O que mais motiva os profissionais hoje em dia?

Quase 25% dos portugueses gostariam de poder trabalhar a partir de casa. Estas é uma das principais conclusões da primeira edição do estudo «What Workers Want», da Savills.

 

De acordo com a análise, desenvolvida com base num questionário a 1005 profissionais do sector imobiliário, 23,9% preferia poder trabalhar remotamente. No entanto, apenas 14% tem a oportunidade de fazê-lo, sendo que 55% são mulheres.

A introdução de novas tecnologias criou condições para o surgimento de novas formas de trabalho. Porém, trabalhar a partir de casa ainda não é uma realidade para todos os profissionais em Portugal. Quando questionados sobre a cultura da sua empresa, 48% afirma que incentiva, no dia-a-dia, à flexibilidade no trabalho.

«Estima-se que dentro de 20 anos, a grande percentagem de colaboradores trabalhe a partir de casa e com um horário de trabalho muito flexível», afirma João Pedro Tavares, presidente da Associação Cristã de Empresários e Gestores.

Actualmente, 55% dos inquiridos trabalham em open space e 40% em salas ou escritórios fechados. Apurou-se que o ruído é um factor que não tem um impacto negativo e há quem acredite que pode aumentar a produtividade, mas só 13% gostaria de trabalhar num regime de hotdesk. Por outro lado, 36% prefere trabalhar na sua própria secretária ou num espaço destinado para cada funcionário.

 

Salário pesa cada vez menos
A localização é um dos factores que mais pesa no momento de candidatura a uma oferta de emprego: 50% dos inquiridos refere que está no topo da lista de prioridades, 34% gostaria de gastar menos 15 minutos no seu percurso diário, em cada sentido, 43% de trabalhar no centro da cidade e 22% nos arredores.

«O salário deixou de estar em primeiro plano», faz notar Alexandra Portugal Gomes, senior analyst do Research department da Savills Portugal. Acrescenta ainda que, «o mercado de escritórios em Lisboa tem, actualmente, taxas de disponibilidade quase nulas no centro da cidade, o que reduz significativamente a escolha das empresas. No entanto, o mercado ganhou alguns movimentos de migração de negócios para outras áreas de mercado, o que acontece pelo facto de Lisboa ser uma cidade com uma rede de transportes completa, factor que facilita a mobilidade».

Ainda no que diz respeito à mobilidade, 29% somaria 15 minutos se isso implicasse trabalhar no seu escritório ideal. Somente os colaboradores, com idades entre os 18 e os 24 anos (28%), estariam dispostos a adicionar 30 minutos para trabalhar no seu escritório perfeito.

Por outro lado, manter a limpeza, o conforto na área de trabalho, a qualidade da temperatura e a iluminação foram alguns dos factores apontados pelos colaboradores das empresas como os mais importantes. «Estes dados são surpreendentes, visto que garantir que os colaboradores tenham os níveis básicos de conforto deveria ser uma obrigação não questionável, dando lugar agora a outros factores», sublinha a responsável.

A limpeza do espaço é considerado o factor mais importante (93%), sendo que apenas 65% estão satisfeitos com a limpeza do seu escritório. No entanto, 28,7% dos colaboradores revelam que não têm qualquer controle sobre o layout da sua área de trabalho e 33,9% têm uma postura neutra sobre o tema. Porém, 53,5% gostaria de ter controlo sobre seu espaço de trabalho e 50,2% afirma que o seu empregador actual nunca lhe pediu uma opinião sobre o layout do escritório.

O inquérito conclui ainda que 19,5% mudaria o seu espaço de trabalho pessoal, 14,8% a gerência e 13,1% a duração da deslocação diária.

Face aos resultados, Joana Rodrigues, Architecture director da Savills Portugal, entende que, «na sua maioria, as chefias e direcções desconhecem as necessidades das suas equipas». Por outro lado, destaca que «muitos dos colaboradores não estão devidamente envolvidos e integrados na organização que representam».

Por outro lado, Patrícia de Melo e Liz, CEO da Savills Portugal, acredita que é essencial que «se conheçam os colaboradores e que se compreendam os seus comportamentos, as suas motivações, as necessidades e exigências ao nível do bem-estar. Ouvir quem trabalha connosco é de extrema importância». »A forma como as próximas gerações concebem o seu trabalho vai, claramente, ter cada vez mais impacto nas decisões referentes a espaços imobiliários», aponta.

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