Onde está o talento? (Re)Qualificar para o digital
Que necessidades as empresas estão a sentir na contratação de perfis de TI? Quais os desafios que têm sentido na atracção e retenção destes perfis? Onde estão a encontrar este talento digital? A requalificação pode ser a solução? Que resistência estão a sentir internamente para integrar este talento requalificado? Que soluções estão a surgir para ajudar as empresas a encontrar estes perfis? Estes foram alguns dos temas desenvolvidos durante o pequeno-almoço promovido pela Human Resources e pela New Career Network (NCN), que reuniu empresas de vários sectores, providers e os principais responsáveis pela NCN, uma plataforma digital que pretende apoiar as empresas a encontrarem o talento que procuram.
A transformação digital está a revolucionar o mercado de trabalho em todos os sectores, tornando os perfis de IT cruciais para a competitividade e inovação nas organizações. Com a adopção massiva de tecnologias emergentes e a digitalização de processos, a procura por profissionais especializados aumentou exponencialmente, criando uma crescente necessidade de atrair e reter talento qualificado na área digital.
Para preencher esta lacuna, muitas empresas têm investido em recrutamento especializado, aproveitando tanto o mercado interno como plataformas globais de talento. Ainda assim, a escassez de profissionais qualificados tem levado várias organizações a desenvolver programas de upskilling e reskilling, procurando capacitar colaboradores para os novos desafios digitais. A requalificação profissional é vista cada vez mais como uma solução estratégica. No entanto, a atracção e retenção de perfis de IT continua a enfrentar desafios significativos. Num mercado altamente competitivo, o turnover representa um problema para as empresas, já que muitos profissionais de IT, em especial os mais experientes e qualificados, recebem propostas frequentes e podem mudar de empregador com relativa facilidade. Esta rotatividade impõe a necessidade de criar estratégias de atracção e retenção sólidas.
Além dos perfis de programação e engenharia de software, que permanecem essenciais, existe uma crescente procura por especialistas em áreas como cibersegurança, análise de dados, inteligência artificial, e gestão de produtos digitais. As competências técnicas são fundamentais, mas as “soft skills” — como comunicação, adaptabilidade e capacidade de resolução de problemas — também são vistas como essenciais para um bom desempenho nestas funções.
Assim, é necessário colocar questões. Existe ou não um problema de escassez de talento? Ou será que faltam é pessoas com as competências que as empresas precisam? Como é que as organizações têm colmatado esta necessidade? O upskilling e o reskiling podem ser o melhor caminho para dar resposta a esta falta de perfis de IT? Onde encontrar os melhores cursos de requalificação? Que desafios os profissionais de RH encontram dentro da organização para implementar soluções e para dar resposta às necessidades emergentes?
Estes foram alguns dos temas lançadas durante um Executive Breakfast organizado pela revista Human Resources e a New Carear Network (NCN), que teve lugar no Pestana Palácio do Freixo, no Porto. Nesta iniciativa, estiveram presentes representantes da NCN – Marta Cunha – Head of Transformation da Sonae e Executive Director R4E Portugal, Fábio Soares, R4E Corporate Partnerships Manager e Carla Sousa, NCN Manager, além de duas empresas que colaboram fortemente para a formação e requalificação de recursos: a Code4all, representada pelo CEO, João Magalhães, e a Le Wagon, que trouxe a este pequeno-almoço Francisco Mendonça, City & Operations Manager.
Além destes parceiros, o evento contou com a participação de representantes de importantes sectores para ajudar a discutir estas temáticas. São eles: Carla Belo, head of People da Brighten Consulting, Cláudia Fanha Moura, HR Associate da PwC, Gabriela Moura, Business Partner de RH, responsável pela Altice Labs, Inês Madeira, directora de Capital Humano & Comunicação Interna do Grupo FHC, José Luís Carvalho, director de Gestão de Pessoas da CUF, Maria João Ferreira, head of Talent Aquisition da Blip, Pedro Ribeiro, director geral de Talento do Super Bock Group, Pedro Filipe Silva, director de Formação da PHC Software, e Sérgio Martins, Responsável de Gestão Técnica e Manutenção da ANA Aeroportos.
New Career Network
Em termos de capital humano, as empresas perspectivam um crescimento contínuo da importância dos perfis digitais. Nesse sentido, a capacidade de formar e reter talento especializado em TI é tida como determinante para a sustentabilidade e o sucesso das empresas a longo prazo.
Sendo esta uma constatação geral entre todos os participantes, a conversa partiu da criação da NCN (New Career Network), uma plataforma que visa ajudar as empresas na atracção e retenção de talento em várias áreas, incluindo o digital. O objectivo era, precisamente, apresentar as mais-valias desta plataforma, mas, e acima de tudo, ouvir os desafios e as necessidades das diversas empresas representadas.
Marta Cunha, Head of Transformation da Sonae e Executive Director da R4E Portugal, começou por partilhar o que levou à criação desta plataforma, que acreditam ser realmente útil. «Temos a sensação de que estamos no caminho certo, mas só vamos saber com certeza ouvindo as empresas. Se não for útil, queremos saber o que podemos melhorar», começou por dizer. “Quais os maiores desafios ou oportunidades de melhoria que têm no recrutamento, especialmente na área digital? Quando se fala de recrutamento, que questões surgem imediatamente?
Que problemas é necessário resolver?”, lançou para cima da mesa. Do lado das empresas foi apontada a escassez de talento, principalmente na área tecnológica. «Onde está o talento, onde trabalha, que formação tem? Como podemos tornar-nos mais atractivos num mercado que é competitivo para todos? Como podemos diferenciar-nos.
Por outro lado, noutra organização, identificou-se como urgente a necessidade interna de perfis nas áreas de SAP e Sage, sendo a transformação digital o grande foco da consultora, salientando o facto de muitos dos recursos bloquearem contactos na sua rede LinkedIn, não aceitando propostas de empresas que não obedeçam a determinados critérios, como um valor de remuneração mínimo ou a obrigatoriedade de regime remoto. «Do lado das empresas, que condições podemos oferecer para reter este talento? Como podemos fidelizar estas pessoas, que são constantemente abordadas por outras empresas? Este é um problema real.»
Outro desafio destacado, embora numa área que não trabalha directamente no sector tecnológico, foi no sentido de manter a igualdade de benefícios: «Temos uma grande equipa de TI e sempre que entrevisto alguém para esta área, o grande desafio surge quando se fala de trabalho remoto. Não temos uma política 100% remota. E a questão é: como garantir que todos os colaboradores têm as mesmas condições, sem fazer distinção para este talento mais crítico? Como fazer esta diferenciação sem criar desigualdades internas?».
A necessidade passa por conseguir encontrar pessoas com interesse na área de TI, mas que também estejam abertas a um trabalho híbrido e com condições de trabalho flexíveis. «Se encontrássemos um “pote de ouro” de pessoas qualificadas, seria algo extraordinário…».
Depois de ouvidos alguns dos desafios sentidos pela maioria das empresas presentes e por estes gestores de talentos, que diariamente convivem com esta realidade, Marta Cunha apresentou a NCN (New Career Network), um projecto impulsionado pela Sonae em Portugal e que pretende, acima de tudo, ajudar a dar resposta a esta necessidade de disponibilidade de talento.
Leia o artigo na íntegra na edição de Novembro (nº. 167) da Human Resources, nas bancas.
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