O desafio por resolver dos Recursos Humanos: a inclusão no mercado de trabalho

Nos últimos anos, as organizações têm vindo a reconhecer cada vez mais a importância da diversidade e da inclusão no local de trabalho como um factor-chave para o sucesso. No entanto, estudos recentes revelam a discriminação de que as famílias imigrantes e os seus filhos são vítimas no mercado de trabalho europeu e global – o que revela que as equipas de Recursos Humanos continuam a ter um grande desafio para resolver.

por Carlos Reis, Senior Talent Acquisition specialist, Factorial

 

Por exemplo, os resultados de um estudo publicado pela Universidade de Oxford revelam que, na Europa, os descendentes de imigrantes estão muito sujeitos a discriminação racial com base nas suas características físicas, mas não só. Os candidatos de fenótipo negro, asiático/indígena e caucasiano de pele escura têm menores probabilidades de ser chamados para uma entrevista, o que se traduz num acesso muito mais limitado às oportunidades de emprego, em comparação com os candidatos caucasianos. Muitas pessoas sofrem também de glotofobia (discriminação linguística ao racismo pelo sotaque), que influencia alguns processos de recrutamento

Não podemos ser alheios ao facto de que a sociedade actual está a passar por mudanças rápidas e constantes, o que leva muitas empresas a esforçar-se por aumentar a sua competitividade. Para isso, têm de ganhar consciência desde já de que é fundamental contar com uma força de trabalho diversa e um ambiente de trabalho inclusivo. Tal ocorre quando uma organização promove e incentiva activamente a diversidade de género, étnica e religiosa, bem como a contratação de pessoas com deficiência.

Para determinar se uma empresa é inclusiva, é útil fazer algumas perguntas, para começar. Existe diversidade entre os trabalhadores ou predominam os mesmos perfis? Os processos de recrutamento são inclusivos? Uma vez identificada uma lacuna no que toca à inclusão, há que conceber e implementar estratégias que a promovam, começando pelo recrutamento e continuando com a evolução da carreira e as promoções internas.

 

Aspectos fundamentais da promoção da inclusão no local de trabalho

Há alguns pontos-chave a considerar quando queremos promover a inclusão no local de trabalho. Um deles é a comunicação e a educação – ou seja, garantir que as políticas de inclusão são claramente comunicadas e que os colaboradores recebem formação adequada sobre inclusão. Para este efeito, é importante envolver pessoas de diferentes grupos nos vários processos, uma vez que as suas perspectivas díspares podem ajudar a melhorar as políticas de inclusão e a identificar preconceitos dentro da organização.

Assim, será possível criar um ambiente seguro e empático, onde as diversas origens e contextos dos candidatos e colaboradores são tidos em conta, e estes se sentem representados e confortáveis para se expressarem. A ideia de que as equipas com pensamentos e ideias diferentes geram conflitos está errada; pelo contrário, as organizações que adoptam a inclusão na sua força de trabalho têm muitos benefícios a colher.

 

Novas formas de trabalhar, melhores resultados

Incentivar a diversidade dentro de uma equipa permite que esta encontre novas soluções e chegue mais longe. Para a organização como um todo, esta diversidade e variedade ajudam a crescer e a olhar as oportunidades e os objectivos de forma mais aberta.

Por outro lado, a imagem de marca do empregador (o chamado employer branding) é crucial para atrair talentos. As empresas inclusivas são mais atractivas para os talentos qualificados; e atraí-los, por sua vez, reforça a imagem e a cultura da marca. De acordo com um recente relatório da Factorial, 71% das empresas coloca o employer branding entre as suas três principais prioridades para trabalhar este ano. A maioria das empresas está ciente deste conceito e dos seus benefícios, pelo que as que não lhe derem prioridade terão muito menos valor competitivo.

Finalmente, pensemos na ascensão da Inteligência Artificial e da sua integração nos RH. A IA apresenta um grande potencial para ajudar a atenuar os preconceitos, eliminando elementos subjectivos da tomada de decisões de RH, como por exemplo durante os processos de recrutamento. Os algoritmos são capazes de avaliar os candidatos com base em critérios objectivos, reduzindo os preconceitos relacionados com o género, a raça ou a origem. No entanto, é importante notar que a supervisão humana continua a ser crucial para garantir a equidade e evitar a perpetuação de qualquer preconceito que possa estar presente nos dados.

Em suma, uma cultura de inclusão é altamente benéfica para as empresas, os seus colaboradores actuais e os potenciais talentos – e não há melhor momento do que este para a pôr em prática activamente, qualque que seja a área de operação da sua empresa. No final, ganhamos todos.

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