
O futuro da segurança constrói-se com pessoas
Por José Lourenço, director de Recursos Humanos da Prosegur Portugal
O sector da segurança vive um claro momento de transição e adaptação. A incerteza tornou-se uma variável permanente e os desafios que o sector enfrenta são cada vez mais complexos. Neste sentido, proteger pessoas, organizações e bens num contexto em que as ameaças evoluem mais depressa do que nunca, e com níveis de sofisticação sem precedentes, exige perspicácia, adaptabilidade e visão. Por isso, a resposta a estas ameaças não pode ser apenas tecnológica, tem de ser também humana, e é precisamente por isso que atrair e reter talento qualificado se tornou uma das maiores prioridades das empresas do sector actualmente.
Mais do que nunca, é essencial responder de forma rápida e eficaz a este tipo de ameaças. Para isso, as empresas de segurança precisam de equipas preparadas, motivadas e comprometidas. Já não basta recrutar perfis técnicos: é essencial identificar pessoas com forte capacidade de adaptação, que partilhem valores e encontrem sentido na missão de proteger.
A incerteza também é uma constante no mercado de trabalho. Os profissionais procuram estabilidade, mas sobretudo procuram um propósito. Querem saber para que servem, o que defendem e o que estão a construir. Ter um propósito inspirador é hoje determinante para atrair talento. Quando uma organização define o seu papel como “cuidar de pessoas e empresas para tornar o mundo mais seguro, mantendo-se na vanguarda da inovação”, está a colocar a tónica no que realmente importa: a convergência entre protecção, progresso e humanidade. No sector da segurança, esse propósito assume uma dimensão única: proteger pessoas e empresas, garantindo a confiança que sustenta o funcionamento da sociedade.
É nas ações concretas que se constrói um propósito e uma cultura sólida — uma cultura que valoriza as pessoas, pensa de forma positiva e encara a mudança como oportunidade. Para isso, é fundamental ligar os valores a três eixos estratégicos que sustentam qualquer política de talento moderna: reconhecimento, bem-estar e desenvolvimento. O reconhecimento implica transparência, meritocracia e a garantia de que o contributo de cada profissional é visível e recompensado. O bem-estar exige uma atenção genuína à saúde mental, emocional e física. Num sector onde o stress operacional pode ser elevado, deve traduzir-se num equilíbrio entre vida pessoal e profissional. E o desenvolvimento passa por criar trajectórias personalizadas, investir em formação contínua e oferecer perspectivas de evolução real, alinhadas com as novas exigências do mercado.
A fidelização não acontece por acaso. Fidelizar talento no sector da segurança implica empatia: saber ouvir as pessoas, compreender o que as motiva, o que as preocupa e o que precisam para crescer. Implica investir em lideranças que inspirem confiança, que promovam o diálogo e feedback contínuo e fomentem a aprendizagem permanente. Neste contexto, a tecnologia assume um papel de facilitador, já que a digitalização e a transformação tecnológica do trabalho permitem reforçar a proximidade e melhorar a experiência dos colaboradores.
A integração da Inteligência Artificial nos processos de Gestão de Pessoas é outro passo relevante. A IA permite responder de forma mais rápida e eficiente, simplificar tarefas e transformar a relação com os colaboradores, desde o apoio automatizado ao colaborador até à formação personalizada. Em paralelo, permitem libertar tempo para o essencial: o contacto humano e a criação de experiências mais próximas e significativas.
A formação é, aliás, um dos pilares do futuro. Num sector que exige constante actualização técnica e comportamental, investir em aprendizagem contínua é investir em segurança. A Inteligência Artificial pode apoiar a criação de conteúdos formativos mais dinâmicos, ajustados às necessidades e ritmos de cada colaborador, tornando o processo mais ágil e eficaz.
Atrair talento hoje é muito mais do que contratar. É criar condições para que as pessoas cresçam, evoluam e se sintam parte de algo maior. O futuro do sector da segurança depende, mais do que nunca, da capacidade de inspirar e cuidar das pessoas que o tornam possível. Num tempo de incerteza, o verdadeiro diferencial competitivo não está apenas nos sistemas ou algoritmos, mas nas pessoas que, todos os dias, tornam o mundo um lugar mais seguro.