O crescimento económico, as empresas e as pessoas

Por Luís Roberto, Managing Partner da Comunicatorium, Vice-Presidente da APECOM e Professor convidado do ISCSP-ULisboa

Segundo o FMI, a economia portuguesa cresce 0,7% em 2023, pouco mais de metade dos 1,3% previstos no orçamento do estado, que o governo apresentou na Assembleia da República.
Países como a Alemanha e a Itália, deverão ter uma contração de 0,3% e 0,2% respetivamente, e entrar numa recessão, com óbvios impactos locais, mas também com consequências negativas para o mercado europeu.
Relativamente à taxa de inflação em Portugal, o FMI estima que a mesma reduza para os 4,7% face aos 9,3% atingidos em setembro, e a taxa de desemprego a subir para 6,5% em 2023, representando um aumento de cerca de 23% face ao período pré-pandemia.
Aliado a esta previsões, os efeitos causados pela crise pandémica, irão manter-se na maioria dos países, e a guerra na Ucrânia continuará a ter consequências sobre a dependência energética dos países do ocidente face à Rússia.
As empresas portuguesas estimam aumentos salariais no próximo ano, a rondar os 2,8%, abaixo da inflação, traduzindo-se numa perda de poder de compra para as pessoas.
Maior incerteza face a novas contratações, e a falta de confiança para assumir o crescimento no curto prazo, serão os maiores desafios para o mundo empresarial.
Segundo um estudo da Mercer, apenas 31% das empresas assumem aumentar o número de colaboradores no próximo ano.
O ano de 2023, será portanto um ano de recuperação da economia,  levando as empresas a reverem os seus orçamentos, a reorganizarem-se e a adotar novas estratégias de negócio, face à escassez do consumo, em resultado do aumento da inflação e da taxa de pobreza, que em Portugal atinge já os 1,9 milhões de cidadãos, tendo em conta os apoios sociais.
Existem no entanto, mercados onde o crescimento parece ser uma constante, independentemente das crises económicas e sociais.
De acordo com as previsões da IDC Portugal, em 2023, 52% do investimento em tecnologia será para iniciativas digitais de transformação digital.
O investimento em Inteligência Artificial e Realidade Virtual irá aumentar 24,3% e 56,6%, respetivamente, até 2025, com os serviços profissionais e a saúde a registarem o maior crescimento, com 8,1% e 7,6%, respetivamente.
O desafio da excelência da gestão, assente na inovação, são cada vez mais  uma exigência na maioria dos setores de atividade.
Pequenas e grandes empresas vão ter de reforçar o seu propósito e continuar a atualizar os seus objetivos, como forma de se diferenciarem dos seus competidores, e de preservarem os seus  talentos.
Usar o desenvolvimento sustentável como motor de crescimento, vai ser a forma das empresas se diferenciarem,  e consolidarem o seu posicionamento no mercado.
O público financeiro, está cada vez mais atento a isso, e não é por acaso que os critérios ESG, a Taxonomia e as novas exigências de reporte não financeiro, vêm obrigar as empresas a ser cada vez mais transparentes na forma como abordam a sustentabilidade, tornando-se em indicadores vitais  para a solidez da sua reputação e para o sucesso do negócio a médio e longo prazo.
A circularidade como vetor de transformação do negócio, a  sustentabilidade humana, as mudanças comportamentais e os estilos de vida, serão também parte integrante das estratégias das empresas.
O próximo ano, vai ser diferente e desafiante.
O mix de gerações e a esperança média de vida, está a transformar o ambiente de trabalho, os processos, as perspectivas e as aspirações, onde as diferenças entre pessoas, e as novas competências são valorizadas.
Segundo o INE-Instituto Nacional de Estatística, a esperança média de vida em Portugal, é de 80,72 anos.
A longevidade humana e a expectativa que as pessoas em idade de trabalhar tenham mais de 50 anos, divide opiniões entre ser uma vantagem, ou um peso para as empresas.
Algo para os gestores debaterem, e implementarem as políticas necessárias.