vez disso, admite que frequenta o refeitório da empresa, Caffè Macs, onde almoça e leva o jantar para casa. «Normalmente prefiro pratos de peixe», diz.
«O despertar de Tim Cook às cinco da manhã e as refeições consistentes no refeitório da empresa reflectem disciplina e intencionalidade», afirma Supatra Tovar. «Esta rotina minimiza a fadiga de decisão, permitindo-lhe conservar energia mental para decisões de alto risco, crucial para o sucesso ao seu nível.»
Embora possa parecer monótono, alguns especialistas em auto-ajuda explicam que a agenda de Cook mostra o valor de ter uma rotina. Outros observam que não é assim tão necessário. De qualquer forma, está na moda na gestão de topo.
Os especialistas estão divididos sobre os benefícios das agendas intensas dos CEO
De facto, Cook não é o único a ter esta propensão de passar todos os dias da mesma forma. Brian Niccol, actual CEO da Starbucks, disse à Fortune que acorda frequentemente por volta das 5h45 da manhã, toma uma chávena de café e uma bolacha, faz exercício por volta das 7h, bebe um batido ou ovos com salsichas, e depois costuma levar a filha à escola antes de chegar ao escritório por volta das 8h30 ou 9h da manhã.
«Procuro criar muitas rotinas consistentes», disse Jack Dorsey, CEO da Square e co-fundador do Twitter, em 2015. «A mesma coisa todos os dias», acrescentou, explicando que os seus dias começam às cinco da manhã e terminam às 23h e envolvem meditação regular, uma rotina rigorosa de exercício e uma caminhada de oito quilómetros até ao trabalho.
O conceito é que, dada a carga de trabalho dos executivos, o tempo é precioso e precisa de ser usado adequadamente. «A forma como os CEO alocam o seu tempo e a sua presença — onde escolhem participar pessoalmente — é crucial, não só para a sua própria eficácia, mas também para o desempenho das suas empresas», escrevem Michael E. Porter e Nitin Nohria na Harvard Business Review, acrescentando que os CEO estudados trabalhavam, em média, 9,7 horas por dia útil.
Os CEO seguem estas rotinas «porque proporcionam estrutura e eficiência, permitindo-lhes concentrar-se nas prioridades sem distracções», acrescenta Tovar. Embora esta rigidez possa aumentar a produtividade, reduzir o stress e ajudar na tomada de decisões, pode também «limitar a espontaneidade e a adaptabilidade, que por vezes são necessárias para a inovação».
«Isto reduz a sua carga mental», ecoa Robin Wait, coach e fundador da Fearless Business. Acrescenta que escolher o que vestir e comer são escolhas simples, mas também podem consumir tempo.
É claro que alguns especialistas acham que os CEO devem ser um pouco mais flexíveis. «Sair da cama demasiado cedo é apenas uma das formas pelas quais os empresários perdem o contacto com o seu corpo», alerta a psicóloga Sherry Walling. «Estão à procura de truques de vida em vez de fazer alguma reflexão interna», explica, acrescentando que é «pouco saudável e insustentável planear todos os dias em função da produtividade».
A rotina também pode fazer parte da identidade da marca. «A óptica não pode ser ignorada. Para alguns líderes, projectar disciplina reforça a sua imagem de fiabilidade e controlo, embora o verdadeiro valor dependa da forma como a rotina apoia os seus objectivos reais e o seu bem-estar», diz Tovar.