O futuro do trabalho: tendências do sector imobiliário para os próximos 10 anos

O futuro do trabalho é um dos os grandes eixos do Global Outlook 2030 – The Age of Responsive Real Estate, o mais recente estudo da consultora imobiliária CBRE que analisa as grandes tendências e desafios do sector para a próxima década.

 

O estudo, que acaba de ser lançado a nível global, assinala três tendências no que diz respeito ao trabalho:

1. A fluidez do espaço de trabalho

Até 2030, o mercado de trabalho será mais fluído, em alternativa ao ‘local fixo’, desbloqueando a produtividade, crescimento e criatividade. A CBRE prevê que, durante a próxima década, este tipo reconfiguração acelere, dando às empresas o desafio de criar uma rede de localizações e capilaridade para que os colaboradores se sintam mais atraídos pela empresa e, consequentemente, mais criativos e produtivos.

Esta transformação terá também impacto na orgânica do trabalho, 2030 vai trazer um aumento exponencial no que toca ao número de tarefas, postos de trabalho e os processos serão realizados por Inteligência Artifical (IA) e não por humanos. A metodologia de trabalho passará a ser mais ágil, task-oriented e process-driven, munindo os colaboradores de mais espírito crítico e criatividade, usando a força de trabalho mobile.

Esta tendência não coloca em causa a existência de uma sede de uma empresa, apesar de ser menos frequente a permanência do colaborador, cabe aos edifícios e empresas criarem  espaços flexíveis que cultivem a criatividade dos colaboradores, fazendo-os sentir valiosos, produtivos e quase como convidados ou membros de um clube quando ingressam na sua sede.

A CBRE prevê que estes espaços flexíveis continuem a surgir perto de ginásios ou centros comerciais, núcleos urbanos e localização de clientes tornando-se uma peça vital neste tipo de trabalho. Deverão ainda envolver comodidades como acesso fácil a comida e bebidas, espaços de reunião altamente tecnológicos e até espaços de convívio. O resultado vai ser o crescimento em 20% destes espaços no mercado de escritórios em 2030.

Como tal, as organizações devem investir em tecnologia para elevar a jornada do colaborador no edifício como, por exemplo, a utilização da biometria para facilitar o acesso ao edifício e pela segurança, bem como usar a tecnologia intuitiva para o utilizador encontrar serviços, receber senhas de Wi-Fi e serviço de email para encomendas.

Assim, os proprietários concentram-se noutro tipo de comodidades como a criação de serviços de conciérge e de centros de bem-estar. No futuro, este tipo de ferramentas tecnológicas vão ainda ser úteis para avaliações qualitativas e recomendações – através do uso da inteligência artificial –, permitindo extrair dados como se uma equipa é mais produtiva do que outra ou se uma equipa tem melhor desempenho num espaço colaborativo equipado com boa ergonomia e luz natural.

Esta tendência está ainda a impactar a nova construção residencial a nível mundial,  o «escritório em casa» está a provocar uma verdadeira obsessão por design. Se há compradores que simplesmente  querem um sofá confortável onde possam comungar com seus laptops, outros vão querer uma sala com um cenário agradável para videoconferência, uma porta interior para uma pequena estação de trabalho ou uma alcova dedicada ao teletrabalho.

O trabalho remoto e a tecnologia/automação se, por um lado, vão diminuir a necessidade de lideranças intermédias e de trabalhos administrativos, por outro vão aumentar exponencialmente a procura de profissionais especializados. As empresas globais vão debater-se por talento altamente qualificado dentro da geração Z e millennials (nascidos entre 1980-1996). 

Por outro lado, uma contra tendência concentra-se nas necessidades da crescente população idosa  nos países desenvolvidos. O crescimento de “caring occupations” vão aumentar numa categoria à parte no sector imobiliário, concentrada em assistência a comunidades, edifícios de assistência médica, hospitais e centros de pesquisa.

 

2. Espaço de trabalho 5G+
Pela primeira vez na história, vão passar as existir quatro gerações a ocupar o espaço de trabalho simultaneamente, trazendo desafios acrescidos às empresas a nível de convergência. Em 2030, A Geração Z vai ocupar um terço da mão de obra, mas terão na sua companhia as três gerações precedentes, até porque os baby boomers (nascidos entre 1945-1964) estão a aposentar-se mais tarde e, daqui a 10 anos, o mais novo deles estará na casa dos 60 anos e provavelmente ainda a trabalhar.

Já os millenials e a geração X ainda vão estar no seu auge de trabalho, e rapidamente vão intitular a inteligência artificial de “colega” – um cenário que a CBRE chama de “5G+”..

 

3. As novas lideranças: Chief places officer
Todo este novo paradigma terá impacto directo nos desafios corporativos e na orgânica no C-suite, uma tendência reforçada por um estudo recente do Linkedin que assinala que existem mais caminhos do que nunca para quadros superiores, como resposta ao novo portfolio e dinâmica das empresas.

O mesmo está a acontecer nos escritórios, na era digital, o escritório não é apenas um lugar físico, mas um vínculo para a realização e crescimento e, neste enquadramento, nasce o chief Places officer, uma função estratégica que irá unir as funções de imobiliário corporativo à estratégia das empresas, aos Recursos Humanos, gestão de talento e mesmo IT. Acima de tudo, este cargo é um mais um ponto de conexão, tendo como missão assegurar que os utilizadores, mesmo que espalhados por outras geografias, sintam uma cultura corporativa que valoriza a ética e o desempenho.

Para além do Trabalho, o Global Outlook 2030 – The Age of Responsive Real Estate integra ainda mais dois eixos. Pode consultar o estudo na íntegra aqui.

 

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