«O momento actual recentrou o papel das pessoas nas organizações», acredita Luís Moura, DRH na NOS

Luís Moura, director de Recursos Humanos na NOS reconhece que «As crises geram oportunidades, e esta não foi excepção em várias empresas. O momento que vivemos recentrou o papel das pessoas nas organizações. A saúde e segurança dos colaboradores passaram a primeira prioridade» Leia a sua análise aos resultados do XXX Barómetro Human Resources.

 

«O final do primeiro trimestre deste ano foi marcado por uma situação praticamente nunca vivida por nenhum profissional, a crise COVID 19. Se tivéssemos de fazer um paralelo com um fenómeno físico, diria que esta crise se assemelhou muito a um tufão. Foi anunciada com antecedência, durante algum tempo acreditámos que não nos atingiria, quando se tornou irreversível a sua trajectória preparámo-nos rapidamente para os impactos, foi imposto o recolher das pessoas e, no entretanto, assistimos a alguma destruição. Continuando na metáfora acima, poderemos dizer que o olho do tufão já passou, mas os ventos fortes ainda se sentem, e por isso é ainda muito cedo para concluir sobre todos os impactos desta pandemia vivida à escala global. É quase consensual que o governo e as empresas responderam (até agora) adequadamente à situação. O governo tomando as medidas possíveis para preservar o tecido produtivo e a manutenção dos postos de trabalho e as empresas adaptando (quando possível) o modo de trabalho e as respectivas funções em tempo recorde. Os impactos económicos e financeiros futuros, ainda que dependendo muito da forma como a Europa como um todo vier a reagir, serão bastante profundos e motivo de grande preocupação para todos os profissionais. Apesar de não ter sido abordado directamente no Barómetro, deixaria uma nota para a forma como gerimos as nossas pessoas nesta crise. As crises geram oportunidades, e esta não foi excepção em várias empresas. O momento que vivemos recentrou o papel das pessoas nas organizações. A saúde e segurança dos colaboradores passaram a primeira prioridade. O acompanhamento mais próximo dos colaboradores, ainda que à distância, ganhou uma importância acrescida na gestão das equipas. O confinamento e o trabalho remoto parecem ter trazido uma nova visão em temas associados à equidade das tarefas familiares. E até as diferentes sensibilidades antes existentes sobre o que seria o ponto de equilíbrio entre o trabalho presencial e remoto esbateram-se. Os próximos tempos trarão grandes desafios, pois em poucas semanas deram-se saltos para os quais se julgava precisar de anos. E todas as disrupções geram ondas de choque para as quais nos teremos de preparar de imediato. A digitalização da sociedade e as novas formas de trabalho são “estórias” cujos capítulos vamos começar a escrever já, de uma forma muito rápida.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Maio da Human Resources, no âmbito da XXX edição do seu Barómetro.